A Rebeldia da Esposa Desprezada romance Capítulo 660

Flávia Almeida sentiu surgir dentro de si um sentimento estranho. Ela sempre foi sensível a aromas, curiosa desde pequena pelos cheiros que as plantas exalavam, razão pela qual gostava de cultivar flores e ervas. Até tentou criar seu próprio sachê de aromas. Acreditava que seu interesse era fora do comum, mas agora, parecia ser mais uma questão de herança genética.

"Por que a Tia Larissa cuida do cale, e meu irmão não?", ela questionou.

Marcelo Lopes respondeu, "Larissa Barbosa é sócia da Laço Aroma, na verdade, foi uma criação conjunta dela e de outra pessoa, mas o que realmente consolidou a Laço Aroma no mercado foi um perfume clássico desenvolvido pela tia Goulart."

"Após a morte da sua mãe, Laço Aroma foi temporariamente gerida pelo seu tio, que não entendia muito do ramo, e em poucos anos, devolveu a gestão para Raimundo."

Raimundo Martins também não entendia do assunto, mas queria honrar o legado deixado pela esposa falecida, então assumiu a responsabilidade. Larissa Barbosa tinha conhecimento em perfumaria e também era versada em gestão de negócios. Quando Raimundo Martins assumiu, Larissa foi quem o ajudou e ensinou sobre muitos aspectos.

Como viúva, e Raimundo Martins, viúvo, a convivência diária fez surgir uma afeição mútua, e no sexto ano após a morte da primeira esposa, ele se casou com Larissa Barbosa. Contudo, essa união desagradou profundamente a família Goulart.

Laço Aroma era um legado da filha, e agora, esse legado era compartilhado entre o genro e a nova esposa. Especialmente porque, quando Laço Aroma foi fundada, Larissa Barbosa passava por dificuldades financeiras, sendo sustentada pela família Goulart, que a tratava como uma filha. Poucos anos após a morte da filha, ela e o genro se uniram, o que foi difícil de aceitar para qualquer um.

Com tantos homens disponíveis, por que escolher o marido da irmã falecida? Desde então, a família Goulart começou a se distanciar de Raimundo Martins, e se não fosse pelo neto Antônio Martins na família Martins, eles nem sequer manteriam contato.

Ao ouvir a história contada por Marcelo Lopes, Flávia Almeida ficou em silêncio por um tempo. Marcelo Lopes falou baixinho, “Raimundo é na verdade uma pessoa muito decente, e foi extremamente bom para a tia Goulart. Nos primeiros dois anos após a morte dela, ele ficou muito abalado, emagreceu drasticamente e desenvolveu ansiedade.”

Flávia Almeida mordeu o lábio, comentando, “Isso não o impediu de se casar novamente. Vocês, homens, parecem conseguir se desvincular de um relacionamento com mais facilidade.”

Marcelo Lopes...

“Você já considerou que suportar a solidão de perder um amor verdadeiro pode ser a coisa mais dolorosa? Alguns podem aguentar, outros escolhem esconder o passado no coração e recomeçar a vida. Não se pode viver apenas por amor, existem responsabilidades, obrigações e a longa jornada da vida pela frente.”

“Se um dia eu partir antes de você, e a saudade se tornar insuportável, encontre alguém para acompanhá-lo. Você pode amá-lo,” ele pausou, pensativo, e acrescentou, “mas não mais do que a mim.”

Flávia Almeida ficou momentaneamente atônita. Na verdade, ela não culpava Raimundo Martins, apenas expressava um sentimento, achando que os homens geralmente se recuperam mais rápido emocionalmente do que as mulheres. Não esperava que Marcelo Lopes lhe desse tal “conselho de despedida”.

Ela já havia pensado sobre esse assunto antes, mas apenas de maneira superficial, sem se aprofundar. Afinal, eles ainda eram jovens, tinham um longo caminho pela frente, ou talvez, no fundo, ela evitasse o tema da morte.

Ela não conseguia imaginar uma vida sem Marcelo Lopes, mas provavelmente não gostaria de vê-lo encontrar um novo amor após sua própria morte. Seus sentimentos eram mesquinhos, enquanto Marcelo Lopes pensava de forma mais profunda. Ele, que era tão dominador, desejava que ela encontrasse outro amor após sua morte.

Será que Marcelo Lopes não a amava? Não, ela acreditava que Marcelo Lopes a amava profundamente. Ele não queria que ela ficasse mergulhada na dor de perder o grande amor de sua vida, vivendo dias sombrios, por isso disse tais palavras.

Flávia Almeida sorriu, abaixando os olhos, e provocou-o em voz baixa, "E se eu não conseguir controlar meus sentimentos e acabar amando outro mais do que a você?"

Marcelo Lopes apertou o volante, seus lábios se cerraram firmemente, e após um longo momento, respondeu, "Então... temos que ser enterrados juntos."

Flávia Almeida ficou surpresa, sentindo um arrepio, e depois de um tempo, xingou-o, chamando-o de "idiota."