A Vitória do Verdadeiro Amor romance Capítulo 896

Luciana só então percebeu, meio atrasada, que, mesmo com a porta aberta há tanto tempo, Carlos ainda estava do lado de fora, sem sequer ter entrado.

Coçando a cabeça e abrindo espaço, Luciana convidou: “Entre, venha conversar. Está frio lá fora.”

Embora não fosse adequado um homem e uma mulher sozinhos em uma casa, e ela realmente não soubesse o que deveria dizer a Carlos, afinal de contas ele já estava ali, não seria educado deixá-lo do lado de fora.

Além disso, a temperatura negativa lá fora e o fato de o casaco dele estar sobre ela a impediam de deixá-lo exposto ao frio.

Isso não era maneira de tratar um convidado.

Sim. Convidado.

Mesmo com Carlos já à sua frente, ela ainda sentia que a relação entre eles não era tão sutil ou ambígua quanto poderia imaginar.

Pelo menos, ela não conseguia agir de outro modo. Afinal, por mais descontraída que fosse, no fim das contas, ainda era mulher; certa reserva era inevitável.

Carlos não recusou.

Ele entrou e, quase automaticamente, fechou a porta atrás de si.

A porta pesada isolou o ar frio e o vento cortante do lado de fora, deixando apenas ela e Carlos dentro daquela casa.

Depois de tirar o casaco, Carlos ficou apenas com um suéter preto, por baixo do qual se via a gola de uma camisa cinza.

Era possível ver claramente que os botões da camisa cinza estavam todos abertos, revelando sutilmente o contorno sensual e bronzeado dos músculos do peito.

Esse estilo, formal, mas com um toque de despreocupação, conferia-lhe um charme masculino inegável.

Isso fez com que a temperatura do corpo dela subisse repentinamente e de forma acelerada.

Foi a primeira vez que Luciana sentiu aquela casa, antes tão vazia, tão apertada, a ponto de deixá-la sem saber onde pôr as mãos e os pés, com as palmas frias, suando de nervosismo.

Ela nem sabia por que estava tão nervosa.

Afinal, era um encontro absolutamente corriqueiro; mesmo quando era cirurgiã principal numa operação, nunca ficara tão nervosa assim.

Justamente nesse momento de hesitação, Carlos se aproximou, e, no instante seguinte, estendeu os braços e a envolveu num abraço, com naturalidade.

Ele abaixou a cabeça e, quase de imediato, pousou os lábios sobre os dela.

Todos esses gestos aconteceram de forma tão fluida que Luciana mal teve tempo de reagir, já sentindo o frio e a maciez dos lábios dele, como sorvete derretendo em um dia de verão.

Frescor gelado, com um sabor doce e marcante, deixando-a inebriada, com todas as células do corpo em êxtase.

Ela arregalou os olhos, um olhar de incredulidade, fitando o rosto tão próximo.

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