ANA: Semanas depois, da ultrassom de rotina, o serzinho lá na tela arrancou aquele sorriso de todos....infelizmente não deu para ver o sexo, mas sinto que é uma menina.
O serzinho está aqui, maior ainda, e agora com o tum tum forte e rápido..... fezendo-me entender que a vida é sempre alegria.
Sempre.....
O Cadu está bobo e felizão !!!
Tem uma semana que fiz a ultra-som, desse tempo pra cá,o cenário mudou completamente,comecei a sentir umas cólicas.
As cólicas são fortes, e muito fortes.... e fortíssimas, que me tiraram o fôlego e me faz quase sair do ar toda a vez que vem, a dor se intensificou, eu tive uma sensação de desmaio.
Deitei na cama e percebi que um líquido escorria pelas minhas pernas !!!
Era sangue, abundante e de cor viva.
Lembrei que doutor Wanderson, tinha me falado, que sangramento e as cólicas na gravidez não necessariamente significam que a mulher está abortando, pois cerca de 15% das gestantes podem ter sangramento vaginal.
No meu caso, não tive dúvidas de que precisava correr para o hospital.
O pânico tomou conta de mim !!!
Dei grito muito alto, Caduuuu.....
CADU: Ouço a Ana gritando o meu nome,corro para o quarto, quando chego, o seu rosto está pálida, é apavorante ,droga ela está sagrando, sinto meu sangue sendo drenado.
Ela geme de dor.....
ANA: Me ajuda, não quero perder o meu bebê, não quero perder o nosso filho.
CADU: Não falar nada Ana, não vamos perder o nosso filho, tentar ficar calma, vou de levar para, hospital, vai ficar tudo bem, eu prometo.
Peço para a Marina ligar para o doutor Wanderson, relatando o ocorrido.
Pego a Ana no colo, a Marina ligar urgentemente para o médico, a ideia de perde o meu filho é deprimente.
Rapidamente chegamos no hospital, o doutor Wanderson já estava de prontidão, a Ana foi caminhada com urgência para sala de ultrassom.
Eu tava apreensivo e com muito medo!!!
DR WANDERSON: Ana vou fazer uma ultrassom, para ver como está o seu bebê.
---- Você está no início de um aborto.
ANA: Com a voz trêmula, consigo falar.
---Doutor por favor, salva o meu filho, não deixa ele morrer, por favor.
Ao encostar o aparelho na minha barriga, o médico falou sobre ausência dos batimentos cardíacos.
DR WANDERSON: Sinto muito, infelizmente, não há nenhum batimento cardíaco.
ANA: Não pode ser, diga que é mentira doutor , por favor.
Parecia que eu tinha levado vários socos no estômago, fiquei sem reação.
DR WANDERSON: Sinto muito Ana.
ANA: Sinto na pele novamente , a dor amarga, de perde um ente querido, a minha vontade era de morrer ao saber que meu bebê tinha ido embora.
Chorei e gritei na sala do médico!!!
Dizendo que nunca mais queria ter filhos.
Tive um aborto espontâneo, e foi um grande baque !!!
Depois de cumprir todos os protocolos do hospital e ver muitas mulheres grávidas chegando ao hospital para ter seus bebês ou saindo com eles no colo, eu simplesmente não queria ver nem falar com ninguém.
Biologicamente não podemos chamar-lhe bebê com tão pouco tempo de vida, mas, que se lixe a ciência, eu perdi o meu bebé com 12 semanas.
E o pior?
Não conseguir fazer nada para o evitar.
Não cheguei a dar-lhe nome, sei que muitas mulheres o fazem, era só o meu "pequeno serzinho".
Quando o médico me falou que eu tava gravida, fiquei com muito medo dessa ideia, mas depois o amor falou mas alto, eu não parei de pensar nele ou nela um segundo.
O meu bebê estava ali, dentro de mim, a ganhava forma, e ganhava vida, a crescer, um coração a bater mais rápido que o meu.
Visualizava a minha barriga crescendo, o quartinho, o enxoval... como era gostoso pensar naquela vida que estava se desenvolvendo.
Pensei em mim, nele, em nós, no futuro, no primeiro ano, no segundo, na escola, na faculdade, no casamento, a falar, a cantar, a dançar....mesmo sabendo que o Cadu, não permitiria que eu fizesse parte da vida dele ou dela.
Corria tudo muito bem, até que deixou de correr....até que chegaram as dores, numa sexta-feira à tarde.
Até que comecei a perder sangue, e o Cadu me trouxe para Hospital Santa Thereza.
O Cadu saiu da sala sem olhar para atrás, e não dizer nada , ele tava bastante abalado e desorientado,assim como eu.
Enquanto as enfermeiras colocavam os acessos para eu receber as medicações e entrar no centro cirúrgico, tive um surto.
Gritei, arranquei todas aquelas agulhas e dizia que ninguém iria tirar meu bebê da minha barriga.
Fui sedada!!!
Quando a retirada do feto, foi feita por meio da curetagem, é muito difícil passa por um aborto é acreditar que tudo vai ficar bem.
Eu mal respirava....fiquei neurótica com a perda do meu bebê, fui invadida pela tristeza de uma gravidez interrompida.
Fiquei a noite inteira gritando no quarto e dizendo que queria o meu bebê de volta.
Eu só chorava.....minha vontade era de morrer ao saber que meu bebê não existia mais.
Raiva, passei a questionar por que do acontecido, chorei e gritei na tentativa de eliminar esse sentimento ruim, me sentia incapaz e infértil, e não merecedora de gerar uma vida, a dó é sem tamanho é inominável.
CADU: Saio daquela sala sem olhar para trás, me faltou chão, fiquei completamente desnorteado, não fui capaz de ser o ombro amigo que Ana tanto precisava naquele momento, eu tinha que respirar um ar puro, senão, eu varia besteira.
O sonho de ser pai, vinha acompanhado de uma carga imensa de expectativas e novidades.
No começo foi tudo abstrato,mais conforme a barriga da Ana crescia e a ideia de que há um serzinho ali dentro, ficava mais concreto, a ansiedade para conhecer o pequeno só aumentava.
Quando o doutor Wanderson falou, que a gravidez foi interrompida de forma inesperada, a dor foi incalculável.
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