Amor além do tempo Homem inocente

Conseguimos chegar ao Aeroporto uma hora antes do embarque, a Cris está nitidamente nervosa, e muitas vezes tive que confortá-la falando que tudo ficaria bem.
Ela foi conversando o caminho todo com o Paulo, ela queria saber um pouco do que ele conhecia sobre o Fernando.
Mas nada que ele falou, foi suficiente pra ela acreditar que ele pudesse ser realmente inocente ao abandoná-la.
Acontece que existem muitas histórias contadas pela metade, e isso causou dores inreparáveis em duas pessoas maravilhosas como a Kyra e a Cris.
Pegamos o avião e chegamos no Rio de Janeiro pela manhã, fomos direto pro Hotel, cada um no seu quarto, descansamos até o horário do almoço, e nos preparamos pra irmos até uma das empresas Campbell.
Cris: O ideal é o Paulo chegar na recepção e pedir pra falar com o Fernando, quando eu vim aqui a uns anos atrás, a recepcionista me esnobou, e disse que ele só tinha horário vago pra me atender no próximo século, disse quando chegamos em frente a empresa.
Paulo: E o que eu falo quando chegar na recepção? eu me identifico como Paulo ou invento outro nome?
- Eu acho que você deve falar o seu nome verdadeiro, assim quando ele ouvir o seu sobrenome, irá vincular o seu sobrenome ao nome da mãe da Kyra.
Paulo: Tudo bem, eu vou entrar agora.
Ficamos olhando a distância o Paulo se aproximar da recepção, ele conversou com a recepcionista que logo pegou o telefone, acredito que ela tentou falar com o Fernando.
Cris: Não é a mesma recepcionista da vez que eu vim, essa deve ser mais educada.
Alguns minutos depois, o Paulo volta com cara de decepção.
Paulo: A Recepcionista ligou pra uma tal de Carmem, e a tal de Carmem falou que era pra pedir pra eu me retirar, ou os seguranças fariam isso.
Cris: Carmem é a minha vó, se é que a posso chamar assim. Que cretina, essa mulher deveria está em casa, esperando a morte chegar.
- Isso é ruim, se ela já sabe que estamos procurando ele, ela mandará alguém ficar de olho tanto aqui, quanto onde ele mora.
Cris: Eu tenho uma ideia.
Ela aparentemente só sabe que tem uma pessoa procurando o Fernando, e não três. Devemos nos separar um pouco ao redor da empresa, e aguardar ele sair daí de dentro, eu o conheço, sei quem ele é, uma hora ele vai ter que sair, e é aí que nós abordaremos ele.
- Mas como vamos abordar ele com esses seguranças?
Cris: Teremos que agir feito loucos, e gritar até que ele nos ouça.
Paulo: Pois teremos que agir feito loucos agora, pois deve ser ele saindo ali.
O Paulo apontou em direção a entrada, e com ele tinha 4 seguranças.
Cris: É ele mesmo, essa é a hora Paulo, tenta correr e grita seu nome, eu e o Dilan vamos logo atrás pra te dar apoio.
O Paulo estava um pouco fora de forma, mas consegui chegar até lá antes do Fernando entrar no carro.
Os seguranças perceberam ele se aproximando e apontaram as armas pra ele.
- Caramba Cris, os seguranças estão pensando que ele é um marginal, sequestrador ou algo assim.
Cris: Parecem uns animais.
Ficamos olhando, e vimos que o Fernando olhou em direção ao Paulo, e parou de andar, enquanto o Paulo falava algo a distância.
Foi então que o Fernando fez um movimento com a mão, e os seguranças baixaram a arma, e finalmente o Paulo conseguiu se aproximar do Fernando.
- Conseguimos Cris, conseguimos.
O Paulo conversou algo com o Fernando, e logo depois olhou pra trás na direção onde estávamos escondidos, ele fez um movimento com a mão nos dando a entender que deveríamos ir até lá.
Cris: Eu não quero ir Dilan, eu vou voltar pro Hotel.
- Você tem certeza Cris? ele tá bem ali, é sua chance de saber a verdade.
Cris: O nosso foco é ajudar a Kyra, eu terei outras oportunidades de conseguir as respostas que eu proucuro.
- Tudo bem, a gente se ver no hotel então.
Caminhei até onde o Paulo e o Fernando estavam.
O Fernando me encarou, ele era um homem sério, e a Kyra parecia muito com ele.
Paulo: Fernando, esse é o Dilan, amigo de infância da Kyra.
Ele estendeu a mão pra mim, e eu apertei.
Fernando: Eu estou surpreso por receber a visita de vocês, principalmente a sua Paulo, pensei que eu nunca mais fosse ter notícias de ninguém da família de vocês.
