Quando entrámos em casa, Alexandre não estava na sala nos esperando como habitualmente, tínhamos demorado meia hora a chegar da cidade, tempo suficiente para ele nos receber entretanto, seus poderes tinham essa vantagem. Teria acontecido algo naquele beco sujo e escuro depois de sairmos ? Ele estava bastante ferido , muito sangue tinha perdido nas feridas feitas pelas garras afiadas daqueles dois lobisomens.
__ Vasco...estou preocupada... - Encaro Vasco completamente apreensiva.__Alexandre ... onde estará... neste momento?
__ Ele está aqui... no quarto. - Vasco sorri alisando o rosto de Ângela com carinho, beijando seus lábios castamente tenta tranquilizá-la. __ Ele sabe se cuidar !
__ Mesmo assim...- Fico completamente abismada pela forma tranquila com que Vasco diz aquelas palavras. Mordendo o lábio corro para o quarto de Alexandre. Vasco me segue em passos largos , mas quando abro a porta, meu coração pàra por um segundo. Alexandre estava somente de jeans, seu torax nu ostentava vários arranhões, agora limpos mas ainda não completamente curados. Ele parecia mais pálido do que o normal e com febre.
__ Porque não te alimentaste?- Vasco entra parando perto da cabeceira de seu irmão como se não estivesse à espera de o ver tão debilitado, sua calma rapidamente acabou se desvanecendo dando lugar a uma preocupação latente.
__ Porque não consegui.- Alexandre suspira frustrado, olhando Angela antes de encarar seu irmão.__ Sem problema , eu fico bem!
__ Não , não ficas , precisas de sangue ...-Vasco rosna uma maldição, alisando seu cabelo para trás olhando apreensivo sua companheira.
__ O que se passa ? - Os encaro mais preocupada ainda , se o próprio Vasco ficava assim , provavelmente é porque não estava nada bem, ele conhecia Alexandre melhor que ninguém,e ao pensar nisso,de imediato um aperto surge em meu peito.
__ Não se passa nada...- Encarando sua companheira preocupada , Alexandre engole em seco quando seu olhar descai para a veia em seu pescoço. Ele estava faminto , necessitado, mas logo seu ventre surge no seu campo de visão quando ela se aproxima e de imediato fecha os olhos declarando .__Sério, eu fico bem, só preciso descansar!
__ Podes beber de mim !- Eu rapidamente me sento na beirada da cama , alisando seu rosto com carinho, percebo o que ele necessitava e logo lhe coloco à disposição meu pulso.
__ NÃO... nem pensar. - Alexandre grunhe as palavras olhando sua fêmea de novo com raiva. Será que ela não pensava mesmo no filho que carregava dentro dela ? Agarrando seus pulsos com força , a afasta rapidamente quando seus olhos mudam ao sentir a doce pulsação. __ Vasco... chama Cassandra , vê se ela pode vir...- Engolindo em seco , ele tenta se controlar , o que era difícil, afinal sua companheira estava ali, assim como seu sangue delicioso .__ E tira Ângela do meu quarto,agora!!
__ O quê? Encaro-o completamente abismada pela forma como ele me tratava. __ Lá por estares zangado não precisas agir como se eu tivesse uma maldita doença!!!-Me levanto da beirada da cama num pulo , olhando Vasco com frieza.__ Não precisas de me tirar daqui, eu saio sozinha.
__ Ângela...espera ...eu posso explicar ...- Vasco seguia Ângela um pouco perturbado com toda a situação, mas ela parecia não querer ouvir nada naquele momento. Mesmo assim ele precisa lhe contar das razões que levavam Alexandre a afastá-la dali, mas quando a seguia pelo corredor que dava a cozinha de imediato a campainha da porta soa com uma intensidade assustadora, além de batidas na porta. A urgência era tanta que deixou Vasco a suspirar por ter que deixar sua companheira por uns segundos , não a queria ver sofrer nem fisicamente ,nem emocionalmente, que era o que estava acontecer naquele momento. Suspirando Vasco segue sombrio em passos largos já com o celular na mão para chamar Cassandra ,mas rapidamente ele ofega quando abre a porta e ela está ali, na sua frente .
__ Onde está ele?- Assustada Cassandra logo entra de rompante , questionando Vasco com apreensão ao ser seguida por Ulisses.
__ No quarto!- Vasco responde de imediato quando a surpresa que se reflete em seu rosto rapidamente passa para alívio ao ver aquele casal.
Eu ouço a campainha e logo páro abruptamente observando Vasco a receber suas visitas inesperadas. Eles passam por mim, acenando rapidamente em respeito , mas a pressa e preocupação em seus rostos não me permitia uma troca de cumprimentos mais amigáveis ou sequer apresentações.
__ Quem seria a moça ? E como sabia que Alexandre estava ferido?- Vasco os leva rapidamente ao quarto de Alexandre, e meus pés também, apesar de algo me dizer que não deveria , fico na beirada da porta olhando.__ Porque é que aquela mulher se preocupava tanto com ele?
Meu coração palpitou mais forte quando ela se senta na cama onde antes eu tinha estado. Ela alisou o cabelo de Alexandre com um carinho real, fiquei sem ar nessa hora. Meu corpo congelou , ele abrira os olhos e sorria ao ver seu rosto, quando a mim ele somente tinha rejeitado, eu...que ele dizia ser sua companheira. Levo a mão ao meu coração quando a dor me atinge ao vê-la levar seu pulso à boca dele. Sua hesitação não se deu por ele me ter visto na porta , apesar de me ter encarado frustrado por uns segundos. Não, sua hesitação se deveu ao fato do homem se sentar por detrás da moça , a abraçando pela cintura. Por momentos ele simplesmente o olhou mas quando o homem acenou com a cabeça Alexandre mordeu a carne e sugou o sangue de outra mulher.
Precisava de sair dali, precisava de estar longe , mas agora não tinha forças para avançar mais do que meu quarto. Reprimindo o choro por saber que Alexandre e Vasco sentiam todas as minhas emoções sigo para o banheiro. Ligo a agua morna do chuveiro , deixo-a correr enquanto me sento na box deixando minhas lágrimas se misturarem com as gotas que caíam sobre meu rosto. Eu não queria perder Alexandre,não podia perde-lo... nem para a morte ... nem para outra mulher.
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