Já faz uma semana que discuti com meus pais e meu irmão, e o encontro anual começa em dois dias. Estou dando a eles o melhor tratamento de silêncio que posso nos meus últimos dias de liberdade, mas, surpreendentemente, eles não se deram nem ao trabalho de falar comigo, é como se eu não existisse. Bom, eles também estão ocupados com a preparação para a próxima caçada, há muito a ser feito, e eu não pretendo ajudar com nada. Sei que estou sendo arrogante ou me comportando como uma criança (talvez), mas eu não me importo, e nem eles, pelo visto. Não gosto disso e deixarei meu posicionamento claro a todos enquanto eu estiver aqui.
Não tenho com quem conversar desde que me tranquei no quarto na última semana. Estou entediada, e minha loba está se coçando dentro da minha cabeça, porque está do mesmo jeito. Graças à deusa, ela é o meu maior presente. Ela é linda, corajosa, forte e uma corredora extremamente rápida. Também amo o pelo dela, pois é único. Tenho certeza de que ela poderia facilmente desafiar um Alfa com seu tamanho e força.
Estou trancada no quarto e só saio quando preciso comer alguma coisa ou esticar as pernas (ou patas, no caso da minha loba). Afinal, não há nada que alguém possa dizer que eu queira ouvir. Eu me viro para olhar o telefone e vejo que são 4 da tarde, meu estômago começa a gemer alto. Se eu conseguir escapar do meu companheiro, vou comer muito para celebrar e para manter minha energia alta. Desço até a cozinha e encontro minha mãe cozinhando para todos os líderes que ficarão na casa do bando. Ela é boa nesse tipo de coisa e me treinou para fazer o mesmo. Ela diz que serei a Luna perfeita se Celeste (a Deusa da Lua) me acasalar com um Alfa. Também ensinou a mim e ao meu irmão como tratar nossos companheiros e, claro, me instruiu sobre todos os deveres de uma Luna. Seu pressentimento diz que serei companheira de um Alfa. Minha mãe é uma romântica incorrigível, tem mais fantasias do que nós.
Tento entrar na cozinha sem fazer nenhum barullho, mas ela percebe e se assusta, depois se aproxima com passos decididos e me puxa para um abraço esmagador. "Eu sinto muito minha querida. Sei o quanto você odeia isso, mas deve ser feito..." Eu me desligo durante o resto do discurso e gentilmente a afasto. Vou até a despensa pegar algo para aliviar o meu humor e meu estômago, depois saio da cozinha ouvindo seus soluços suaves ao fundo. Sinto minha loba choramingando ao ouvir nossa mãe, mas não vou desistir agora. Decidi que se eu encontrar meu companheiro, vou renegá-los como meus pais. Afinal, não é como se eles se importassem de qualquer maneira, então por que eu deveria?
Mas eu também não quero machucá-la, só não tenho mais nada a dizer que eu já não tenha dito. Ouço alguém se aproximando e me viro já pronta para me desculpar com minha mãe, porém me deparo com o meu pai parado na porta. Ele parece cansado, e sei que cinquenta por cento disso é por minha causa e os outros cinquenta por cento é devido à "caça". Suspiro e coloco minha comida na mesa. Depois me sento no banco, esperando o discurso que sei que terei que ouvir. No entanto, para minha surpresa, ele não falou nada, apenas ficou lá me observando. Ainda estou tentando ler a sua expressão, mas como um alfa experiente, ele sabe bem como esconder emoções.
Ele parou por um momento como se estivesse de volta na floresta com ela, " Quando eu a agarrei, ela me olhou com tanto fogo nos olhos que eu quase vacilei. E me disse que se eu não tirasse as mãos dela, ela nunca me deixaria tocá-la e muito menos marcá-la. No final das contas, ela cedeu, e foi a melhor coisa que aconteceu a nós dois. A caçada não é tão ruim. Por favor, dê apenas uma chance".
Após o discurso, ele simplesmente saiu me deixando atordoada. Vendo a minha mãe hoje, eu jamais imaginaria que ela tinha sido contra a ideia à época dela. De qualquer forma, ainda não estou pronta e estou com um pressentimento de que vai acontecer algo que mudará minha vida para sempre.

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