A Rebeldia da Esposa Desprezada romance Capítulo 610

Marcelo Lopes parecia perturbado, "Não é porque estou com ciúmes!"

"Então é por quê? Pode me explicar claramente?" Ela tinha pensado durante todo o caminho em como minimizar a situação para não preocupar Marcelo Lopes. Ela esperava receber seu carinho e consolo, mas, em vez disso, ele não parava de insistir no assunto de ter visto Lucas Ramos, fazendo com que o coração de Flávia Almeida esfriasse pela metade.

"Você não diz nada, não me conta nada, não importa se é para me manter longe do Lucas ou se é sobre deixar o casamento sem dizer uma palavra! Você sempre tem suas razões, sempre tem seus sofrimentos! Eu nunca fui alguém em quem você realmente confia!"

Marcelo Lopes começou a sentir uma dor de cabeça, ele não queria brigar com ela, "Isso não tem nada a ver com confiança, eu só quero o seu bem..."

"É exatamente isso que eu odeio ouvir!" Flávia Almeida o interrompeu, "Isso é só o que você unilateralmente acredita ser o melhor para mim. Se você realmente quisesse o meu bem, deveria me contar os motivos."

Marcelo Lopes mexeu os lábios, demorando um pouco para responder, "Lucas tem transtorno dissociativo, eu não sei quando ele pode ter uma crise, tenho medo que você se machuque."

Flávia Almeida ficou surpresa, "O que é transtorno dissociativo?"

Marcelo Lopes gastou alguns minutos para explicar, e Flávia Almeida finalmente entendeu.

O transtorno dissociativo é uma doença mental que, quando manifestada, faz com que a pessoa se imagine como outra pessoa, e durante esse período, seu comportamento e ações estão fora de seu controle, exibindo uma personalidade completamente diferente da habitual. É algo semelhante a múltiplas personalidades, mas a pessoa esquece o que aconteceu durante a crise quando volta ao normal.

Flávia Almeida nunca tinha ouvido falar dessa doença antes, e a bizarra descrição da condição fez com que ela pensasse que Marcelo Lopes estava inventando uma doença para enganá-la.

Ela procurou no celular e viu que a doença realmente existia.

Flávia Almeida começou a pensar em todos os momentos que conheceu Lucas Ramos, ele parecia mais normal que muitas pessoas, como poderia estar doente?

"Não diz aqui que ele se torna agressivo durante uma crise. Por que você tem medo de ele me machucar? Além disso, ele parece bastante normal agora, fala de maneira lógica, e se ele tivesse uma doença mental, não poderia trabalhar como advogado, certo?"

Marcelo Lopes apertou os lábios, "Nos últimos anos, ele passou por hipnose, e isso tem sido controlado temporariamente, mas ninguém sabe se ele pode ter outra crise. Se ele se lembrar de tudo, estou preocupado que, com sua obsessão, ele possa te machucar."

Flávia Almeida achou isso estranho e perguntou, "Por que ele me machucaria?"

Marcelo Lopes hesitou, falando baixo, "É só um exemplo." Para assustar Flávia Almeida, ele acrescentou, "Uma vez, durante uma crise, ele matou o cachorro que tinha criado desde pequeno. Quando voltou a si, chorou abraçando o cachorro."

Longe de se assustar, Flávia Almeida sentiu pena, "Isso não é culpa dele, você não disse que ele não controla suas ações durante uma crise? Matar o próprio cachorro que criou deve ter feito ele se sentir extremamente culpado quando recobrou a consciência.

Li aqui que essa doença pode estar relacionada a traumas na infância. Eu sabia que o Dr. Ramos passou por muitas coisas dolorosas e ainda assim é tão otimista, ele deve ter se forçado a desenvolver esse problema."

Ela então se virou para Marcelo Lopes e disse, "Você e Marcos Rocha, como amigos dele, deveriam levá-lo para sair mais, talvez se ele resolver seus conflitos internos, ele não terá mais crises."

Marcelo Lopes...

Parece que tudo o que ele disse acabou provocando a compaixão dela.

"Você não tem medo de se machucar se ele tiver uma crise?"

Flávia Almeida parecia genuinamente confusa, "Eu não sou um cachorro, se ele está me perseguindo, por que eu ficaria parada esperando ser atacada? Claro que eu correria." E continuou, "Você está criando problemas onde não existem. Ele não teve nenhum surto por anos, o que sugere que o estado atual é o melhor para ele. Tratá-lo como um forasteiro só vai piorar as coisas. Mesmo que ele tenha um surto, basta nos adaptarmos e procurarmos um médico rapidamente."

Marcelo Lopes ficou em silêncio, percebendo que não conseguia vencê-la em uma discussão. Não importava o que ele dissesse, ela sempre tinha uma resposta pronta.

Longe de fazer com que ela se afastasse dele, suas palavras só pareciam fortalecer seu instinto maternal.

Ele lançou um olhar para Flávia Almeida, "Só se adaptar a ele? E se durante um surto ele pedir você em namoro, você vai aceitar?"

Flávia Almeida respondeu imediatamente, "Como isso seria possível?"

"Está me tratando como criança?" Disse Flávia Almeida, mas logo em seguida aproximou o rosto, "Pode vir."

Marcelo Lopes sorriu, "Não era você que disse que isso era coisa de criança?"

Flávia Almeida de olhos fechados, "Isso é muito infantil para crianças, mas para mim é perfeito."

Marcelo Lopes já estava acostumado com sua lógica peculiar e começou a soprar cuidadosamente o ferimento.

"O que você quer comer mais tarde?"

Perguntou Marcelo Lopes enquanto soprava.

Flávia Almeida respondeu, "Compramos peixe, vamos preparar em casa."

"Você está machucada, como vai cozinhar?"

Flávia Almeida, como se fosse óbvio, disse, "Você cozinha, eu oriento."

Marcelo Lopes...

"Talvez seja melhor comprar algo pronto."

Flávia Almeida abriu os olhos, "É tão difícil assim cozinhar para mim uma vez?"

Marcelo Lopes respondeu, "Não é que eu não confie na minha capacidade de aprender, eu só não confio na sua habilidade de instruir."