Se virou e entrou no carro.
Ao olhar para as costas silenciosas daquele homem, Karina achou graça.
Dava para ver que ele estava incomodado.
Por quê? Estaria com medo de que ela se apaixonasse por outro homem?
Tanto faz.
Seria bom, aliás, que ele provasse um pouco do sabor que ela sentia todos os dias.
...
Já era bem tarde quando Ademir finalmente terminou seus compromissos e voltou para a Rua de Francisco Antônio.
Ele não foi para a casa ao lado, mesmo correndo o risco de acordar Karina, foi direto até ela.
Apesar de todo o cuidado, fazendo o possível para não fazer barulho, no momento em que se deitou, Karina despertou.
— O que você tá fazendo aqui?
— Eu estava com saudade. — Ademir a abraçou. — Não consigo dormir sem você.
Ademir passou a mão pelos cabelos de Karina:
— Está tudo bem agora, pode dormir.
Karina estava exausta e não perguntou mais nada.
No escuro, Ademir inspirou o perfume dela... E só então se sentiu em paz.
Na manhã seguinte, a vida seguiu como de costume.
Durante o café da manhã, Karina falou de repente:
— Daqui a pouco, vou ao hospital.
Ademir ficou paralisado.
Ir ao hospital para quê?
Claro que era para ver Túlio, não seria para se preocupar com Vitória.
— Tá bom.
Ele engoliu em seco. Mesmo a contragosto, concordou.
Antes de sair, Karina o acompanhou até a porta:
— Se cuide no caminho.
— Karina...
Ele sussurrou o nome dela, os olhos cheios de pesar, e a beijou.
Um beijo que foi ficando cada vez mais profundo.
Quando ele finalmente a soltou, os lábios dela estavam até um pouco inchados. Ela o encarou e disse:
— O que deu em você tão cedo? Está doente?
— Estou com ciúmes. — Ademir falou sem rodeios.
Ele tocou os lábios dela com carinho, e recomendou:
— Leve o Bruno com você, pode ser?
Era um pedido, mas também uma ordem.
Segundo Amílcar:
— Se a Sra. Barbosa estiver disposta, claro que é algo bom. O estado dele é muito grave. Mesmo que o desejo dele não se realize, pelo menos ele precisa enxergar alguma esperança para continuar vivo.
Karina era a esperança que podia manter Túlio vivo!
— Tá bom. — Karina respirou fundo e assentiu. — Eu vou colaborar o máximo que puder.
— Que ótimo.
— Karina. — Júlia apertou a mão dela com emoção, chorando. — Obrigada, obrigada mesmo. Com a sua ajuda... Nossa família inteira vai ser grata para sempre.
— Não foi nada.
Karina também se sentia muito culpada.
Ela tinha sua parcela de culpa.
Durante aqueles três anos, ela nem sequer percebeu que Vitória havia roubado suas cartas. Se tivesse descoberto aquilo antes...
Mas tudo já tinha acontecido. Agora, só restava tentar consertar.
Quando Túlio acordou, Karina estava sentada ao lado da cama. Sobre a mesa de cabeceira, havia um arranjo de flores frescas, e ela aparava com delicadeza as pontas das hastes.
Túlio a olhou, atônito, como se estivesse sonhando.
— Karina.
Ela levantou o rosto e sorriu:
— Acordou? Se acordou, então levante, venha me ajudar a colocar água no vaso.
Então, Túlio fechou os olhos novamente.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Após o Divórcio, Sr. Ademir Rouba um Beijo de Sua Esposa Grávida
Karina e Ademir 🤗🤗🤗...
O livro do Ademir...