— Vovô. — Ademir cerrou os dentes, mas os olhos já estavam marejados.
— Me diga, o que você decidiu?
Ademir mantinha a cabeça baixa, sem dizer uma palavra.
Otávio, com toda a sua sabedoria, já havia compreendido.
— Ademir, está com pena do seu avô, não é? Não tem coragem de ver este velho continuar sofrendo assim.
Para ele, neste momento, continuar vivo já não era uma bênção.
— Vovô... — Ademir ergueu a mão, cobrindo os olhos.
Era cruel demais pedir que ele mesmo tomasse a decisão de abrir mão do único parente que lhe restava no mundo.
— Está tudo bem. — Otávio acenou com a mão, sorrindo com leveza. — O vovô está mesmo cansado. E você já cresceu. Eu acredito que, mesmo sem mim, vai conseguir enfrentar tudo sozinho.
— Vovô. — Os joelhos de Ademir cederam, e ele se ajoelhou ao lado da cama, encostando a testa na borda do colchão.
— Bom menino... — Otávio ergueu a mão e a pousou com ternura na nuca dele. — De agora em diante, vamos fazer do seu jeito. Você vem me ver mais vezes, e eu também vou estar mais com você.
— Tá bom. — Ademir respondeu com dificuldade, como se algo lhe apertasse a garganta.
...
Naquele dia, Karina estava de plantão.
À tarde, se encontrava no escritório organizando prontuários.
— Srta. Karina. — Uma jovem enfermeira entrou correndo. — Tem um senhor lá fora querendo falar com você. Está usando o pijama do hospital.
Era Otávio.
Assim que ouviu, Karina já imaginou quem era.
— Obrigada.
Se levantou imediatamente e saiu.
Otávio estava sentado em uma cadeira de rodas, acompanhado por um cuidador. Ao ver Karina, sorriu:
— Karina.
— Vovô. — Ela correu até ele, já empurrando a cadeira de rodas. — O que está fazendo aqui? Se precisava de algo, era só me ligar que eu iria até você.
Enquanto falava, já o levava para dentro do escritório.
Como ela poderia conter o choro?
Com o passar dos anos, ele já havia se tornado, de fato, o avô dela.
Otávio então falou:
— No começo, eu ainda tentei me forçar a continuar... Me esforçar mais um pouco. Mas o Ademir tem pena de mim. Ele não quer me ver sofrendo assim. E está certo. Eu mesmo nunca consegui dizer essas palavras em voz alta... Agora que ele disse por mim, não me sinto mais culpado, nem como se o tivesse decepcionado.
— Como poderia? — Karina soluçou. — O senhor já lutou tanto.
— Sim... Lutei com tudo que tinha. Mas lutar cansa. — Otávio sorriu com serenidade. — O vovô só quer descansar agora.
Ele acariciou a mão de Karina com carinho e disse:
— Hoje eu vim porque tenho algumas coisas para te dizer... E alguns pedidos a fazer.
— Vovô, pode falar. — Karina enxugou as lágrimas e se recompôs. — Não importa o que for, eu prometo que vou fazer.
— Está bem.
Ela nem esperou ouvir o que era, e já havia prometido. Isso deixou Otávio profundamente tocado.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Após o Divórcio, Sr. Ademir Rouba um Beijo de Sua Esposa Grávida
Eu vibro, eu choro, eu rio, eu fico perplexa e ainda não posso esperar o fim desta história. Que desenrolar mais cuidadoso!!!!...
Amei a história...
O quanto torço por esse casal não tá escrito!...
Conseguiu assim, agora tbm tem que comprar moedas pra ler????...
Karina e Ademir 🤗🤗🤗...
O livro do Ademir...