AGATHA: Depois sete anos eu voltei para Brasil, onde passei os melhores anos da minha vida, a minha infância foi no Rio de Janeiro , onde nasci.
Ô lugar bom de vive !!!.
Tenho as mais lindas lembranças dessa terra , há poucos meses me mudei para cá.
Mas voltando no tempo...Eu e minhas duas irmãs, Ana e Amanda sempre tivemos tudo do bom e do melhor.
Estudamos nos melhores colégios, moramos no bairro nobre da cidade e crescemos cercadas de carinho..... sério mesmo: vida suave e feliz.
Fecho os olhos e me lembro da gente correndo pelo parque, jogando bola na praia, virando a madrugada no videogame...juntas, sempre juntas.
Ana sempre foi a mais inteligente !!!
E, além disso, linda e magnética, sabe como?
Deixava os garotos apaixonados, e as meninas ,como eu, querendo imitá-la, também tirava as melhores notas..... sabia tudo de tudo, adorava ler, era fã de música, balé e cinema.
Com 16 anos me tornei egoísta e mesquinha, queria tudo só para mim, fiquei uma pessoa sem freios, e sem escrúpulo,muitas vezes a vida vem e nos dá uma rasteira, é um tira e põe danado e no fim a gente dá um jeito de acabar sorrindo.
Passei a vida inteira, ou parte dela, ouvindo a expressão: tempo é dinheiro.
Conhecido de perto um universo em que ter do,bom e do melhor, é sinônimo de uma vida sossegada.
Eu queria ser riquíssima e consegui!!!
Mas acho que talvez não tenha válido a pena, um caminho mais lento até a fortuna talvez teria sido muito mais saudável para a minha vida em geral....a única coisa que ser rica fazia por mim era permitir que eu não me preocupasse tanto com dinheiro.
Mas ainda assim há coisas que eu gostaria de ter e que não conseguir comprar....
Descobri que ter dinheiro suficiente para comprar quase qualquer objeto material ou símbolo de status tirou o prazer e o desejo pelas coisas que eu sempre quis, mas não tinha como comprar.
Hoje em dia sou feliz demais, levo uma vida baseada na simplicidade, e acredito que está perto de Deus é caminho certo a seguir.....larguei aquela vida supérflua.
Na realidade, eu não abandonei nada!!!
Pelo contrário, ganhei tudo!!!
Me tornei freira, na verdade, nunca me imaginei nesta opção de vida, nem quando era criança ou adolescente .
No entanto, Deus me convidou e eu aceitei.
Não foi fácil, nada fácil.
Eu estava em uma situação de muito bem-estar,quando senti o chamado, quase me escondi, e dizia a Deus:
Não!!!!
Por favor, não!!!
Mas havia algo maior em meu coração, um desejo de serviço, de entrega aos irmãos, de fazer algo diferente daquilo que todo mundo faz ....ou seja, casar-se, ter um bom emprego, filhos etc.....
É claro que eu tinha medo de largar tudo, tudo,meu processo durou três anos e ninguém ao meu redor sabia que eu estava passando por isso.
As coisas ficavam cada vez mais complicadas para levar a cabo minha opção,Alfred Steve mesmo sendo casado, sempre foi carinhoso comigo, me encheu de mimos caros.....muitas joias e viagens pelo mundo, apartamentos e carros luxuosos , viagens e dinheiro, enfim, nada disso me ajudava a decidir dar o salto.
No entanto, eu dei esse salto, lancei-me na aventura e segui meus sonhos, aquilo que fazia meu coração vibrar.
Alfred Steve perguntava se eu tava ficando louca, pra fazer essa burrada, me perguntou se eu havia tido alguma desilusão no amor, se eu queria que ele largasse sua família, para ficar comigo definitivamente, claro que não, meu desejo era outro.
Era um fogo que me queimava por dentro !!!
No início foi uma etapa de luta, lágrimas e alegria.....cheguei à vida religiosa e só durei nove meses.
A luta interna era tão grande, que decidi voltar para casa, eu ficava pensando que cada dia que passava trancada dentro do convento, era uma oportunidade de luxúria perdida e jogada fora, se eu continuasse ali dentro a minha vida não seria mas a mesma, não seria justo comigo passar minha juventude no convento, eu nadei tanto para morrer na praia, melhor num convento, isso não seria justo comigo.
Então saí durante dez meses, nesse tempo, voltei a viajar....recuperei muito do que deixei, muitas festas, bebidas e orgias.
Minha vida tava fantástica,Deus me deixava em liberdade para decidir e não me fechava as portas.
No entanto, não era a mesma coisa, minha vida parecia, de certa maneira, vazia, porque o ter e fazer me realizavam, mas o ser nem tanto.
Assim, decidi voltar à vida religiosa, mas dessa vez com as mãos e o coração vazios de tudo o que pudesse me impedir de caminhar.
Agora, posso dizer que Deus é tão maravilhoso, que, na verdade, nos dá mais do que deixamos para trás.
Atualmente, vivo com alegria a minha vocação, sigo o ser a quem amo, e os dons que Ele me deu estão a serviço do seu Reino, ou seja, estudei Contabilidade Pública e, ainda que pareça inacreditável, eu a continuo exercendo.
É claro que não recebo um salário espetacular monetariamente, mas em alegria e entrega, sim.
Chegou a hora de encarar de frente as pessoas que mas magoei no passado ,só assim seguirei em frente, eu preciso resolver isso, não posso viver assim me escondendo, preciso viver no presente e começar a olhar para o futuro.
Os primeiros raios de luz se derramavam sobre o jardim do convento Santo Antônio, fazendo brilhar o orvalho da grama,fechei os olhos e absorvi intensamente a sensação de está de volta.
ANA: Um belo dia, sete anos depois do sumiço da Agatha,ela bateu à minha porta,meu chão se abriu, ela chegou do nada, pra nossa surpresa, ela parecia outra pessoa cheia de esperança e humildade.
Minha mãe e a Agatha tiveram um ataque de choro !!!
Era um choro dolorido, que parecia não ter fim..... quanto a mim, não sei dizer como me senti.
Não sei de onde tirei forças para manter a cabeça no lugar... talvez por ver a mamãe tão desnorteada e feliz,eu sentia necessidade de mostrar que eu, estava tranquila .
AGATHA : Me perdoa mamãe, por todo mal que causei a senhora, eu fui uma péssima filha.
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