A Rebeldia da Esposa Desprezada romance Capítulo 68

Marcelo Lopes não aguentou e perguntou.

Flávia Almeida era daquelas que não conseguem segurar a língua, e com Marcelo chegando de papo pro ar, ela não conseguiu se conter . Abriu a sacola e foi mostrando um por um.

Luvas resistentes pro jardineiro, um treco de massagem pra empregada, botas novinhas pro domador de cavalos e até pro Antó tinha um prendedor de crina.

Ela foi falando empolgada, sem notar a cara do Marcelo.

Quando terminou o desfile de presentes, e só restou uma caixa no fundo da sacola, Flávia se tocou e tirou a caixa pra fora, "Ah, isso aqui é pra você."

Marcelo deu uma olhada de canto.

A caixa era da mesma loja onde Flávia tinha comprado uma gravata há pouco.

Ele pegou sem dar muita bola, "Pra que me dar uma gravata?"

"Não é gravata," Flávia disse com um sorriso maroto, "quando eu estava comprando a gravata, a vendedora me disse que tinha promoção hoje, que com mais 99 reais levava um par de meias! Você não falou que as meias deles são confortáveis? Só que o preço normal é um absurdo, e com 99 reais é quase de graça. Escolhi uma cor azul marinho que combina com qualquer terno..."

Antes que ela terminasse, Marcelo já tinha feito cara de poucos amigos e jogado a caixa de volta na sacola.

"Qual é o seu problema?"

Flávia não curtiu a atitude dele. Bom, ela não tava esperando tanto mesmo. Nem ajudou a carregar as coisas, e ainda por cima fazia essa cara feia ao ganhar um presente!

Marcelo nem deu bola pra ela, e falou pro motorista com frieza, "Seu Pereira, pisa fundo."

Era difícil entender o humor desse cara, nunca dava pra saber o que ela tinha feito pra irritá-lo!

Passados trinta minutos, finalmente chegaram à residência da família Lopes.

A casa era um terreno comprado pelo Vovô Lopes e pela Vovó Lopes depois que ficaram ricos, e construíram um lar ao seu gosto.

Era um estilo que lembrava as construções clássicas, com pavilhões e laguinhos, um charme antigo.

No meio dos condomínios de luxo que surgiram na região, a casa deles era um destaque.

Quando a Vovó Lopes começou a criar cavalos, compraram mais de vinte acres de terra atrás da casa, montaram um hipódromo e uma horta. Todo dia plantavam alguma coisa e cuidavam dos cavalos, uma vida que era um sossego só.

Quando Flávia entrou na propriedade, viu um Bentley sem placa estacionado.

Ela nunca tinha reparado aquele carro ali, achou que era só mais um carrão da família. Mas quando chegaram mais perto da casa principal, os risos e as conversas ficavam mais altos.

Só quando chegaram à porta é que perceberam que tinham visitas.

Um era o Lucas Ramos, e o outro era um cara da idade dele, com um rosto fino e traços bonitos, tal qual um nobre, mas com uma postura firme que não deixava dúvida de sua masculinidade.

Quando Flávia e Marcelo entraram, o homem estava conversando com a Vovó Lopes. Parecia que tinham tocado num assunto engraçado, pois Vovó estava rindo à beça. A risada parou quando eles entraram, e ela acenou, "Olha só, essa é minha nora. É ela, você acha?"

O homem congelou e observou Flávia com atenção.

Flávia, sem entender nada, fez um cumprimento sem graça e cutucou Marcelo por trás, perguntando com o olhar quem era aquele.

Marcelo, que também estava por fora, beliscou a ponta do dedo dela discretamente.

Flávia, que não aceitava desaforo, deu um beliscão de volta na mão dele.

O homem desviou o olhar e deu um sorriso discreto, "Sendo nora dos Lopes, só pode ser ela."

Flávia Almeida ficou ainda mais confusa, até que Lucas Ramos explicou pra ela, "Esse é o Antônio Martins, a garota que você salvou no banheiro ontem à noite é irmã dele."

Não era só isso, o pai de e o de Marcelo Lopes eram amigos de infância tão próximos que podiam vestir a mesma calça.

