Mas foi também essa mesma pessoa quem causou toda a sua dor.
Ela não queria continuar ali parada, não queria mais vê-lo.
Karina se virou apressada, desesperadamente tateando dentro da bolsa à procura da chave. No entanto, sua mão tremia tanto que, por mais que tentasse, não conseguia encontrá-la.
— Karina? — Levi a viu e seu coração se apertou, tomado por preocupação.
Ele sabia o quanto aquilo era um choque para ela.
Mas a verdade estava se revelando aos poucos, e ela, mais cedo ou mais tarde, teria que encará-la.
— O que você está procurando? O papai te ajuda a achar.
— Não fale isso. — O corpo de Karina tremia inteiro. Ela ergueu o rosto de repente, com os olhos cheios de fúria. — Não fala besteira. Eu tenho pai, meu pai já morreu. Ele morreu por minha causa!
Ao dizer isso, as palavras ficaram presas na garganta.
Naquele instante, seu coração pareceu parar de bater. Karina respirou fundo e levou a mão ao peito.
Doía. A dor era insuportável.
Se havia algo por trás de toda aquela verdade que ela realmente não conseguia aceitar... Era, com certeza, a relação dela com Lucas.
Um pai que ela odiou por mais de uma década, que ela julgou com convicção ao longo de tantos anos, e que agora... Justamente esse homem que ela tanto odiava, havia perdido a vida por ela.
E agora, a verdade lhe gritava que até o ódio que sentia... Estava errado.
O rosto de Karina estava pálido, e gotas frias de suor se acumulavam em sua testa.
Levi estava profundamente preocupado. A saúde dela já não era boa, e nos últimos tempos os sinais de recaída haviam se intensificado. Ela ainda estava em tratamento.
— Você está sentindo alguma coisa? Vem, o papai... — Com receio de piorar ainda mais o estado emocional dela, Levi corrigiu a forma de se referir a si mesmo. — Eu te levo ao médico. Ele disse que você já faltou duas sessões do tratamento. Assim não dá.
Karina balançou a cabeça, sem sequer responder.
Ela o fitava com os olhos marejados, e as lágrimas começavam a embaçar seu olhar.
— Me responde... Ele sabe?
Ele... A quem ela se referia?
Não era preciso dizer. Todos sabiam.
Levi com certeza tinha entendido a pergunta.
Depois de um longo silêncio, ele assentiu lentamente.
— Sim.
Todos aqueles anos em que o pai a ignorou, a tratou com frieza.
Depois que sua mãe morreu, ele se casou de novo, permitiu que a madrasta a maltratasse, e nunca a defendeu.
Naquele ano, ele e a madrasta insistiram em transferir o túmulo da mãe. Quando morreu, se recusou a ser sepultado ao lado de Heloísa.
E no fim... A imagem do pai, tão miserável e trágica, lhe vinha à mente com nitidez.
Ela entendeu. Tudo agora fazia sentido.
Depois de ter sido traído e, por fim, abandonado, quanta mágoa ele guardou de Heloísa?
Quanto mais amor se sentia, mais profundo era o ódio, não era?
No entanto, ao se aproximar da morte, o amor acabou vencendo o ódio.
Por isso, ele deixou tudo para os dois irmãos. E, mais ainda, sacrificou a própria vida para que ela pudesse continuar vivendo.
Somente agora, Karina conseguia enxergar com clareza a vida que ele teve.
— Foi uma vida amarga... Ele sofreu demais. — Murmurou Karina.
O coração dela estava em pedaços, envolto em uma dor silenciosa e intensa. Com os olhos ainda fechados, se deixou afundar naquele mar de emoções que não encontravam palavras.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Após o Divórcio, Sr. Ademir Rouba um Beijo de Sua Esposa Grávida
Eu vibro, eu choro, eu rio, eu fico perplexa e ainda não posso esperar o fim desta história. Que desenrolar mais cuidadoso!!!!...
Amei a história...
O quanto torço por esse casal não tá escrito!...
Conseguiu assim, agora tbm tem que comprar moedas pra ler????...
Karina e Ademir 🤗🤗🤗...
O livro do Ademir...