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A Natureza do Meu Mal romance Capítulo 3

Ela parecia ainda ser capaz de ouvir as vozes do passado vindas de fora.

— Srta. Ramos, realmente não dava para imaginar. Matou a noiva do próprio irmão só porque tinha medo que, depois que Sávio Ramos ficasse com a Quitéria, ele não gostasse mais dela.-

— Que crueldade, queimou a Quitéria viva!

— Ela nunca foi uma boa pessoa, tinha inveja porque a Clarinda era melhor em tudo. Na escola, sempre se juntava com outros para intimidar a Clarinda. Só não foi exposto porque ela era a filha que a Família Ramos demorou tanto para reencontrar.

— Quitéria era futura cunhada dela, até ciúmes da própria cunhada teve, que falta de vergonha. Tinha mesmo era que ser condenada à morte.

— Quem mata deve pagar com a vida, quem mata deve pagar com a vida...

Todos no tribunal a acusavam e a insultavam severamente.

Ela olhou para as pessoas presentes com um olhar vazio e desesperançado.

Seu pai e sua mãe.

Sua irmã.

Seu noivo.

Sua melhor amiga.

A pessoa em quem mais confiava...

Todos, do alto de sua moralidade, denunciavam seus crimes. Sua mãe chorava e pedia que ela morresse, apenas porque seus pecados afetavam o futuro da irmã.

Ela tentou se defender incansavelmente, dizendo que Juliana não era assassina, que fora Clarinda quem cometera o crime, que Clarinda era a verdadeira culpada.

Mas, diante de provas irrefutáveis, ninguém acreditou nela.

Todos diziam que, mesmo diante das evidências, ela ainda tentava difamar a inocente irmã. A Família Ramos não teria uma filha tão maldosa.

Os que a temiam, a acusavam.

Os que a amavam, desejavam sua morte.

...

Anoiteceu.

Um Santana preto parou ao lado de uma lixeira; alguns homens fortes desceram do carro e, rapidamente, colocaram a mulher que dormia encolhida no chão em um saco, arrastando-a para dentro do veículo.

Atordoada, ela ouviu uma voz familiar.

— Querida irmã, não imaginei que sairia tão cedo, então vim especialmente te buscar. Vamos para casa, aproveitar a vida.

— Ah, quase esqueci de te contar, todas as pessoas que você se importava já morreram, todas!

— Hélder é meu marido, hum... esse seu rosto me irrita tanto, que vou te mandar para um lugar bem especial, para você aproveitar bastante... Hahaha...

Juliana resistiu até o fim, tentando suicidar-se mordendo a língua.

A língua partiu, mas ela não morreu!

Arrastaram-na para um quarto escuro, onde sofreu espancamentos e torturas indescritíveis.

Ela só queria morrer, mas eles não permitiam.

Um dos chefes disse que alguém havia dado ordens para que ela sofresse ali todo tipo de abuso, com milhares de homens, e que passasse pelas piores torturas.

Segundo ele, sua vida era valiosa; todo mês, recebiam dez milhões para mantê-la viva e "cuidar" dela, sem jamais deixá-la morrer.

Ela sabia quem era a mandante. Quem, senão Clarinda?

Clarinda queria esmagar sua dignidade, pisoteá-la para sempre.

Clarinda, você conseguiu.

Finalmente.

Juliana contraiu HIV.

Ao ver o olhar de desprezo e repulsa daquelas pessoas, Juliana sorriu.

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