Amor Morto, Casamento Absurdo romance Capítulo 180

Ao observar a expressão de verdadeira compaixão misturada com pura hipocrisia nos olhos de Rodrigo, Zenobia apenas sentiu o estômago revirar de náusea. Por sorte, havia comido pouco, caso contrário, teria vomitado em cima de Rodrigo naquele instante.

“Tem algum problema com os operários que trabalham com concreto e cimento? Se não fossem eles, quem teria construído essa joia chamada Rio Dourado para você? Já tem idade suficiente e ainda fala sem pensar.”

Rodrigo lançou a Zenobia um olhar levemente desaprovador.

Ele acreditava que Zenobia certamente nutria ressentimento pela família Soares, por isso dizia tais coisas para provocá-lo.

“Zenobia, agora não é hora para esse tipo de conversa. Veja a que ponto você chegou. Quando estava na família Soares, precisava aceitar esse tipo de trabalho? Você tem ideia do quão degradante está sua situação? Tire meu número da lista de bloqueio, eu faço uma transferência para você. Depois disso, não aceite mais esse tipo de serviço pesado e indigno.”

Enquanto dizia isso, Rodrigo já havia pego o celular, como se fosse algo muito sério.

Ele aguardava que Zenobia cedesse, tirasse-o do bloqueio e aceitasse a transferência.

Zenobia não ousava aceitar o dinheiro de Rodrigo; aquilo, para ela, não era dinheiro, e sim um adiantamento para que Rodrigo continuasse a persegui-la.

“Quando eu estava na família Soares, não aceitava trabalho de pintura porque vocês ainda viviam como se estivessem no século retrasado, porque sua mãe, Luciana, achava um absurdo a nora sair para trabalhar e achava isso uma vergonha para a família. Agora eu posso fazer o que gosto, e isso não é degradante; no máximo, significa que meu atual esposo entende que o Império já acabou faz tempo.”

Zenobia, sem hesitar, despejou tudo de uma vez. “Além disso, senhor Soares, poderia me dar licença? Não quero ter nenhum tipo de contato físico com você, para evitar que sua esposa grávida veja, se exalte e acabe tendo complicações. Não posso carregar a responsabilidade pela preciosa descendência da família Soares. E, mais, está chegando minha hora de almoçar. Não me atrapalhe!”

“Hora de almoçar? Seu chefe te deu marmita? Melhor nem comer aquilo. Mando meu assistente levar Pérola para casa, e eu te levo para comer algo de verdade, que tal?”

Zenobia franziu a testa, sentindo o quão difícil era se comunicar com aquele homem.

Ela desacelerou o tom e elevou a voz: “Eu estou aqui com meu marido, para almoçar, entendeu?”

Rodrigo claramente havia entendido.

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