Virgindade Leiloada romance Capítulo 9

Virgínia

Depois de nos esbaldamos na pista de dança como não fazíamos há muito tempo, a Mariana me chamou para a acompanhar até o banheiro da boate e, no meio do caminho entre um e outro, encontramos o nosso amigo Luan.

Quando a Marina foi até a loja em que trabalhava para pedir demissão, o Luan não estava lá, pois havia entrado de férias e, depois disso, nós perdemos contato, dado que o seu número de telefone só dava “desligado ou fora da área de cobertura”.

— Amigas! — Ele gritou, se jogando nos nossos braços da Mariana, com quem trabalhou.

— Quanto tempo, Luan! - Mariana disse, a felicidade expressa em seu tom de voz. - Você sumiu. Já tentei falar com você por várias vezes. — Ela reclamou.

— Estive viajando para fora do país em companhia de um homem maravilhoso. — Ele contou, com seu jeito sempre extrovertido.

— Nossa, muito chique, esse meu amigo. - Mariana falou, sorrindo.

— E como foi o leilão? — Ele perguntou em tom de cumplicidade, parecendo bastante curioso. — Voltei de férias e você tinha simplesmente pedido demissão. Entendi que deu tudo certo.

— Vou te contar tudo. - Mariana disse, pegando em seu braço. - Vamos para um lugar mais afastado do som?

Luan aceitou rapidamente, mas nos convidou para subir até a área VIP e só então percebi que mesmo tendo recebido os convites diretamente de um dos donos, estes não tinham nos propiciando aquele acesso ao local restrito.

Mas Luan resolveu rapidamente essa questão, conseguindo para a Mariana e eu duas pulseiras que liberaram o acesso ao ambiente privilegiado e estava repleto de pessoas nitidamente ricas e poderosas.

— Me contem tudo! — Luan falou logo que chegamos ao piso superior, já se sentando na primeira mesa desocupada que encontrei a sua frente.

— Olha a Cíntia Martins! — Mariana falou com entusiasmo, mas sem que outras pessoas conseguissem ouvir, ao notar a presença da atriz famosa no local,

— E o Pedro Sanchez… — Acrescentei, ao notar mais um famoso.

— Eles são todos amigos dos sócios da boate. — Luan contou.

— Que emocionante. — Mariana falou alto, levando a mão à boca ao perceber haver dito aquilo alto demais e que apesar da música que tocava, alguém poderia ter ouvido.

Olhando com calma, percebi que ali estavam várias celebridades e era algo extraordinário estar naquele ambiente e ficamos sorrindo uma para outra tal qual duas bobas, mas foi impossível evitar, pois, não era todos os dias que nós frequentamos o mesmo lugar que tantos artistas.

Além da atriz e do ator que nós percebemos ao chegar, estavam na área VIP alguns cantores e alguns influenciadores digitais, os quais até eu mesma seguia e a Mariana e eu ficamos ainda mais exultantes por aproveitarmos aquela oportunidade e a empolgação só aumentava a cada vez que um dos famosos passava por nós.

— Meninas! — Luan chamou a nossa atenção, que estava totalmente voltada a admirar as celebridades.

— O quê? — Eu perguntei, atordoada.

— Eu quero saber tudo sobre o leilão. - Ele explicou, rolando os olhos de maneira dramática.

— Ah! O leilão. — Mariana disse, mas ainda continuou olhando de um famoso a outro, acompanhando cada movimento, assim como eu também estava fazendo.

— Desisto. - Luan falou e caiu na risada.

Nós também rimos da cara de desgosto do Luan, mas não consegui controlar a curiosidade, ainda mais quando notei uma das atrizes famosas que estava ali, aos beijos com um homem que, por estar de costas para nós, não era possível ver sua fisionomia, mas que parecia ser um belíssimo espécime masculino.

Ele estava usando um jeans e uma camisa preta, era alto e seu tinha o cabelo aparentemente loiro, mas não era possível ter certeza, dado que as luzes difusas do ambiente não permitiam muita nitidez, principalmente tendo em vista que nós não estávamos tão próximas de onde o casal estava aos beijos.

— Aquela não é a… — Mariana começou a dizer.

— Lavínia Moura. — Luan a interrompeu, completando a sentença.

— Nossa! — Ela disse, sorrindo de maneira maliciosa. — O clima está bem quente para aquelas bandas.

— Eu queria estar no lugar dela. — Luan choramingou. — Mas aquele pedaço de mau caminho não curte o mesmo que eu.

— Você o conhece? — Perguntei, ao sentir uma estranha inquietação, tomando conta do meu corpo.

Nós três estávamos olhando na direção do então casal e a Mariana estava certíssima ao apontar que o clima estava quente, pois os dois estavam se beijando e se tocando de maneira escandalosamente sensual, mesmo estando na presença de várias pessoas.

— Amanhã isso estará em todos os sites de fofoca.

— Amanhã? — Luan falou em tom duvidoso. — Hoje ainda, Mari. Tudo agora é muito rápido, principalmente quando se trata de fofoca de gente rica e famosa.

