Quando retornei ao palácio passei as próximas horas ouvindo o discurso da rainha sobre como meu comportamento devasso poderia custar caro para mim e para a imagem e reputação da família real, que graças a bondade do comandante Chase eu havia retornado sem causar mais danos. Eu poderia tentar contar a ela que na realidade eu havia sido sequestrada, mas era improvável que ela acreditasse, não tinha como explicar o que Dimitri Sidorov havia feito comigo, aquilo pareceria bruxaria, o que só pioraria tudo, ela pensaria que eu havia sido acometida pelo mal e chamaria padres para um exorcismo, o que eu dispenso.
Então me contentei em ouvir suas reclamações sem fim.
— Eu espero de verdade que você tenha mantido sua honra intacta, porque se não o fez... — ela me encarou parecendo preocupada e furiosa ao mesmo tempo.
— Minha honra está intacta. — garanti, desconfortável com o rumo da conversa.
Ela me analisou por alguns segundos tentando ver se eu mentia, por fim disse:
— Espero que você esteja dizendo a verdade, me encontre nos aposentos da curandeira daqui uma hora, e tire essas roupas horríveis de camponesa, não é porque você tem cara de camponesa que deve se vestir como uma! — dizendo isso, ela saiu dos meus aposentos batendo a porta.
Que megera, pensei quando ela saiu.
Eu deitei na minha cama e respirei fundo, seria um longo dia.
Enquanto eu caminhava pelos corredores em direção aos aposentos da curandeira Lydia, eu me perguntei o que a rainha estava planejando.
Quando cheguei a porta dos aposentos, eu empurrei o umbral de madeira pesada e entrei no cômodo quadrado do quarto de Lydia. Ali, tudo cheirava como sempre; ervas e poções que ela sempre preparava para os residentes do palácio.
Lydia estava parada de cabeça baixa ao lado da cama, ela era uma mulher alta e redonda, perto dos seus quarenta anos, seu cabelo ruivo estava preso em um coque e ela usava seu eventual avental de trabalho.
Do outro lado, sentada em uma cadeira com sua postura altiva, estava a rainha Hera, seu olhar autoritário cruzou com o meu.
— O que significa isso? — indaguei, ainda parada com a porta atrás de mim.
— Entre e feche a porta. — ordenou a rainha.
— Minha rainha, preciso reforçar que isso não é necessário para mim, acredito na palavra da princesa Helena. — Se pronunciou o comandante que só então eu percebi a presença.
Ele estava oculto nas sombras do quarto, mas agora havia se aproximado, deixando que a luz iluminasse seu rosto, quando olhei para ele imediatamente a compreensão dos fatos me atingiu como um raio. A rainha iria comprovar minha virgindade na frente do comandante, garantir que entregou uma princesa virgem.
Isso era tão a cara dela que me senti uma completa idiota de ter andado até aqui e não ter percebido antes.
Por isso, Lydia não conseguia levantar seu olhar para mim, quando olhei para a cama empalideci consideravelmente ao pensar no que aconteceria ali.
— Não pode está falando serio, estou dizendo a verdade, eu juro! — implorei.
Ela manteve sua expressão fria como o habitual.
— O comandante não acha necessário. — falei, tentando obter mais apoio dele.
— A palavra da princesa para mim basta. — ele me apoiou e me senti grata por isso.
— A palavra da princesa bastava antes dela fugir com outro homem, agora ela terá que provar sua palavra. Helena, deite-se logo na cama e acabe logo com isso, não tenho o dia todo para perder tempo com seus dramas.
Eu engoli em seco as suas palavras insensíveis e mordaz, olhei para o comandante que assim como eu, percebeu que não tinha escolha.
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