8 - Sob Um Olhar Lupino romance Capítulo 1

Realmente já estava cansada de andar. Apesar de já ser dia , Alberto esquecera que eu tinha deixado de dormir naquela noite para estar ali, viajando de madrugada com ele ,para acampar numa serra longínqua, onde a maioria das pessoas só a visitavam quando queriam estar longe de tudo e de todos,o que não era o meu caso. Supunha que ele nem dava conta que estava acordada há 24 horas pois desde que tínhamos chegado aquela floresta densa, não tínhamos parado de andar e já estava quase anoitecendo. Embrenhado em seus pensamentos, com a adrenalina da eventual descoberta de algo inacreditável,desconfiava até que se lembrasse que o acompanhava.

_Alberto!-Depois de sair do automóvel , começo a ficar rodeada de arvores, sem puder conter minha preocupação, tento ser um pouco realista._Sei que estou de férias ,mas não achas que seria mais interessante irmos para uma praia tropical?

_ Não!-Entusiasmado Alberto sorri avançando entre as árvores sem hesitação._ Se descobrir aqui o que espero encontrar,vai ser explosivo.

_E o que esperas encontrar no meio de árvores?-Suspiro longamente,apreensiva olho ao redor._Andamos há horas ás voltas.

_ Tem calma!Ainda agora chegámos.-Alberto analisa um mapa desenhado á mão._ Se eu encontrar essa nova raça ,prometo que não te vais arrepender desta viagem.

_ Tens a certeza disso? - Resmunguei cansada e com fome._ Não vimos nada com patas nestas últimas horas.

_ O meu amigo me garantiu que viu um homem se transformando em lobo... – Ele bufou continuando o caminho._Tenho a certeza que os encontrarei.

_Aposto que viu um cachorro, não um lobo.-Completamente boquiaberta,o encaro com descrença. _Qualquer um o chamaria de louco, porque confias tanto nas suas palavras?

_Ele é Guarda florestal há anos, não ia inventar algo assim.-Alberto fita a sua mulher cheio de confiança._Também apareceram alguns animais mortos nestas últimas semanas,com marcas de dentes afiados, isso confirma as nossas suspeitas.

_ O QUÊ? – Naquele momento eu quase gritei , agora já receava por minha vida. _Porque não me contaste isso antes?

_ Porque provavelmente não virias!-Ele simplesmente sorri, a ignorando de novo._ Não te preocupes,vim armado.

_Como se isso me deixasse mais tranquila.- Bufo irritada._ Estou esfomeada,cansada e ainda me dizes com essa tranquilidade que viemos a caça de um homem peludo que uiva á lua cheia. -Parando abruptamente,cruzo os braços no peito._.Não estás minimamente preocupado comigo, pois não?

_ Claro que estou!- Alberto olhou-a um pouco arrependido ao observar seu cansaço. _ Se quiseres podemos parar um pouco.

_Claro que quero!- Bufo irritada.Finalmente Alberto começava a cair em si. Suspirando de alívio por poder descansar , me sento no chão coberto de mato fofo.Abrindo a mochila ,tiro uma garrafa de água, bebendo um gole de imediato, enquanto analisava tudo ao redor. Não estava a gostar da perspectiva de ficar perdida no meio de nenhures sem saber o que poderia existir por ali._ Alberto?Porque me trouxeste ?-Olhei para as minhas pernas arranhadas. A roupa que estava a usar não era a mais adequada para usar no meio de uma floresta, calções de ganga e tênis, não resultavam._Nao acredito que tenha sido pela companhia,ou para passar um fim de semana romântico comigo...- Tirei a camisola que tinha por cima do meu top e amarrei-a à cintura. Não estava muito calor, mas mesmo assim estava quente demais.

_Desculpa...-ele suspira antes de declarar as restantes palavras,a ignorando de novo quando avança entre algumas árvores. _Precisava do teu equipamento de recolha de amostras.

_Bem que desconfiava.-O observei um pouco preocupada quando não faz som algum ao se afastar do local onde iríamos descansar. Eu trabalhava num laboratório farmacêutico,e agora de férias pensava mesmo que haveria algum interesse amoroso naquela viagem a dois. Suspirando, procuro por ele,mesmo tendo vontade de aliviar a bexiga não acreditava que ele fosse capaz de me deixar ali sozinha.Bebi mais um gole de água e guardei a garrafa me levantando . _ Albertooooo!Onde estás? – Grito de novo,mas nada de resposta. Cautelosa de imediato pulo ao ouvir um som estranho. _ Alberto...?- Sussurro desta vez, em alerta coloco a mochila nas costas, avançando por onde o tinha visto seguir caminho._ Inferno!-Murmurei entre dentes já com uma onda de pânico a surgir dos pés à cabeça quando ouço de novo um som estranho, mas desta vez atrás de mim.Me preparando para correr desalmadamente sem olhar para trás ,sinto algo no meu ombro.Soltando um grito estridente, me viro com o punho fechado, atirando com toda a minha força preparada para me defender.

_ PATRICIA!!!!!-Alberto solta um som abafado quando ela lhe acerto em cheio no rosto.

_ Oh! Céus! – Coloquei a mão na boca com o meu coração quase a saltar fora. _ Desc...desculpa !!!!

_ Para que foi isso? -Alberto soava irritado, esfregando a bochecha vermelha e já inchada.

_ Maldição...desculpa...-Completamente constrangida, mas não arrependida verifico seu rosto._ Tu é que foste o culpado.-Ele merecia muito mais por ter me ocultado a verdadeira razão de ali estarmos. ._ Me assustaste de morte!

_ EU? – Alberto mostrava perplexidade, como se ela estivesse dizendo uma barbaridade descomunal.

_ Sim TU! – Respirei fundo para me acalmar. _ Porque não me respondeste quando te chamei?

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