A filha do diabo romance Capítulo 10

Helena Ferraz

Sim eu subi na lata velha do rinoceronte, a única coisa que me deixava um pouco tranquila era saber que para onde quer que ele fosse me levar não encontraria ninguém do meu meio e assim não passaria vergonha, já imaginou se meus conhecidos colegas milionários me vissem andando nesse projeto de moto? Quero nem imaginar, logo a paissagem dos casarões, das mansões, das ruas asfaltadas perfeitamente vai dando lugar a uma paisagem comum com casas simples pintadas com cores coloridas, casas com portões de ferro, vejo pessoas sentadas no chão conversando alto e parecem está se divertindo, me assusto quando um cachorro vira-lata começa a latir e correr atrás da moto,

__ socorro! Não quero pegar raiva!

__ calma riquinha aqui é normal os cachorros correrem atrás das motos ele não vai te morde, nem carne você tem nas pernas!

__ está me chamando de magricela?

__ xiiii quietinha, quero você bem quietinha hoje, calada!

Toda vez que o César fala essas coisas minha intimidade pulsa, ele tem um jeito mandão de falar que me deixa demente, fico sem conseguir reagir, Ele é macumbeiro só pode!

__ você é pai de santo?

__ o que?

__ pai de santo? Macumbeiro, candomblé essas coisas!

Ele dá uma risada sexy pra caralho, tudo nesse homem é sexy,

__ não riquinha, eu não sou pai de santo, sou católico graças a meu tio João que é padre, embora respeito e acho bonito o candomblé,

__ você tem um tio padre?

Agora que vou para o inferno de verdade.

__ sim tenho, mas vamos deixar o tio João quietinho meu assunto com você é outro!

E lá vem aquela voz sexy de novo me deixando com o corpo mole,

César para o moto numa rua movimentada onde tem várias pessoas sentadas numas cadeiras horrorosas de plástico amarela,

__ vem! antes de mais nada preciso comer, aqui no espetinho do tio ze é de primeira.

__ tio ze?

Outro tio dele? Acho que a família do rinoceronte é grande,

__ ele não é meu tio de verdade todo mundo chama ele assim, vem logo!

Ele sai me puxando e essa calçada toda desregular não ajuda em nada meu salto de bico fino, olho ao redor vejo várias mulheres sentadas toda estão a vontade, a maioria com shorts curtos provavelmente comprado em alguma liquidação, sandálias nos pés, enquanto eu uso um Prada original, com um sapato com a sola vermelha de um estilista muito famoso aposto que ninguém aqui nunca ouviu falar, me sinto um peixe fora d'água,

Logo estamos sentados numa mesa de plástico que deve estar suja, uma jovem sorridente vem até nós,

__ oi grandão, o que vai querer?

__ me trás sete espetinhos Gabi , quatro de carne e três de camarão, trás também um caldinho do grande de feijão preto, e uma cerveja gelada!

A garçonete anota tudo, mas uma vez me assusto com o apetite desse homem,

__ e a patricinha aí vai querer o que?

Patricinha é a mãe dela! Eu nunca comeria num lugar sujo desse, com essas pessoas pobres e sujas, jamais, isso está fora de cogitação,

__ nada! Não quero nada!

__ tem certeza riquinha a noite vai ser longa!

Ele diz e me olha com cara de safado da uma piscadinha, a moça sai sorrindo, logo o pedido dele chega e a quantidade de comida na mesa parece quem tem um grupo de pessoas com nosco, mas não, é tudo do rinoceronte, ele morde umas carnes enfiadas em um pedaço de madeira,

__ tem certeza que não quer espetinho de gato?

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: A filha do diabo