Afeição tardia é pior que grama romance Capítulo 36

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Cecília, interpretando a coadjuvante Adelina, tinha poucas cenas, e as filmagens corriam muito bem. Mas, ainda ocorreu um imprevisto nos últimos dias de gravação.

Naquele dia, a cena era de fuga. O protagonista e a personagem de apoio realizavam uma missão. Sendo perseguidos pelo inimigo, fugiam de carro.

O ator masculino dirigia. Cecília sentava no assento do passageiro, ocasionalmente estendendo a cabeça pela janela para disparar contra os perseguidores atrás deles. O clima de tensão e emoção estava ao máximo. Justamente quando o Diretor Leite estava prestes a gritar "corta" pelo megafone, o acidente aconteceu.

De repente, uma pessoa apareceu na estrada, que deveria estar vazia. O ator que dirigia pisou no freio bruscamente, fazendo o carro parar abruptamente. Cecília, que por motivos de filmagem e facilidade em atirar não estava com o cinto de segurança, foi lançada para frente e bateu no para-brisa dianteiro do carro.

Por um instante, a mente de Cecília ficou em branco, ouvindo apenas um zumbido ensurdecedor em seus ouvidos. Ela quase se viu afogada na memória de um acidente de carro que aconteceu três anos atrás. O impacto violento e o medo de morrer quase a consumiu completamente.

Sua visão começou a embaçar. Ela ouviu vozes e gritos ao redor, como se alguém estivesse chamando seu nome.

"Cecília, Cecília, acorde. Não tenha medo. Está tudo bem!"

"Wilson, é você?" Cecília conseguia mover seus lábios, sem saber se estava alucinando. Então, caiu em escuridão total.

O set de filmagem virou um caos. O Diretor Leite jogou o megafone de lado e correu até lá.

"Chamem uma ambulância. Cadê o médico?!"

"Como alguém pôde entrar assim?! Como estava o bloqueio da área?!"

"Cecília, você está bem?"

Foi distraída pela discussão. Quando viu uma criança correndo de repente na frente do carro, já era tarde demais para frear. Ela girou o volante rapidamente, conseguindo evitar a criança por pouco. E o carro bateu na barreira lateral.

Com um estrondo, a porta do carro foi amassada. Ela ficou presa dentro do veículo, o celular jogado para fora e a tela toda preta.

Sangrando pela testa e pelos pulsos, a sua visão estava turva. A criança que quase foi atropelada, provavelmente foi assustada, e já tinha desaparecido.

Sem ninguém por perto, o silêncio era assustador. Cecília estava presa no carro apertado, esperando pela morte enquanto o sangue não parava de fluir...

Cecília acordou com uma dor de cabeça insuportável. Abriu os olhos e viu o rosto preocupado de Everaldo.

Por um momento, a cena diante de seus olhos pareceu se sobrepor com a de três anos atrás.