Atravessando: Da Coadjuvante à Protagonista romance Capítulo 474

Vanessa também estava observando Sérgio.

Quando seus olhares se encontraram, Vanessa sorriu de si mesma, com sarcasmo.

Antes, ela conseguia convencer-se de que Sérgio via Débora apenas como uma "companheira de batalhas", admirando-a como uma jogadora de elite, assim como ele próprio.

Mas aquele abraço, momentos atrás, havia destruído completamente suas últimas ilusões.

Nenhum "companheiro de batalhas" iria se lançar num abraço tão íntimo assim.

Naquele instante, Vanessa sentiu uma dor aguda no peito.

Ela conhecia Sérgio, sabia muito bem o que aquele abraço significava.

Um homem que não dá esperanças a uma mulher de quem não gosta, ao se mostrar tão afetuoso com alguém, significa que essa pessoa conquistou um lugar especial em seu coração.

Quanto mais ela entendia, mais doía.

Ela zombou: "Sr. Pires, eu realmente não esperava que você gostasse desse tipo de coisa."

Vanessa era orgulhosa, jamais permitiria que sua derrota fosse visível.

Em seguida, como se quisesse retaliar Sérgio, disse: "Aliás, a Srta. Araújo me contou que, nos últimos três anos, conheceu um grande amigo, com quem trabalha em pesquisas. Ele é otimista, extrovertido e conta boas piadas. Eles se dão muito bem. Parece que o Sr. Pires chegou tarde demais."

Dizendo isso, Vanessa levantou-se, calçou seus saltos altos e, com passos altivos, saiu do camarote.

Assim que Vanessa saiu, Armando percebeu que a situação estava tensa e também se retirou, deixando Sérgio e Débora a sós.

Sérgio sabia que Vanessa tinha dito aquilo de propósito, mas tinha que admitir que as últimas palavras dela o haviam atingido.

Aqueles três anos de ausência eram sua vulnerabilidade.

Ele se preocupava se Débora havia conhecido outra pessoa durante esse tempo.

Porque ele não sabia se ocupava um lugar suficientemente importante no coração dela.

Talvez para ela, ele fosse apenas um antigo companheiro de equipe.

Sérgio virou-se para olhar Débora, seu rosto mostrava desagrado.

Durante as festas de fim de ano, ela ficava sozinha no laboratório, olhando pela janela de vidro para o lado de fora.

Esperando seus pais virem buscá-la para ir para casa.

Mas eles nunca vieram.

Ela esperou do amanhecer ao anoitecer, do dia para a noite, sem que ninguém viesse buscá-la para celebrar o ano novo.

Era um dia de neve, e o mundo inteiro estava coberto por um manto branco.

Ela passou o ano novo sozinha no laboratório.

Durante esse tempo, apenas uma tia que cuidava dela vinha todos os dias trazer-lhe comida.

Ano após ano, festa após festa.

Débora não lembra exatamente quando parou de esperar, de aguardar.