Hadassa Barbosa moveu levemente seus olhos encantadores.
— Seu sobrinho-neto, está falando do herdeiro da família Freitas de Cidade Capital, Leonardo Freitas?
Ela já havia investigado o passado de Yan Silva quando ficou responsável por aquele projeto.
Yan Silva, apesar da pouca idade, já ocupava o cargo de diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Isso se devia, além de sua competência, ao seu poderoso respaldo familiar.
Sua base era a família Freitas, de Cidade Capital.
Yan Silva tinha uma prima que, no passado, se envolveu com o atual chefe da família Freitas, uma das famílias mais tradicionais e influentes da Cidade Capital, e com ele teve um filho: Leonardo Freitas.
Infelizmente, o destino foi cruel. Sua prima, ainda jovem, foi envenenada lentamente e, pouco tempo depois de dar à luz, faleceu.
Leonardo Freitas, desde o nascimento, carregava toxinas em seu corpo.
A família Freitas procurou os melhores médicos do país, mas nenhum conseguiu curá-lo.
Dizia-se, nos corredores da alta sociedade, que o jovem herdeiro da família Freitas não passaria dos trinta anos.
Por isso, assim que Yan Silva mencionou o nome, Hadassa compreendeu imediatamente a quem ele se referia.
— Exatamente, é ele mesmo.
Yan Silva apressou-se em dizer:
— Srta. Barbosa, meu sobrinho-neto só tem dinheiro, mais nada. Se você conseguir curá-lo, qualquer valor será pago, não importa quanto.
Hadassa Barbosa permaneceu em silêncio.
Ela até gostaria de tentar. Afinal, para quem tem vocação para a medicina, desafios raros costumam ser irresistíveis.
No entanto…
— Me desculpe, Diretor Silva, mas minha experiência é limitada. Receio que não possa ajudar.
Seu mestre sempre lhe dissera: socorra a quem for — menos alguém da família Freitas de Cidade Capital!
Salvar um cachorro, tudo bem. Salvar alguém da família Freitas, jamais!
Yan Silva ficou um pouco desapontado, mas não insistiu.
Afinal, Hadassa Barbosa era muito jovem. Por mais talentosa que fosse, seria difícil superar todos os especialistas que a família Freitas já havia consultado.
No fundo, ele só tentava uma última cartada, já sem esperanças.
Ainda assim, lamentava pelo jovem Leonardo.
Tão jovem, bonito, com uma fortuna que nem gerações conseguiriam gastar, e ainda assim destinado a morrer cedo…
Lá fora, Hadassa Barbosa deixou o hospital e lembrou-se de que ainda devia dinheiro a alguém.
Pegou o celular e procurou o contato do “credor”, discando o número.
O telefone tocou algumas vezes até ser atendido.

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