A Princesa Abandonada e Seu família Dourado romance Capítulo 68

As despedidas são algo comum e Miguel se portava com elegância e serenidade, mas Jessica sentia o dorso de sua mão aquecer com o toque.

"Por que você veio me buscar?"

"Não vamos visitar os avós? Já preparei os presentes."

O Velho Sr. Martins de fato combinara com ela de irem amanhã à casa da Família Martins para um almoço, e considerando que os pais da Família Barcelo tinham discutido e já voltaram para casa, o plano dela era acompanhar Matheus.

Rafael viajara a negócios, Gabriel Barcelo tinha uma cirurgia e só retornaria à noite, Leonardo teria de comparecer ao tribunal e apenas Matheus, que tinha acabado de finalizar as filmagens, estaria disponível.

"Por acaso não pretendes levar-me contigo, minha noiva? Seu avô fez questão de me convidar."

Desde quando o avô tinha convidado ele?

A avó conseguira voltar do laboratório para casa também graças a Miguel, e como as duas famílias se conheciam há tempos, seria realmente impróprio não permitir sua presença.

"Tudo bem, eu te espero."

Miguel acariciou o nariz empinado dela com afeto, dizendo: "Seja boazinha."

A Família Pereira ainda tinha um monte de negócios para cuidar e, após algumas instruções, Miguel deixou o hospital.

Assim que Miguel saiu, João Soares esquivou-se do Major André, que patrulhava o exterior, e entrou silenciosamente no quarto do hospital.

"Jessi, você precisa ajudar seu pai! A sua mãe foi atropelada por alguém e ainda está inconsciente. Já que você é a cuidadora do Velho Sr. Barcelo, diga algumas palavras bonitas em nome dele para que a Família Barcelo nos ajude!"

"A nossa família nunca te fez mal, te criamos com tanto esforço! Sempre te demos tudo o que você queria, não pode ser ingrata agora!"

Jessica sorriu com sarcasmo.

"Quando eu era criança e minha avó pedia dinheiro para a escola, você dizia que as meninas não precisavam de estudar tanto e era a avó que, às escondidas, coletava lixo para pagar a minha educação."

João Soares sentiu-se desconfortável!

Esses eram eventos da época em que Jessica tinha quatro ou cinco anos. Como é que ela conseguia se lembrar de tudo com tanta clareza?

"Naquela época, estávamos sem dinheiro, eu e sua mãe tínhamos que economizar... Realmente não tínhamos como pagar sua escola..."

Jessica sorriu.

Naquela época, Sofia Soares frequentava uma escola particular que custava cinco mil por mês, tudo graças ao dinheiro providenciado por João Soares!

Enquanto ela dependia da Velha Sra. Soares, que coletava garrafas secretamente para vender e financiar a sua educação.

João Soares entrou nos negócios e levou todas as economias da Velha Sra. Soares, sem deixar dinheiro de parte para a educação de Jessica.

"Quando entrei no ensino fundamental, também foi a minha avó que pagou a pensão e as mensalidades. Foi você quem achou que gastar quinhentos por mês era demais e me disse para comer menos. Naquela época, você não era pobre."

Naquele tempo, João Soares já tinha comprado uma mansão e a família inteira se mudou para a Cidade N.

"Não estou errado, Jessi. Meninas com muito dinheiro certamente se corromperão. Tudo o que eu fiz foi a pensar no seu bem, quinhentos são suficientes para se alimentar bem. Naquela época, eu gastava somente trezentos por mês com comida!"

"Sr. Soares, você e a sua esposa naquela época consumiam ninho de pássaro que custava três mil, todos os dias uma tigela."

João Soares ficou sem palavras...

Essa menina insolente! Por que ela tinha que se lembrar de todos esses detalhes insignificantes? Ele mesmo já se tinha esquecido dessas trivialidades...

Ela simplesmente não tinha gratidão, focando apenas nas coisas más. Por que não mencionar as coisas boas que fizeram por ela?

Além disso, se realmente tivessem maltratado Jessica, poderia ela ter crescido tão alta e bonita?

"Filha, fiz tudo pensando no seu bem, preocupado que comer demais pudesse distender o seu estômago e que você tivesse dificuldades para emagrecer mais tarde, o que não seria atraente. Veja como agora sua forma está boa agora!"

"Seu pai te sustentou por tantos anos, mesmo que não tenha méritos, ao menos teve esforços, Jessi. Sua avó também é da Família Soares, e cuidar bem de você é o mesmo que o seu pai cuidar bem de você!"

"Quando tiver um momento, converse e elogie mais o Velho Sr. Barcelo, peça para ele apoiar a nossa família. Quando nos tornarmos prósperos, será bom para você também!"

A porta do quarto do hospital se abriu, e o Velho Sr. Barcelo, com o rosto pálido de raiva, entrou empurrado por um Matheus de expressão igualmente feia, quase desejando poder acabar com João Soares ali mesmo!

"Não é preciso, vovô. A Vovó Soares provavelmente preferiria ficar em sua própria casa. Eu pedi ao Irmão Rafael para realocá-la na casa ancestral, que também compramos."

Matheus se aproximou e abraçou Jessica, acariciando suas costas suavemente.

"Mana, se estiver triste, conte para os seus irmãos. Se aquele homem vier perturbar você novamente, venha me procurar."

"Entendi, Irmão Matheus."

Matheus abraçou Jessica firmemente, com o rosto encostado no seu ombro, e uma sensação úmida lhe tocou, fazendo-a ligeiramente surpresa.

Matheus estava... a chorar?

A voz de Matheus tremia um pouco.

"Desculpa, não cuidamos bem de você. Você voltou, e ainda assim deixamos aquelas pessoas perturbarem você. Isso nunca mais acontecerá!"

Isso tinha a ver com a Família Barcelo? Foi João Soares quem invadiu o lugar por conta própria. A Família Soares sempre foi descarada, e a Família Barcelo, pensando neles como a antiga família de Jessica, também não foi dura.

A Família Barcelo age com razão, enquanto a Família Soares não tem vergonha, então é difícil se precaver contra João Soares.

Jessica deu uma palmadinha no ombro de Matheus, virando-se em seguida para tranquilizar seu irmão.

"Estou bem, e também não me importo com as pessoas da Família Soares, não se preocupe comigo."

O Velho Sr. Barcelo observou os irmãos abraçados e fez um gesto com o dedo mindinho.

Major André inclinou-se, aproximando-se do ancião.

"Organize um esquadrão para proteger a Jovem Senhorita a todo momento. Se aqueles indivíduos de antes se aproximarem da Jovem Senhorita, expulse-os imediatamente, e, se necessário, pode agir fisicamente, sem medir as consequências."

Essa expressão 'sem medir as consequências' mostrava que o velho senhor estava realmente irritado!

"Sim! Nós garantiremos a segurança da Jovem Senhorita!"