Bom Dia, Jornada Linda! romance Capítulo 475

"Você acha que ele conseguiu escapar?", alguém perguntou a ela.

Selena observava as costas de Lúcio enquanto ele corria desesperadamente. O vento bagunçava seu cabelo e inflava sua camisa branca manchada de sangue. Ele corria arqueado, descalço, em direção à liberdade.

A porta estava a poucos passos de distância, e bastava apenas atravessá-la para se salvar.

Mas ela sabia que, no fim, ele não conseguiu escapar.

Porque o fotógrafo o observava, como se ele fosse uma presa. Depois de capturar uma foto que achava interessante, jamais permitiria que sua vítima escapasse.

"Você abriu a porta de propósito para dar esperança a ele, não foi?", perguntou Selena.

"Você é mais esperta que ele."

Ela estava de fora, podia olhar as fotos e analisar calmamente. Mas naquele momento, Lúcio já estava trancado há muito tempo em um armário escuro, sofrendo torturas físicas e mentais, incapaz de pensar claramente.

"Você gosta mesmo de tirar fotos?"

"De fato."

"Você gosta de torturar as pessoas e depois fotografá-las sofrendo?"

"As pessoas que eram confiantes são mais divertidas. Elas lutam para sobreviver, falham repetidamente, ficam desesperadas, sofridas, e cada foto é tão bela."

"Pervertido!"

"Ah, eu não nego."

"Imagino que você deve lamentar não poder mostrar essas fotos para os outros."

"De fato, por isso não resisti em compartilhar com você."

"Mas estou curiosa. Ele estava prestes a escapar, como você o impediu?", Selena perguntou.

Ela o incentivava a falar mais.

"Apenas com uma frase."

"O quê?"

Logo em seguida, outra foto chegou: Lúcio virando-se na porta, encarando-o com uma pedra pontiaguda na mão.

Ele usou a pedra para ferir a testa do homem, mas perdeu a chance de escapar.

"Ele não é páreo para mim." O homem enviou, presunçoso.

"Mas ele te machucou."

"Mas ele saiu mais ferido."

Depois disso, ele enviou um emoji de boa noite e não se ouviu mais nada.

Selena recostou-se na cabeceira da cama, abraçando os ombros, tentando desenhar a imagem desse homem em sua mente.

Ele era alto, forte, aparentemente alguém amigável, mas com uma natureza violenta e sombria. Gostava de fotografia e até acreditava em Deus...

Um verdadeiro paradoxo.

A chuva caiu a noite toda e só parou na manhã seguinte.