A Rebeldia da Esposa Desprezada romance Capítulo 288

Nem era preciso dizer que Flávia Almeida ainda não havia recuperado plenamente a saúde, e ela própria ainda possuía uma mentalidade infantil, proclamando o desejo de ter um filho. Uma criança cuidando de outra criança? Ele simplesmente não achava que, dadas as circunstâncias da época, era o momento ideal para trazerem uma criança ao mundo.

O desacordo sobre ter filhos entre eles foi considerável. Além disso, com os problemas de qualidade surgindo nos produtos da empresa de João Almeida, o que implicava Flávia Almeida e afetava os projetos nas mãos de Gabriel Lopes, a diretoria exigia explicações constantemente. E foi justamente nesse período que Flávia Almeida trouxe à tona a questão da maternidade, que culminou em uma briga séria entre eles.

Depois da discussão, ele se ocupou em resolver as consequências do incidente envolvendo João Almeida, e naquela época praticamente não ficava em casa.

Se estamos falando de julho do ano passado... foi exatamente quando esses dois eventos ocorreram.

O coração de Marcelo Lopes se contraiu repentinamente.

Ele não tinha a menor ideia de que ela tomava medicamentos para dormir, muito menos sobre esse relatório médico. Foi naquela época?

A voz de Marcelo Lopes estava um tanto embargada. Flávia Almeida mantinha em segredo sua conta ArtedaFlavia, mas nunca escondeu suas emoções; foi ele quem havia negligenciado os sinais.

Ela não era tão boa em esconder as coisas assim. Se ele tivesse prestado mais atenção, não teria demorado para descobrir tudo isso.

Depois que Lucas Ramos terminou a exposição, o juiz permitiu que o advogado de defesa falasse.

O advogado contratado por Antônia Carvalho para defender Leonor Moura também era muito competente. Diante das evidências apresentadas por Lucas Ramos, ele não as negou em defesa do cliente, mas questionou o relatório médico especificamente.

O diagnóstico de Flávia Almeida era de julho do ano passado, enquanto as mensagens ofensivas da parte acusada se concentravam principalmente depois de janeiro daquele ano. Portanto, ele afirmou que os sintomas de depressão de Flávia Almeida não tinham relação direta com as declarações feitas pelo réu.

O advogado de defesa, com palavras afiadas, argumentou: "Assim sendo, nossa posição é que não existe uma relação de causa e efeito necessária entre os dois eventos. Não se pode afirmar que a autora desenvolveu depressão em função dos comentários do réu. Talvez o estado da vida dela já fosse complicado, ou talvez ela já tivesse uma predisposição à depressão."

Olhando para Flávia Almeida, ele disse: "Sr. Juiz, eu peço permissão para questionar a Sra. Almeida, a autora."

Pedro falou baixinho para Marcelo Lopes, "Presidente Lopes, parece que o advogado do réu foi seu colega de universidade."

Não parecia, era.

O advogado de defesa se chamava Cássio Lacerda. Para ele bastava pagar que ele aceitaria qualquer caso, independente do caráter do contratante.

O caso mais famoso dele foi o envenenamento no laboratório da Universidade C cinco anos antes. Naquela situação, vários depoimentos indicavam que o suspeito tinha tempo e motivo para cometer o crime, mas, como não foram encontradas impressões digitais ou cabelos no local e não havia prova direta de que o suspeito havia estado no laboratório antes do crime, não se podia provar que o veneno havia sido colocado por ele.

Embora tivesse levado o veneno para o dormitório, foi no bebedouro do laboratório que encontraram a substância. Sem conseguir conectar toda a cadeia de evidências, não se podia provar que o suspeito era o envenenador, apenas que ele transportava ilegalmente as substâncias tóxicas.

Cássio Lacerda se agarrou a esse ponto e conseguiu reverter o caso; um crime de envenenamento tornou-se um caso de homicídio culposo. O suspeito foi condenado a apenas cinco anos por transporte ilegal de substâncias tóxicas com resultado em morte.

Esse caso foi muito controverso na época.

Cássio Lacerda foi xingado nas redes sociais, mas isso não impediu que a fama dele crescesse.

Os que o procuravam para litígios eram todos ricos, e para eles, evitar a prisão era um negócio extremamente vantajoso.

Cássio Lacerda especializou-se em ganhar dinheiro dessa maneira.

Marcelo Lopes não apreciava o estilo daquele indivíduo que, para atingir seus objetivos, não escolhia meios. Por isso, o relacionamento entre eles não era próximo.

Naquele ano, no tribunal, Cássio Lacerda também inquiria as testemunhas em plena sessão, agarrando-se às falhas em suas declarações, conseguindo virar o caso de cabeça para baixo.