Há muitos anos atrás, a família deles tinha se mudado para o exterior para tratar da saúde da filha mais nova, investindo grande parte de seus negócios lá. Como a filha dele melhorou recentemente, Sr. Martins decidiu que sua família deveria voltar ao Brasil.

Como ainda tinham negócios pendentes no exterior, mandaram os filhos virem na frente.

Na noite passanda, eles deveriam estar juntos à festa, mas o irmão se atrasou por conta de um compromisso e a irmã teve um ataque no banheiro.

Ela foi socorrida e levada para o hospital. Depois que Juliana Martins se estabilizou, Antônio Martins contatou o hotel para achar a "salvadora", e com a ajuda do gerente, chegaram até Lucas Ramos. Foi assim que descobriram que a salvadora era a nora mais velha da família Lopes.

Ao saber do que aconteceu, o Presidente Martins, ainda no exterior, ordenou que seu filho fosse agradecer pessoalmente, o que culminou na cena que acabou de acontecer.

Antônio Martins era muito cortês, levantou e fez uma reverência a Flávia Almeida, dizendo com voz suave, "Muito obrigado, Srta. Almeida, por ajudar minha irmã ontem à noite. Ela sempre teve a saúde frágil e o que aconteceu poderia ter sido trágico se você não estivesse lá. Em nome de toda a minha família, quero expressar nossa profunda gratidão."

Enquanto falava, ele entregou uma caixa pra Flávia Almeida, "Isso é um pequeno gesto de nossa parte, esperamos que você aceite. Dentro também tem o meu cartão de visitas. Se precisar de qualquer coisa, não hesite em me chamar. Dentro dos meus limites, farei o possível para ajudar."

Se Flávia Almeida não estava enganada, dentro dessa caixa tinha as chaves de um Bentley.

O "pequeno gesto" dele não seria, por acaso, aquele Bentley estacionado na frente?

Da última vez que Flávia Almeida foi agradecida por fazer algo bom foi quando encontrou a carteira da professora no jardim de infância e recebeu um doce como recompensa.

Um agradecimento tão formal como aquele era novo para ela, e ela ficou com vergonha.

"Sr. Martins, isso é demais... Agradeço, mas não posso aceitar o presente."

Antônio Martins insistiu com voz suave, "Meu pai fez questão que eu trouxesse este gesto de agradecimento, e eu não saberia como justificar pra ele se você não aceitar."

Flávia Almeida se viu num dilema.

Ela gostava de dinheiro, e se a família Martins tivesse e dado ela um pequeno presente, ela teria aceitado. Mas um carro tão caro? Sinceramente, ela não queria.

Essa sorte inesperada deixava ela insegura. Por um lado, não achava que o que fez valia tanto assim. Por outro, aceitar o presente parecia tirar a pureza do seu ato de salvar alguém.

Ela tentou recusar várias vezes, até que a Vovó Lopes interveio, "Flávia, aceite o carinho da família Martins."

Marcelo Lopes também falou, "Pode pegar."

Diante disso, Flávia Almeida não teve mais como recusar.

Ela aceitou o presente e a Vovó Lopes convidou eles para se sentarem ao lado, enquanto continuava a conversar com os mais jovens.

A avó, como sempre, tinha a mente tão afiada quanto sempre, perguntando sobre a saúde de Lucas Ramos, mostrando interesse pelo trabalho de Antônio Martins, e lembrando-se claramente de histórias da infância deles.

Durante a conversa com alguns colegas, Flávia Almeida descobriu que Lucas Ramos tinha ido para o exterior há sete anos por conta de uns problemas de saúde.

Falando sério, olhando para Lucas Ramos, ele parecia a própria imagem da saúde, com um porte físico parecido com o do Marcelo Lopes, que malhava o ano todo. Flávia tinha dificuldade em imaginar Lucas acamado.

Ela estava tão concentrada observando ele que nem percebeu quando uma dor súbita atingiu sua cabeça—o danado do Marcelo Lopes tinha puxado seu cabelo.

Olhando feio para ele, ela sussurrou, meio irritada, "Que diabos você está fazendo?"

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: A Rebeldia da Esposa Desprezada