Através de montanhas e mares para a abraçar romance Capítulo 59

Marta e os outros imediatamente calaram a boca, sem ousar soltar mais uma risada.

Otilia parecia alheia a tudo aquilo, como se não escutasse nada.

Ela continuava a desfrutar tranquilamente da refeição, indiferente ao motivo das risadas ao lado, e ainda menos preocupada com a raiva de Willian.

Willian recuou o pé e desviou o olhar para o canto.

A jovem comia em silêncio, com movimentos elegantes e uma postura nobre. A luz irregular da janela refletia nas suas bochechas pálidas, projetando um perfil perfeito que a fazia parecer uma obra de arte.

Com o volume da conversa daquele grupo, era impossível que ela não tivesse ouvido.

Eles estavam a gozar com ela sem pudor, e ela não demonstrava a menor reação.

Faustino, ao notar que o William não tirava os olhos do canto, seguiu seu olhar.

Era a colega de classe arrogante de Willian!

"irmão Willian, a sua colega tem uma personalidade interessante," murmurou Faustino.

Um dos subordinados riu e disse: "Não é personalidade, é covardia. A turma de Samuel sempre fala mal dela, e ela aguenta."

Willian não respondeu, engolindo um pastel de camarão.

A notícia sobre Otilia ter tirado C na prova circulava em murmúrios ao redor, com olhares furtivos lançados na sua direção de tempos em tempos.

Não era necessário ouvir claramente para perceber, pelos olhares, que estavam zombando dela.

Otilia pousou os hashis, pegou a xícara com seus dedos finos e deu um pequeno gole no chá para limpar o paladar, levantou-se e foi até o caixa para pagar.

Com o cartão na mão, ela o virava sem parar entre os dedos.

Ao passar pela mesa de Lorena, ela parou, encarando todos os presentes com um olhar sereno e desdenhoso.

"Oh, desculpe. Chamar você de lixo ainda é elogio. Você é menos que isso."

O alvoroço chamou a atenção de todos no primeiro andar do restaurante.

"Lixo?" Otilia deu uma risada suave. "Um bando de inúteis falando que outros são piores que lixo. Vocês realmente se superestimam."

"Uma miserável que saiu da favela, qual direito tem de falar?"

Larisa, segurando Hilda, disse com um sorriso: "Hilda, chega, não fale mais. Otilia é limitada, não sabe o que diz, acha que seu C é uma grande coisa. Por que expor a realidade dela?"

"Vamos diminuir o tom," Lorena tentava acalmar a situação, fazendo sinais para Otilia se afastar rapidamente.

Dirce, que observava friamente de lado, levantou-se sorrindo e perguntou: "Que tal jogarmos um jogo? Ouvi dizer que semana que vem teremos uma prova para avaliar nosso conhecimento. Não seria ótimo falar através dos fatos? Quando os resultados saírem, ficará claro quem é o inútil."

Larisa acrescentou com um sorriso: "Isso parece justo. Se Otilia tiver medo, não precisamos de a pressionar. Afinal, pessoas de lugares pequenos têm as suas limitações, vamos ser compreensivos."