Shantelle já tinha esquecido completamente do comentário do amigo de Evan, no transcorrer do dia, mas, quando as aulas terminavam e a jovem cruzava o campus, uma voz chamou sua atenção:
― E aí? Como foi o primeiro dia de faculdade? ― Shantelle ficou chocada ao encontrar Keith Henderson encostado em uma BMW esportiva na frente de sua escola.
Ele parecia impressionante em uma camisa branca de colarinho chinês, casaco cinza e calças. Seu cabelo loiro escuro estava bem escovado e seu rosto bem barbeado.
― Eu estou ótimo, não estou? ― Ele brincou. Vendo como Shantelle o estudava de perto e um sorriso malicioso se formou em seu rosto.
― Pera aí... o que você está fazendo aqui? ― Ela perguntou, ignorando o comentário dele.
― Estou em uma viagem de negócios. A Prima MedCare tem mais de dez mil segurados em Warlington, e pretendo fortalecer a influência de nossa empresa aqui na cidade ― revelou Keith.
Quando Shantelle levantou uma sobrancelha para ele, ele riu, dizendo:
―Aaahhh! você quer dizer, aqui? Na frente da faculdade? Eu perguntei ao seu pai onde você estava. Eu queria te ver, de qualquer maneira, então decidi vir te buscar. Sei que seu pai ainda não contratou um motorista ― disse Keith. ― Vou ficar na cidade por dois meses. Posso ser seu motorista nesse tempo. ―
Shantelle balançou a cabeça e disse:
― Você não precisa fazer isso. Posso pegar um táxi... ―
― Estou indo para o Warlington Hospital, com ou sem você. Você pode pegar um táxi, pagar a corrida e confiar em um estranho, ou pode ir comigo... de graça ― disse Keith.
― Está bem... ― Rendendo-se à oferta de Keith, ela revirou os olhos e foi direto para o lado do passageiro do carro.
Enquanto estavam no caminho, ficaram um bom tempo em silêncio, mas, quando estavam se aproximando do hospital, Keith anunciou:
― Há algo que você deveria saber sobre Nicole... ―
― Que ela está morando com Evan na mansão? Eu já sei disso... ― respondeu Shantelle, enquanto olhava pela janela.
― O quê?! ― Essa informação surpreendeu Keith e ele respondeu: ― Eu não acho que isso seja ver... ―
― Eu ouvi alto e claro. Nicole atendeu o telefone fixo quando liguei para a senhora Shaw, nossa governanta ― relatou Shantelle, ainda evitando o olhar do amigo.
Keith zombou, enquanto dizia:
― Eu não sei nada sobre isso, mas... ―
― Eu não quero saber mais, Keith. Por favor, pare. Eu vim aqui para esquecer Evan, não para me lembrar dele novamente. ― Shantelle pensou em quando descobriu que Nicole tinha se mudado para a mansão. Ela chorou por horas, sentindo a dor no peito voltar novamente. Ela não conseguia contar quantas vezes disse que não choraria mais por Evan.
Mas dizer, não era igual a fazer. O amor não é um sentimento fácil de controlar.
― Mas, Shanty... ― Keith tentou novamente. No entanto, Shantelle o interrompeu.
― Por favor. Você me prometeu, Keith. Quando estávamos no clube você falou que não diria a Evan onde estou. Então, aqui em Warlington, quero que prometa que não vamos falar sobre ele também. ―
― Não concordo muito com isso, mas se você insiste ― respondeu Keith.
