Bom Dia, Jornada Linda! romance Capítulo 404

Selena notou que o menino estava com olheiras profundas, pois provavelmente não havia dormido bem na noite anterior. Sentindo pena dele, ela sugeriu que ele se deitasse um pouco na cama ao lado. Somente depois de ter certeza de que Sávio havia adormecido é que ela se aproximou da cama de Fagner e perguntou o que havia acontecido.

"Por onde devo começar? Meu pai, além de minha mãe, que era sua esposa oficial, tinha algumas amantes. Minha mãe teve minha irmã e eu, mas as amantes também lhe deram vários filhos. Com medo de que os filhos das amantes disputassem a herança da família, minha mãe me submeteu a uma educação rígida desde cedo. Tirar as melhores notas nos exames, vencer todas as competições… tudo era obrigatório. Além disso, havia inúmeras regras de comportamento: o que eu podia e não podia fazer, até mesmo sorrir ou chorar livremente era proibido. Eu não era filho dela, mas uma ferramenta na luta pelo poder. Ela não era minha mãe, ela era minha dona."

"Mas à medida que cresci, percebi que sou uma pessoa, que tenho meus próprios pensamentos e quero viver minha vida do meu jeito. Eu queria ser eu mesmo. Mas sempre que eu tentava expressar meus sentimentos, ela me batia. Depois, durante o ano do meu vestibular, descobri que ela também tinha um amante fora de casa. Perguntei-lhe em alto e bom som por que, se ela e meu pai não se amavam mais, não deveriam se divorciar de uma vez por todas, em vez de continuar a me torturar. Ela ficou furiosa e me bateu na cabeça com um cinzeiro. Fiquei em coma por três meses e perdi meu exame de admissão na universidade."

"Depois disso, ela se decepcionou comigo e, antes que eu me recuperasse totalmente, mandou-me para uma faculdade de terceira categoria no exterior. Quando me formei, ela começou a me apresentar a várias namoradas com o único objetivo de que eu lhe desse um neto. Como eu havia me tornado um 'caso perdido', ela queria criar um neto para transformá-lo em sua próxima ferramenta, alguém que pudesse lutar pela herança da Família Medeiros em seu nome."

Fagner soltou uma risada amarga e concluiu: "É por isso que eu não posso deixar que eles descubram que o Sávio é meu filho. Se descobrirem, eles o levarão embora e o farão seguir o mesmo caminho que eu."

Selena ficou em choque por um longo tempo depois de ouvir sua história.

Ela simplesmente não conseguia acreditar na existência de uma mãe assim, capaz de ser tão fria e cruel com seu próprio filho.

"Só posso lhe dizer que Sávio é seu filho e que estou namorando você. A Geovana pode ficar mais alguns dias em Cidade Solarna, então preciso que você me ajude com isso. Mas, é claro, se você não quiser, não vou forçá-la."

Selena olhou para a perna engessada de Fagner. Ele havia arriscado sua vida para salvá-la. Fazer esse pequeno favor era o mínimo que ela poderia fazer.

"Você pode contar comigo."

Fagner soltou um suspiro aliviado: "Obrigado."

"A propósito, o médico disse que precisa falar com um de seus parentes. O que você pretende fazer?"

"Eu já falei com ele."

"E então?"

Fagner juntou os lábios antes de responder: "Obrigado por se preocupar. No futuro... no futuro eu lhe contarei."

Aquele rosto… ela reconheceu.

Era o mesmo homem que estivera no quarto de hospital de Marcella naquele dia. Naquela ocasião, ele estava vestido de forma desleixada, com um ar malicioso. Hoje, no entanto, ele usava um terno impecável.

Ele conhecia a Alina? Que coincidência era essa?

Enquanto ela ainda estava refletindo, Lúcio caminhou rapidamente em sua direção. Ele não estava usando casaco, apenas um suéter branco de gola alta, com uma expressão furiosa no rosto.

Quando ele virou ligeiramente o corpo, Selena finalmente percebeu que ele estava segurando uma faca de cozinha na mão oculta.

O coração de Selena ficou acelerado. O que ele estava planejando fazer?

Enquanto isso, os dois da frente continuavam a brincar, empurrando um ao outro de um lado para o outro, fazendo caretas como se fossem crianças, completamente alheios ao perigo que se aproximava.