Além da Traição: O Renascimento de Uma Estrela romance Capítulo 96

Todos os olhares seguiam sua figura.

Descendo da motocicleta, um jovem cujo rosto estava obscurecido pela escuridão da noite, caminhou em direção a Cíntia Andrade. Sem dizer uma palavra, ele tirou seu próprio casaco e o colocou sobre os ombros dela, entregando-lhe também um capacete.

Jerônimo Laurentino franziu a testa, escondendo os tumultuosos sentimentos sombrios em seus olhos.

O casaco ainda retinha o calor do corpo do jovem e, ao vesti-lo, Cíntia finalmente sentiu um toque de calor.

"Você veio mesmo?"

"Eu disse que viria buscá-la."

Cíntia sorriu: "Você chegou bem na hora".

O jovem era Henrique Leite, amigo de César Araújo.

Naquela noite, quando ela se envolveu em um acidente de carro, eles estavam passando por acaso.

Foi ainda mais coincidência o fato de que, três anos atrás, Cíntia havia ajudado Henrique no hospital, achando que nunca mais o veria. No entanto, o destino os havia reunido novamente.

"Para onde estamos indo?"

Henrique falou pouco, com uma serenidade que não condizia com sua idade.

"Primeiro para casa, ah, esquece, eu não vou para casa. Me leve para comprar umas roupas comuns, depois para a estação de trem, preciso ir logo para o Rio de Janeiro." - Sua avó ainda estava esperando por ela.

"Eu levo você."

"É longe."

"Não é tão longe."

Ao ver os lábios firmes e a teimosia nos olhos de Henrique, Cíntia não teve coragem de recusar: "Está bem, então!"

Um sorriso tênue apareceu no rosto de Henrique: "Segure firme em mim."

Cíntia passou os braços ao redor dele, e não pôde deixar de pensar, com uma ponta de admiração, como ele era esguio.

Quando ela o abraçou, o corpo de Henrique se tensionou.

Antes de partirem, ele acenou para César Araújo, que lhe fazia sinais.

Vovó Júlia arregalou os olhos: "Repita isso."

Jerônimo, com um olhar escuro, passou por Eliane Garcia: "A Sra. Eliane é tão compreensiva, certamente não se importará."

Ele estava de mau humor e não tinha disposição para bajulações.

Eliane, sentindo-se observada, ficou com o coração acelerado, mas interveio rapidamente: "Vovó, eu posso ir com a minha mãe e o tio Carlos, deixe o Jerônimo cuidar dos negócios dele, não fique chateada por tão pouco".

Vovó Júlia lhe deu um leve tapa: "Você é muito sensata, querida, mas não seja tão boazinha, as pessoas podem se aproveitar disso."

Eliane sacudiu encantadoramente o braço da avó: "Vovó, eu sou assim, não posso mudar. E, além disso, não é a senhora que cuida de mim?"

Ela não conseguia lidar com Cíntia Andrade, mas sabia como encantar a matriarca da família Laurentino.

"A senhora, hein!"

Vovó Júlia lançou um olhar severo para Jerônimo Laurentino: "Que moça maravilhosa, valorize-a, ouviu bem?"

Ele abaixou a cabeça para olhar o batom em seus dedos, passando-os lentamente, sem demonstrar se havia realmente escutado.