Ela tirou o celular do bolso e atendeu.
— Alô?
— Sou eu.
— Danilo? — Isabela ficou surpresa ao ouvir a voz dele. — O que houve?
Danilo estava parado na calçada, observando a figura de Isabela à distância. Naquele momento, se Isabela olhasse para trás, veria Danilo parado atrás dela.
— Amanhã é meu aniversário. Vai vir?
Isabela hesitou por um instante. Ir à comemoração significaria, com certeza, encontrar Sandro. Mas ela e Danilo sempre tiveram uma relação muito próxima. Além disso, ela conhecia Danilo antes mesmo de conhecer Sandro, eles eram todos colegas de faculdade.
— Vou sim. — Respondeu ela, decidida.
— Ótimo, então nos vemos no mesmo lugar de sempre. — Disse Danilo, satisfeito.
— Tudo bem.
...
Depois do trabalho, Isabela passou em uma loja e escolheu um presente com cuidado, fazendo questão de embalar tudo com capricho. Chamou um táxi e foi até o Restaurante Primavera, onde eles costumavam celebrar aniversários. Parou diante da porta do reservado e, ao estender a mão para abrir, ouviu risadas de mulheres e, em seguida, a voz de Fabiano, em tom provocador:
— Sandro, a primeira vez que você e a Milena ficaram juntos foi no ano passado, no seu aniversário de casamento de três anos com a Isabela, não foi? Bem no dia em que sua esposa tinha bebido demais e vocês dois sumiram para o estacionamento...
— Hahaha! — Gabriel também caiu na risada. — Eu lembro disso! Quando a Milena voltou, mal conseguia andar! Só escapou porque a Isabela estava tão bêbada que nem percebeu. Mas me diz aí, Sandro, ela ainda era inexperiente?
A mão de Isabela se fechou firmemente na maçaneta. Ela já sabia da infidelidade de Sandro, mas ouvir aqueles detalhes deixava ela nauseada. Sentiu uma onda de mal-estar tomando conta de seu corpo e seu estômago se revirou. Ela não esperava que Sandro fosse capaz de fazer coisas tão nojentas bem debaixo do seu nariz.
O silêncio de Sandro, sem nenhuma tentativa de negar as acusações, confirmava tudo. Sete anos de relacionamento, sete anos de dedicação, agora pareciam completamente sem valor. Ela pensou que, se tivesse dedicado esses anos a um cachorro, pelo menos ele saberia reconhecer quem era seu dono e, de alguma forma, seria leal. Mas Sandro? A traição era cruel.
Com uma respiração profunda, Isabela abriu a porta. Seu rosto mantinha um sorriso discreto e sereno, como se nada tivesse acontecido.
O ambiente ficou em silêncio absoluto. Havia quatro homens ao redor da grande mesa redonda e, ao fundo, algumas mulheres dançavam, provocantes, em roupas minúsculas.
— Que bom que você veio. — Disse Danilo, se levantando para recebê-la.
Gabriel se apressou em puxar uma cadeira ao lado de Sandro.
— Isabela, sente aqui. — Ofereceu ele.
Isabela recusou com um sorriso gentil.
— Não precisa, obrigada. — Ela caminhou até a cadeira ao lado de Danilo, a puxou e se sentou. — Eu e o Sandro já estamos divorciados. Então, por favor, não precisam ser tão formal.
O clima ficou ainda mais pesado. Sandro lançou um olhar frio para Isabela, claramente incomodado. Ninguém ousava dizer nada, receosos de que qualquer palavra pudesse agravar a tensão.
— Continuem aproveitando, gente. Não é por minha causa que vocês vão ficar desconfortáveis, certo? — Isabela lançou um olhar firme para as mulheres, que riam e dançavam ao fundo.
— Claro, claro, foi só uma brincadeira. — Disse Gabriel, tentando aliviar a situação e logo dispensando as garotas.
Isabela sabia que Gabriel e Fabiano sempre foram festeiros, e, pelo seu relacionamento com Sandro, acabou conhecendo eles. Mas, agora, o vínculo dela com eles não significava nada. Se fosse o aniversário de Gabriel ou Fabiano, ela nem sequer teria vindo.
— Aqui, o presente. — Disse Isabela, sorrindo enquanto entregava o presente ao Danilo.
Ele lançou um olhar rápido para Sandro antes de aceitar o presente.
— Fique tranquilo. — Respondeu Isabela, pegando a bolsa que estava na cadeira. Ela olhou para Sandro com uma expressão fria e distante. — Não fale comigo nesse tom de comando. Além disso, eu e você já estamos divorciados.
Aproveitou para lançar um olhar significativo ao redor da mesa, onde todos os olhares encaravam ela, surpresos.
— Já que todos estão aqui, vou anunciar oficialmente: eu e o Sandro estamos divorciados. O processo foi concluído, os bens foram divididos e cada um vai seguir o próprio caminho de agora em diante.
Assim que terminou de falar, ela deu um passo em direção à saída. Sandro, no entanto, em um movimento brusco, jogou a cadeira ao chão, sua raiva evidente e contida explodindo em sua postura tensa.
Ele se colocou na frente dela, bloqueando a passagem. Sua fúria irradiava, deixando o ambiente pesado e abafado.
— Já deu de cena, Isabela. — Ele falou entredentes, o rosto vermelho de irritação. — Olha o papelão que você está fazendo, me desrespeitando na frente dos meus amigos. Não acha que já teve sua dose de drama?
— Sente. Vamos jantar. — Ele segurou o pulso dela com firmeza.
Isabela sacudiu o braço com força, se livrando do aperto dele.
— Sandro, o casamento não é brincadeira. — Disse ela, cada palavra cheia de convicção. — Quando me casei com você, foi porque pensei muito bem. E o mesmo vale para o divórcio. Eu não estou fazendo cena ou tentando provocar você. Essa decisão é séria e a final.
Por um momento, a máscara de controle que ele tanto preservava finalmente se rompeu. A frustração de Sandro ficou evidente em seus olhos.
Danilo interveio, colocando a mão no braço de Sandro e o encarando com firmeza.
— Isabela, pode ir. Eu cuido disso aqui.
Ela deu uma última olhada para o grupo antes de se virar em direção à porta, saindo em passos decididos.
— Isabela! — A voz de Sandro ecoou pela sala, tomada por um tom desesperado e furioso. — Se sair por essa porta hoje, aí sim vai ser o fim de tudo entre nós!

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: A Segunda Chance com o Amor