Quando anoiteceu, Isaque ajudou-os a pedir o jantar e o pessoal do serviço de quarto veio entregar. Ele pediu bastante comida e incluiu sua parte no pedido também.
Sofia estava encostada na cama jogando. Apesar de ouvir a agitação do lado de fora, ela não se moveu, fingindo desconhecer.
Depois de um tempo, João abriu a porta, entrou e parado na entrada, ele disse: “Está na hora do jantar”.
Deste modo, ela desviou o olhar do telefone para ele.
Como explico esse sentimento? Parece que estou numa época e local diferente e os papéis foram invertidos. No passado, João sempre se fechava no quarto escritório depois de chegar em casa. Na maioria das vezes, era eu quem o chamava para jantar. Porém, eu não me atrevia a entrar no escritório. Eu só podia bater na porta e ficar parada para avisá-lo que estava na hora do jantar.
Parando de olhar, ela respondeu “Ok. Eu vou assim que terminar esse jogo”.
João não disse nada, apenas virou-se para sair ao invés disso.
No passado, ele costumava responder da mesma maneira: ‘Ok, eu vou assim que terminar de examinar este documento.’ No entanto, na maioria das vezes, ele só descia depois que eu havia terminado de comer.
Naquele tempo, minha auto-estima era baixíssima. Assim, era impossível não perguntar a mim mesma se aquele homem estava propositadamente tentando me evitar—tanto que ele precisava até escalonar seu horário de refeição.
Pensar no passado a fazia sentir-se extremamente desconfortável.
Infelizmente, Sofia falhou na passagem desse estágio. Contudo, não fazia sequer dois minutos que João tinha saído. Ela, então, deixou o telefone de lado, respirou fundo e levantou da cama.
Isaque e João já estavam sentados, mas ainda não tinham tocado em seus talheres. Ao que parece, estavam esperando por ela.
Aproximando-se, ela puxou uma cadeira e sentou-se, desprovida de emoções.
Então, João disse: “Vamos comer”.
Isaque olhou para Sofia. “Ele não deixou que tocasse meus talheres antes de você vir”.
Ela resmungou. “Você está me culpando?”
Ele ficou surpreso. Não esperava que ela reagisse daquela maneira. Depois de um tempo atordoado, ele explicou com uma voz leve: “Não estava te culpando”.
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