Paulo: Até ontem eu pensava que você estava morto Fernando.
- Morto? não estou entendendo.
O Fernando pareceu realmente surpreso.
Paulo: Tem muitas coisas que precisamos conversar.
Fernando: Eu estava indo pra uma reunião, mas vou desmarcar tudo agora e dar a atenção devida pra vocês.
Entrem no carro por favor, vamos até um lugar mais adequado pra termos essa conversa.
Ele parecia disposto a conversar com a gente.
Entramos no carro, e percebi que um dos seguranças se afastou e falou no celular, o carro deu partida deixando esse segurança pra trás.
Alguns minutos depois o celular do Fernando tocou.
Fernando: Oi mãe. Não eu não posso voltar, foi até bom a senhora ter ligado, peça pra Lena cancelar todos os meus compromissos pra hoje...não é assunto seu mãe e sim meu. Boa tarde.
Ele ficou visivelmente tenso, e eu fiquei intrigado com o segurança que provavelmente trabalhava passando informações pra essa tal de Carmem.
O carro entrou no que parecia um clube, ele era absurdamente grande e bonito, com muitas árvores e com muito luxo.
Fernando: Chegamos. Falou descendo do carro e caminhou até um imenso gramado, onde haviam algumas mesas, uma bem distante da outra, parecia um local bastante reservado.
Sentamos ao redor da mesa e o Fernando pediu pros outros seguranças se retirarem.
Fernando: O que trouxeram vocês aqui? aconteceu alguma coisa com a Kyra?
Ele falava da Kyra, como se realmente se preocupasse com ela, mas eu não entendia como alguém que se preocupa não a procura.
Paulo: Sim, aconteceu e é por ela que estamos aqui.
Ele pareceu bastante preocupado e o Paulo já ia começar a falar quando eu o interrompi.
- Desculpa ser tão direto nesse assunto seu Fernando, mas porquê você nunca procurou a Kyra durante todos esses anos?
Fernando: Pra protegê-la, eu não podia ser o pai que ela precisava que eu fosse.
- Eu não estou entendendo, e agradeceria se você pudesse nos explicar.
Eu sempre fui criado com mão de ferro pelos meus pais, por eu ser filho único, acabei recebendo mais responsabilidades do que eu gostaria.
Teve um momento que eu cansei dessa cobrança desenfreada deles, e decidi trilhar o meu próprio caminho.
Estudei e fiz uma prova pra conseguir uma bolsa de estudos, e consegui uma em Minas Gerais.
Fui pra minas apenas com a bolsa de mão, e um pouco de dinheiro.
Assim que cheguei, aluguei um quartinho e consegui um emprego em uma padaria, e todo dia, cedinho da manhã uma moça ia lá comprar pão, e eu me apaixonei por ela.
- Essa moça era a mãe da Kyra?
Fernando: Sim.
Um dia, tomei coragem e a chamei pra sair, e ela aceitou.
E depois disso começamos a nos
Ela foi a mulher mais linda, mais perfeita e mais doce que conheci na minha vida.
eu estava com ela no meu quarto, quando o meu pai bateu na minha porta, ele havia descoberto onde eu estava escondido.
de eu já ser maior de idade, ele achava que tinha algum poder sobre mim.
chamou a mãe da Kyra de perrapada e miserável, e disse que ela estava acabando com a minha vida.
Eu nunca havia falado pra ela sobre a minha família, mas nesse dia ela descobriu da pior maneira possível.
Ele quis me levar de volta pro Rio, e eu me recusei a voltar, pois eu já estava estudando, trabalhando e estava conseguindo me virar sem o dinheiro deles.
pai foi embora dizendo que se eu não voltasse com as minhas próprias pernas, eu poderia esquecer que ele e a minha mãe existiam.
Tentei me desculpar com a mãe da Kyra, mas ela ficou dias magoada comigo, ela ia na padaria e não olhava na minha cara, até que um dia eu a segui, e descobri onde ela morava, pois até então, eu não sabia.
A família dela era simples, mas eu fui recebido muito bem por eles, e pedi pra namorar com ela pros pais dela, e ela ficou me olhando, querendo me matar.
"Falou entre risos, como se ele sentisse saudades dessa época".
Tudo estava indo bem, ela finalmente me desculpou, e eu continuei vivendo uma vida simples, dentro das possibilidades que me eram permitidas.
Então, houve um dia que o meu pai e minha mãe contrataram um detetive pra espionar a minha vida, e esse detetive descobriu onde a mãe da kyra morava, alguns dias depois, meus pais foram bater na casa dela, e falaram com os pais dela e ofereceram dinheiro pra eles pra que a mãe da kyra me esquecesse.
