Ninguém consegue ser forte o tempo todo, e por mais que eu tentasse evitar o meu desmoronamento, eu não podia aguentar por tanto tempo.
Quando cheguei no meu apartamento, os meus pais ainda não haviam chegado da praia, o que foi ótimo, pois eu não saberia evitar o motivo dos meus olhos vermelhos.
Mas eu precisava tanto de colo, precisava tanto desmoronar na frente de alguém que conseguisse entender o que eu estava sentindo.
Entrei no meu quarto, sentindo um peso enorme nos ombros.
Eu pensei que conseguiria fazer tudo sozinho, mas depois do que eu ouvi do Rodrigo, ele agindo feito um namorado ciumento com outra mulher, me machucou de uma maneira que não sei se vou conseguir me recuperar.
Deitei na cama, tentando não chorar mais, na tentativa de não demonstrar tristeza quando os meus pais chegassem.
Fui proucurar uns comprimidos pra tentar dormir, e tomei dois.
Eu estudava medicina, eu sabia que era perigoso tomar uma dose tão alta de remédio, mas eu precisava dormir.
O sono não demorou a aparecer, e eu apaguei.
Acordei com mãos alisando os meus cabelos, quando eu os abri, era a Ray.
- Que horas são? perguntei meio perdida.
Rayssa: Faltam dez minutos pras 19:00hrs.
- Faz tempo que você está aqui?
Rayssa: Não muito, percebi que você anda um pouco sumida e caladinha demais pro meu gosto e vim aqui ver como você estava.
- Eu te amo Ray.
Ela me abraçou, e eu senti as lágrimas já começando a cair.
Rayssa: Coloca uma roupa Mel, eu vou tirar você dessa tristeza.
- Eu não posso Rayssa, os meus pais estão aqui.
Rayssa: Quando eu cheguei, eles estavam arrumados, prontos pra sair, e mandou te avisar que foram jantar fora.
Seus pais vão ficar bem e você também, anda levanta.
- Já é a segunda vez que eles saem hoje sem mim.
Eu sou uma filha horrível por não conseguir dar a atenção que eles merecem.
Voltei a chorar.
Rayssa: Você não vai me contar o que está acontecendo?
Sentei na cama, de frente pra Rayssa, e contei exatamente tudo o que ouvi na casa do Rodrigo.
Eu precisava desabafar, pois eu já não estava mais aguentando carregar esse fardo sozinha.
Rayssa: Eu não acredito nisso Melissa. Eu sou sua melhor amiga porra, você não pode esconder essas coisas de mim.
Eu já falei que eu estou aqui pra tudo o que você precisar.
- Desculpa Ray, mas eu não queria te meter nessa merda toda. Falei em meio aos soluços.
Rayssa: E o que você está fazendo ainda com esse anel no dedo Mel? Porquê não jogou na cara dele?
- Eu não posso fazer isso assim Rayssa, eu quero ver com os meus próprios olhos.
Rayssa: Pra quê? pra se machucar ainda mais? virou masoquista agora? já não foi o bastante o que você ouviu dele?
Levanta Melissa, vamos lá agora mesmo jogar essa aliança na cara dele, e depois vamos sair pra beber, eu já vim com roupa de sair, levanta logo.
Eu não queria sair, eu queria ficar deitada na cama até o mundo acabar.
Mas a Rayssa tinha razão, eu já havia me machucado o suficiente. Eu terminaria o noivado com ele, mas antes eu precisava conversar com ele e entender o que levou ele a fazer isso com a gente.
Fui pro banheiro me arrastando, tomei um banho e logo despertei.
A Rayssa me ajudou a escolher uma roupa bem ousada.
Um shortinho preto de couro, com uma blusa que mostrava a minha barriga, com um decote bem generoso.
Coloquei uma sapatilha, coloquei uma gargantilha que eu mesma havia comprado, eu não queria usar nenhum dos presentes que ele me deu.
A Rayssa me ajudou com a maquiagem, e eu deixei os meus cabelos presos em um rabo de cavalo. Eu estava linda.
Liguei pro meu pai.
- Papai, eu estou saindo com a Rayssa, vou chegar tarde tá bom?
Pai: Tudo bem meu amor, eu também vou chegar tarde com a sua mãe. Se divirta.
O meu pai era tão maravilhoso, eu nem sabia se merecia ter pais tão amorosos.
Rayssa: Deixa que eu dirijo Melissa, me dá as chaves.
Do jeito que eu estava, era melhor que ela fosse no volante mesmo.
Peguei a minha bolsa, e peguei as chaves da casa do Rodrigo pra devolvê-las.
No caminho a Rayssa foi logo me avisando que iria meter a porrada na Yanka.
- Você não vai fazer isso Rayssa. Não vale a pena e ela não errou sozinha.
Rayssa: Eu não quero saber Melissa. Não vem defender ela não.
Quando estávamos nos aproximando da casa, vimos a Laura sair no carro.
- Para, para Rayssa.
A gente não pode entrar lá agora.
Rayssa: Porquê não mulher? tá doida?
- Se a Laura saiu, significa que o Rodrigo pode estar sozinho em casa com a Yanka.
Vamos esperar uns 20 minutos aqui. Depois a gente entra, e com sorte, podemos pegar os dois no flagra.
Rayssa: E o que vai acontecer com você se a gente pegar eles dois juntos?
- Eu vou ficar livre Rayssa, eu vou dar meia volta e vou atrás de viver a minha vida.
Rayssa: Vai dar meia volta sem dar nenhum murro nos dois?
- Já falei, não vale a pena.
Rayssa: Fale por você querida. Eu só saio daí quando eu acertar um.
Passando os vinte minutos, estacionamos o carro do lado de fora da casa, pra ninguém ver a gente chegar.
- Tira tua sandália Ray, vou tirar a minha sapatilha pra gente não fazer barulho.
Peguei as chaves e entramos silenciosamente na área externa.
Abri a porta da sala com todo o cuidado do mundo pra ninguém nos ouvir.
Olhei ao redor da sala, e não tinha ninguém.
Escutamos o som de uma porta se abrindo, e corremos pra nos esconder atrás da escada.
Alguém desceu as escadas e a Rayssa olhou pra ver quem era.
Ela apontou pro meu dedo dizendo que era o Rodrigo.
Depois de um tempo, ele voltou a subir as escadas, e nós ouvimos o som da porta se abrindo, e logo depois o grito da Yanka.
Yanka: Sai do meu quarto Rodrigo. Como você conseguiu entrar aqui? que chaves são essas?
A porta se fechou, e não conseguimos ouvir mais nada.
Eu queria subir as escadas, mas a Rayssa me segurou.
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