A Vida Solteira Mais Doce e Significante romance Capítulo 656

— O tio disse que este é o lugar onde você cresceu. Apesar das lembranças não serem boas, ainda assim fazem parte de você.

— Ele também falou que tudo aqui deve ser reconstruído fielmente, para que você se sinta feliz neste lugar e, assim, substitua as memórias ruins que teve.

Nádia Lacerda ficou imóvel, surpresa.

Usar boas lembranças daqui para substituir as antigas, dolorosas?

Nunca imaginara um método de cura assim.

Mas Vladimir Souza, sem perceber, havia inventado esse caminho.

Era uma espécie de sugestão psicológica.

Fazia com que o cérebro do paciente se auto-sugestionasse, vez após vez.

No final, isso realmente poderia produzir um efeito de substituição.

— Tia, você precisa ser feliz daqui pra frente. Ah, quer dizer, o tio disse que não é só no futuro, você deve ser feliz até nas memórias do passado. Você é uma pessoa completamente feliz.

Os olhos de Nádia Lacerda se encheram de lágrimas.

Temendo que alguém percebesse sua sensibilidade, ela logo foi até a janela e a abriu.

Uma brisa fria entrou.

E ela se sentiu muito mais desperta.

Do lado de fora, via-se um pequeno morro.

Daquele ponto, era possível observar toda a paisagem das colinas.

O que a surpreendeu foi que aquele cenário era uma réplica do lugar onde ela e Vladimir Souza haviam se encontrado pela primeira vez.

Meio atônita, ela olhou por cima do ombro.

— Vladimir Souza, você não tinha perdido a memória?

Vladimir Souza respondeu com naturalidade:

— Sim, por quê?

— Este lugar… é muito parecido com onde nos encontramos pela primeira vez.

O rosto de Vladimir Souza se encheu de espanto.

— Então, quer dizer que, por instinto, reconstruí o cenário do nosso primeiro encontro?

Nádia Lacerda, há pouco, pensava que ele fingia ter perdido a memória.

Mas, ouvindo-o agora, só pôde sentir uma pontinha de inveja daquele talento.

No fundo, fazia sentido.

Apesar de Vladimir Souza não se lembrar claramente de sua infância, aquelas memórias ainda estavam guardadas, profundamente, em sua mente.

— Mas o Juju precisa ir à escola. Vou pedir para o Mário Costa levá-lo.

Júlio Souza, que ainda sonhava em passar dias felizes ali, logo caiu na realidade.

Ficou visivelmente desanimado.

Por mais que protestasse, Vladimir Souza manteve-se irredutível.

Sem opção, Júlio teve que ir embora com Mário Costa.

Mário Costa tentou convencê-lo, com toda a paciência do mundo:

— Pense bem, garoto. Se o Sr. Vladimir e a Srta. Nádia ficarem mais tempo juntos, a relação deles vai se fortalecer, não vai?

— Você não queria muito ter uma tia?

— É uma ótima oportunidade.

De repente, Júlio Souza entendeu tudo e, sem mais birra, entrou no carro de bom grado.

Mário Costa ficou radiante.

Mas, no instante seguinte, Júlio perguntou:

— Da próxima vez que viermos, será que já precisamos trazer os doces de casamento?