Os meus sogros não aceitaram, é claro, mas também não deixaram mais a Kyra me ver, pois não queriam que a filha deles sofresse, visto que a nossa diferença social era enorme, e na minha família o sofrimento é certo.
"Falou com tristeza".
O tempo foi passando, e eu e ela passamos a nos encontrar escondido, mas isso não durou muito, pois o tal do detetive passou a mandar fotos pra casa dos meus sogros, os alertando que os encontros ainda estavam acontecendo.
Quando eles souberam, os meus sogros deram uma surra na mãe da kyra que a deixou marcada por dias.
Foi aí então que decidimos fugir.
Saímos no meio da madrugada, e procuramos um lugar calmo e sossegado pra vivermos a vida, com a promessa de nunca mais procuramos a nossa família, foi então que chegamos em Ilhabela.
era paradisíaco, com pessoas acolhedoras e nos sentimos em casa estando lá.
demorei a encontrar um emprego, e logo depois ela descobriu estar grávida da
trabalhava em casa de família, e eu fazia uns bicos que me pagavam muito pouco, e nem sempre
coisas começaram a faltar dentro de casa, e faltava pouco tempo pra Kyra nascer, e ainda não tínhamos nada pra ela, nem berço, nem
a barriga grande, a mulher que ela trabalhava limpando a casa dela, a dispensou, e a miséria começou a bater na nossa
movido pelo desespero, eu entrei em contato com a minha mãe, e falei pra ela tudo o que eu estava
marcou de me encontrar, e eu fui encontrá-la escondido da Mika, mãe
minha mãe me viu, ela foi fria e desprezível.
que me ajudaria, se eu voltasse pro Rio de Janeiro e assumisse os negócios da família, pois o meu pai estava muito doente e precisava de mim, e isso seria uma troca, ele morreu pouco tempo depois.
disse que compraria uma casa, compraria tudo o que a Kyra precisasse, desde que eu nunca mais as
queria que a Kyra tivesse um futuro digno, que ela não precisasse passar pelo o que eu e a mãe dela estávamos passando, então eu aceitei. Eu pedi alguns dias pra minha mãe até a Kyra nascer, e ela aceitou e me deu uma boa quantia em dinheiro pra que eu pudesse comprar uma casa e as coisas que a kyra iria
com o dono da casa, e ele aceitou vendê-la
precisei mentir pra Mika, eu disse pra ela que havia conseguido um emprego e eu me lembro que ela ficou radiante, eu saía todos os dias pra praia, e ficava la até o fim do dia, pra ela acreditar que realmente eu tinha um emprego, um mês depois a
tirou da carteira, uma foto antiga segurando a kyra nos braços, e eu me lembrei que ela havia lamentando o fato de não ter nenhuma foto
E o que você disse pra Mika quando precisou
não disse nada, fui a pessoa mais covarde que vocês podem imaginar.
fui embora deixando um bilhete, o documento da casa e uma boa quantia em dinheiro e chegando no Rio, eu mandei uma carta me
meses, eu mandava um cheque pra ajudá-la a manter a Kyra, nos três primeiros meses, ela aceitou, mas depois ela passou a mandar esses cheques de volta pra
com um tempo, além desses cheques, ela mandava uma certa quantia em dinheiro, falando que estava me devolvendo o dinheiro da casa que eu havia comprado, e o dinheiro que ela havia gastado nos três primeiros meses da vida
coisas mais lindas que a Mika tinha, era a garra e a determinação.
pagou em 3 anos, todo o dinheiro da casa e do que ela
das minhas obrigações de pai, mas ela me disse que não dava pra suprir amor de pai apenas
depois desses três anos que ela passou me pegando, ela mandou uma carta pra mim com a seguinte frase: Agora que não te devemos mais nada, você morreu pra
doeu de uma forma inexplicável, mas mesmo assim, continuei mandando os cheques, mas todos
e meio depois de eu ter ido embora, eu comecei a me envolver com a minha secretária, eu havia falado pra ela tudo sobre a mika e a kyra, e pedi pro nosso relacionamento ser sigiloso, pois se a minha mãe descobrisse, ela daria um jeito de nos
a primeira mulher que me envolvi depois da mãe
era uma mulher incrível, e era bastante compreensível sobre a minha situação familiar, era ela que enviava as minhas cartas pra mãe da Kyra a
era sensacional. Mas um certo dia, ela não foi trabalhar, não atendia o celular, e quando eu fui procurá ‐ la no apartamento dela, o apartamento estava vazio, ela simplesmente sumiu e eu nunca mais tive notícias
mente me levou até a mãe da Cris, mas eu não sabia o primeiro nome da mãe dela, apenas