A voz profunda e magnética de Abraham estava cheia de afeto, mas Stella não conseguia ignorar o poder de comando em seu tom. “Como você quiser”, ela respondeu docemente.
Honestamente, mesmo que ela dissesse que não se importava, a família Reed pagaria o preço de qualquer maneira.
Quando Stella pensou que Abraham desligaria, ele perguntou se ela tinha sentido falta dele.
Stella foi pega de sobressalto e ficou com as bochechas coradas. O coração dela disparou ao ouvir tal pergunta. “Sim”, ela disse instintivamente. Ela sentiu um calor da cabeça aos pés.
Do outro lado da linha, o homem riu baixinho. “Boa menina.”
“Então… Posso comer sopa no jantar?”
“Hein?” Essa traidorazinha. Pergunto se ela sentiu a minha falta, e ela pensa em... Sopa?
“Faz séculos que não como!”, ela falou com cautela.
Desde que chegou a Rivermount, a sopa era a sua comida favorita. No início, foi porque aquele sabor entorpecente e picante ajudava a distraí-la — só por um momento — da dor e da saudade que sentia de Falvaria. Todavia, com o tempo, ela realmente se apaixonou.
Em Falvaria, Abraham nunca a deixou comer comida apimentada — ele sempre teve medo de que isso lhe causasse mal ao estômago.
Naquela época, ela não se importava em evitar, mas não conseguiu parar de desejar a iguaria depois de ter experimentado.
O homem ao telefone percebeu o tom lamentável na voz dela. “Tudo bem. Mas você não vai sair para fazer isso — peça para a cozinheira preparar.” Isso já era uma grande concessão de Abraham, já que era rigoroso com os ingredientes.
Ele viu Stella crescer. Quando criança, ela foi parar no hospital duas vezes por problemas relacionados à alimentação. Então ele sempre foi rigoroso.
No momento em que Stella o ouviu ceder, o seu tom de voz ficou alegre e animado. “Obrigada!”
“E a família Reed? Qual é o seu plano?”
A conversa era sobre o dinheiro dessa família. Não era muito, mas, ao longo dos anos, os Reeds e a filha adotiva usaram essa ninharia para humilhar Stella de todas as maneiras possíveis.
Abraham não podia deixar essa arrogância passar despercebida — ela lhe despertava uma fúria descomunal. Quanto às pessoas envolvidas...
Jason o observou pelo espelho retrovisor, sem ousar dizer uma única palavra.
Os últimos dias foram tempestuosos, principalmente por causa da situação em Seaflats Cove. A mansão Verdant estava deixando todo mundo louco. Era impossível descobrir qualquer informação sólida. Além de descobrirem que um homem de 58 anos havia assinado o contrato naquele dia, eles não chegaram a lugar nenhum. Onde está aquele senhor agora? Quem é ele? Ninguém sabia de nada. Ethan deu uma longa tragada no cigarro. “Você acha que... Durante todos esses anos, ela nunca sentiu nada por mim?”
Jason piscou. “O quê?” A pergunta surgiu do nada. Jason não fazia ideia do que Ethan queria dizer. Ela? Ele está falando de Stella? Se Stella sentia ou não algo por ele. Era isso que realmente importava para Ethan?
Ethan fechou os olhos. O seu corpo exalava uma energia perigosa. “Ela é fria como gelo.”
“Você quer que eu pegue um cobertor ou algo assim?” Havia um no carro.
Jason pensou que Ethan estivesse falando de sua temperatura corporal e não do coração e atitudes de Stella. Então lá estava ele, pronto para entregar um cobertor.
“Por que você acha que ela concordou em ficar noiva de mim?”, Ethan perguntou.
Jason ficou quieto e prendeu a respiração. Finalmente, a ficha havia caído: Ethan estava falando sobre a frieza das atitudes de Stella. Sim, ele estava certo. Ela sempre foi distante dele. Contudo, agora que Lillian estava de volta, essa frieza havia se tornado ainda mais óbvia. Pelo jeito como ela o tratava, ficava claro que Stella nunca tivera sentimentos por Ethan. Então... Por que ela concordara com o noivado?

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: A garota errada e a garota injustiçada