― Não quero mudar de opinião sobre Evan e Rose Hills. Esta é minha vida agora, aqui em Warlington ― explicou Shantelle. ― Então, o que quer que você queira dizer, não diga. ―
O silêncio se estendeu entre eles. Eventualmente, Shantelle raciocinou:
― Eu ainda o amo, Keith, mas amá-lo é muito doloroso. Mais uma vez, vim aqui para esquecer. Em breve, não o amarei mais. ―
― Eu entendo, Shanty ― respondeu o amigo, fixando os olhos no trânsito. ― Eu sei exatamente como você se sente. ―
Um grande silêncio pairou sobre eles, mais uma vez. Mas, quando procuravam uma vaga no estacionamento do hospital, Shantelle aproveitou para perguntar:
― Quando... quando você começou a me seguir nas redes sociais, a propósito? ―
― Sempre te segui, desde que você completou dezoito anos e ‘inaugurou’ seu perfil no dia do seu aniversário. Lembra? Seu pai me convidou para sua festa. ― Keith lembrou. ― Além disso, nos conhecemos desde pequenos. Como os Thompson, sempre moramos em Rose Hills. Sean e Wendell só se mudaram para a cidade no colégio. ―
― Verdade, tinha me esquecido disso ― respondeu Shantelle. ― Você estava na minha festa de aniversário de dezoito anos. ―
Keith riu, enquanto desligava o motor e respondeu:
― Tudo bem. Estou acostumado. Você se esquece das outras pessoas... exceto de Evan. ―
***
Não era como se a jovem tivesse cometido um crime hediondo, para que todas as delegacias de polícia se curvassem ao pedido de Evan. No entanto, Evan era Evan. Ele era filho de Erick Thompson e a cidade estava em dívida com os Thompson.
Se não fosse pela corporação mais impressionante da cidade, muitos moradores estariam desempregados. Se não fosse pelas recentes iniciativas de Evan, o Grupo Thompson não seria tão próspero quanto tinha se tornado. Por último, Evan era uma alma generosa e apoiava eventos beneficentes, fazendo diversas doações, inclusive para o hospital público da cidade.
Chegando à residência dos Franco, Wendell notou o mesmo carro que entrou na propriedade dos Campbell, no dia anterior. Ele passou pelo carro e seguiu para a entrada da mansão.
Enquanto aguardava, percebeu que o sistema automatizado do portão tinha dado algum defeito e teve que descer do carro para abrir o portão manualmente.
Depois de fazer isso, Wendell voltou para o veículo. Então, viu o retorno do carro para a casa dos Campbell. Ele franziu a testa, pensando: 'Eles não acabaram de sair? Por que eles voltaram tão rápido?’
Não havia nenhum comércio tão próximo e, naquele curto intervalo de tempo, o mais longe que conseguiriam ir era até a blitz da polícia.
Enquanto pensava, parado ao lado do portão, Wendell viu um homem mais velho que xingava quando saiu do carro e abriu os portões de sua casa. A cabeça de alguém apareceu do outro lado do veículo, mas recuou rapidamente assim que o homem repreendeu.
― Senhor Campbell. Já faz muito tempo. Está aqui em uma visita? ― Wendell perguntou. Falando bem alto, para se fazer ser ouvido.
Mas, tudo o que recebeu foi o olhar assustado de Thomas Campbell. Era como se o idoso visse um fantasma em Wendell.
― Com licença? ― Thomas perguntou com uma carranca.
― Wendell Franco. Éramos vizinhos, até sua família deixar a cidade ― lembrou Wendell. Ele atravessou a rua para deixar Thomas vê-lo claramente. ― Fui colega de escola de Melody, no ensino médio. ―
Por um instante, Wendell fixou os olhos no senhor Campbell. Ele tinha olhos cor de âmbar, uma cor marcante que, de alguma forma, achava familiar. Não era apenas a cor dos olhos, mas também o formato dos olhos era um pouco incomum.
― Ah, sim! Wendell Franco! ― disse Thomas Campbell. ― Desculpe, Wendell. Realmente já faz um tempo. Estou aqui apenas em uma breve visita, sim. Foi uma emergência. ―
― Entendo ― disse Wendell, seus olhos estudando a moldura da silhueta dentro do carro escuro.
― Estou com Melody aqui no carro. Ela veio comigo para essa visita, mas devemos partir esta semana ― disse Thomas. ― Com licença, Wendell. ―
Wendell simplesmente assentiu. Ele também entrou em seu carro. No entanto, ao entrar na garagem de sua casa, pensou, percebendo que a garota que viu era loira. Ele ergueu uma sobrancelha e comentou:
― Acho que ela não gostava de ser morena. ―

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: A ex-mulher do CEO é uma médica de renome
Triste tava tão boa a história agora não consigo mais lê, ao consegui até o capítulo 10, tem que pagar, o medo é de pagar e não dá certo 😔...
ei amiga escritora please mais capitulos por favor...