Bom Dia, Jornada Linda! romance Capítulo 298

"Um quilo por dez reais."

Selena passou mais dez reais, e só então o cachorro a soltou. Com uma sacola de araçás em mãos, ela subiu.

Por trás da parede de pedra, havia uma escadaria de pedra, bem longa, que levava até o topo. Ao chegar lá, olhando para o oeste, ela viu a placa do Pátio Feliz.

Ela se aproximou e viu que, de fato, havia uma fileira de casas de pedra, umas sete ou oito, transformadas em pousadas. O pátio era pequeno, mas bem tranquilo.

Selena entrou no pátio e logo avistou Cristina sentada diante do muro. Ela vestia jeans e um vestido de tricô, com uma capa sobre os ombros, apoiando o queixo enquanto olhava para fora. O muro tinha apenas meio metro de altura, e, sentado ali, se podia ver o que havia abaixo.

Selena se aproximou, pensando que Cristina estava admirando alguma paisagem, tão concentrada que estava. Mas do ponto de vista dela, o que se via era um pequeno pátio, onde um homem estava secando frutas.

Não era esse o mesmo dono da loja de frutas que a enganou mais cedo?

"Você disse que queria encontrar um lugar para sossegar, e escolheu este aqui?" perguntou ela.

Cristina se sobressaltou, virando-se para ver que era Selena, e logo abriu um sorriso de alegria.

"Selena, você veio!"

Selena se sentou em frente a ela. "Este lugar é tão remoto, como você o encontrou?"

Cristina serviu-lhe uma xícara de chá quente. "Este vilarejo se chama Aldeia Rocha Branca."

Ela apontou para as rochas brancas na montanha atrás deles. "Por causa das pedras brancas, é chamado assim."

"Você conhece bem este lugar?" Selena levantou uma sobrancelha.

"Já ouvi falar dele incontáveis vezes por ele. Sei que está em um vale, que há um grande rio, uma ponte de pedra, e na montanha há um santuário com uma árvore de caqui ao lado, e os caquis são especialmente doces."

"O ano seguinte foi o mais difícil da minha vida. Acompanhei minha mãe em cirurgias, quimioterapias, vi o câncer se espalhar, mais cirurgias, mais quimio, até vê-la minguar e, no fim, implorar para ser libertada do sofrimento."

Cristina franziu a testa, como se ainda sentisse a dor daquela época.

"Durante todo esse tempo, foi Henrique quem esteve ao meu lado. Minha gratidão por ele se transformou em confiança, em dependência. Depois que minha mãe faleceu, liguei para Xisto, e ele me disse para nunca mais procurá-lo, que já estava casado."

"Ao ouvir que ele havia se casado, senti-me aliviada. Aceitei o amor de Henrique, e permiti-me amá-lo também."

"Casada com Henrique há tantos anos, eu sempre fui muito feliz. Ocasionalmente, pensava em Xisto, mas além de uma certa nostalgia, sentia-me aliviada por não ter me casado com ele, caso contrário, eu teria perdido a chance de estar com Henrique. Mas recentemente, fiquei sabendo através de uma velha colega que, na época em que minha mãe estava internada, ele sofreu um acidente no set de filmagens e quebrou a perna. Depois disso, deixou o mundo do espetáculo e voltou para sua cidade natal. Descobri também que ele continuava solteiro e nunca havia se casado."

Selena ficou extremamente surpresa e virou-se para olhar o homem.

Naquele momento, ele finalmente tinha terminado suas tarefas e estava sentado à mesa de pedra no quintal, tomando um chimarrão enquanto massageava a perna machucada. Ele olhava para as montanhas distantes, contemplando por um longo tempo, talvez também relembrando algo do passado.