— Você não respondeu a minha pergunta. — Apontei, olhando com mais atenção para as costas do homem que estava com Lavínia Moura.

— Que pergunta? — Luan perguntou, mas logo pareceu lembrar. — Ah! Se eu conheço o gostoso que está pegando a minha querida Lavínia?

— Sim, Luan! Deixa de suspense. — Mariana pressionou, parecendo interessada na resposta. — Quem é o cara?

— Murilo Fernandes, empresário milionário e lindo além do necessário. — Ele disse, caindo em uma gargalhada escandalosa.

Murilo… Aquele nome despertou várias lembranças de uma noite que me marcou, mas que eu preferia manter nos recôncavos da minha memória, pois foi algo que eu não poderia me gabar de ter feito, apesar de que se eu pudesse voltar no tempo, ainda assim, faria tudo igual… talvez até melhor, pensei com malícia.

Mas eu não queria que meus pais soubessem, nem tampouco as minhas clientes elegantes e ricas, pois algo assim só poderia prejudicar os meus negócios e se haviam coisas que precisavam ser mantidas sempre guardadas de tudo e todos, o leilão da minha virgindade era uma delas.

— Vou ali falar com a Liz. - Luan avisou, levantando-se. — Volto logo e vocês vão ter que me contar tudo, hein?

— Aconteceu algo? - Mariana perguntou, após a saída do amigo.

Eu pensei seriamente em negar, fingir que estava tudo bem, mas o frio no meu estômago só aumentava a cada vez que eu olhava em direção ao casal, que continuava com as carícias de maneira pública.

Mas para ser honesta, ninguém parecia estar realmente prestando atenção à paixão demonstrada pelo casal, pois todos estavam envolvidos demais em seu próprio divertimento.

— Se você encontrasse novamente com o homem que arrematou a sua…

— Virgindade? — Mariana perguntou, parecendo tão desconfortável quanto eu mesma me sentia.

Nós nunca falamos sobre o leilão, vivendo nossas vidas como se o dinheiro que aquela noite nunca houvesse existido e o dinheiro que nos possibilitou tornar nosso sonho realidade tenha simplesmente brotado em nossas contas bancárias.

— Sim. — Confirmei. — Caso você o visse hoje, lembraria dele?

— Por que você pergunta isso?

— Responde primeiro… Por favor. — Pedi, me sentindo já um pouco angustiada.

— Não. — Ela falou aquela palavra com veemência suficiente para que eu acreditasse no que dizia. - Tudo parece tão nublado, que eu acredito que mesmo que ele falasse comigo hoje, eu não saberia que se tratava da mesma pessoa.

— Eu sinto isso, também. — Confessei.

— Mas, para mim, é bem melhor que seja dessa forma. — Mariana continuou. — Prefiro esquecer o que fizemos e simplesmente viver.

A minha amiga estava certa e aquilo era justamente o que estávamos fazendo, mas falar era bem fácil. Mas a noite, quando estava sozinha, os pensamentos me atormentavam. Também haviam os sonhos, sempre cheios de sensualidade e desejo.

Ficamos cada uma com seus próprios pensamentos e olhei em torno novamente, constatando que durante os poucos minutos em que estive compenetrada em falar com a Mariana, a atriz e o homem com o qual ela estava aos beijos, saíram do local em que estavam e eu fiquei me perguntando, aonde eles poderiam ter ido?

Fiquei com raiva de mim mesma, pois perdi a oportunidade de ver se aquilo que a minha intuição dizia era, de fato, a realidade e agora ficaria com aquela dúvida martelando em meu cérebro, como já estava fazendo agora.

— Não acredito! — Mariana falou de repente, tapando a boca com a mão, parecendo horrorizada.

— O que aconteceu? — Perguntei, olhando na mesma direção que ela, mas sem conseguir entender o porquê de sua reação.

— O homem do leilão!

Só então percebi que ela olhava na mesma direção onde estavam três homens em uma mesa, todos com copos de bebida nas mãos e parecendo bem animados, sorrindo um para os outros.

Não reconheci nenhum deles, mas ao que parecia, Mariana sim e me questionei se acabava de acontecer uma grande coincidência e se acabamos de encontrar naquela boate, o homem do qual tínhamos acabado de falar sobre ele.

A Mariana parecia ter visto até um fantasma, de tão pálida que ela estava e eu conseguia entender muito bem o que ela estava sentindo, pois, somente em imaginar que o Murilo que estava aos beijos com a atriz poderia ser o mesmo que arrematou a minha virgindade em um leilão clandestino, eu tremia.

— Eu vou embora. — Mariana falou, trêmula. — Não quero que ele me reconheça.

— Mas acredito que isso não seja possível, Mari. Nós estávamos de máscara. — Tentei trazer um pouco de sanidade ao momento.

— Eu tirei a máscara quando estava no quarto.

— Ai… meu… Deus…

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Virgindade Leiloada