Bom Dia, Jornada Linda! romance Capítulo 720

Quando Selena acordou, já era quase meio-dia.

Lúcio tinha ido trabalhar; ainda faltavam alguns dias para ele voltar. E ela já decidira: hoje mesmo retornaria para Cidade Solarna, não queria mais ficar ali atrapalhando a rotina do rapaz.

Após se arrumar, saiu do hotel e entrou no carro. Mal tinha dado partida, recebeu uma ligação de Margarida. A amiga queria carona para voltar também a Cidade Solarna.

Selena foi até o prédio de Margarida. Esperou um bom tempo até vê-la sair, carregando uma mala numa mão e puxando o filho com a outra. Atrás deles vinha Dona Wanda, matriarca da Família Alves, berrando e xingando enquanto tentava alcançá-los.

"Eu sempre disse que esse moleque não se parece nada com meu filho. Agora entendi: nem é sangue dele! Você é muito cara de pau, Margarida! Fez meu filho criar filho dos outros, como se fosse dele! Sem vergonha! Vagabunda! Coração de pedra!"

Margarida não respondeu, só queria colocar logo o filho no carro e ir embora. Mas assim que chegaram perto do veículo, Dona Wanda alcançou-os e arrancou a mala das mãos dela.

"Vai falar alguma coisa? Não pensa que a Família Alves é feita de trouxa, não! Eu não vou te perdoar nunca!" Dona Wanda se agarrou à mala com força, xingando Margarida e berrando para todo mundo ouvir: "Gente, venham ver essa vagabunda! Ela já estava grávida de outro quando casou com meu filho! E a gente aqui, tratando esse menino como se fosse tesouro da família, e no fim nem é sangue nosso!"

No térreo do prédio, já havia um grupo de senhoras e senhores sentados, que logo se aproximaram para ver o barraco.

Margarida não queria dar trela, mas Dona Wanda insistia em chamar o menino de "bastardo". Com o coração apertado pelo filho, não conseguiu mais ficar calada: "Meu filho pode ter sido concebido antes do casamento com o Evaldo, mas é filho dele sim! Pergunta pro seu filho, ele sabe muito bem!"

"Meu filho só não te expôs porque tem vergonha dessa situação! Mas eu não sou boba, não! Você é uma vagabunda, e esse menino é um bastardo!" Dona Wanda apontou para Margarida e depois para Eliseu.

O pequeno Eliseu, de apenas dez anos, ficou paralisado de medo. Ele não entendia por que a avó, que sempre o tratou com carinho, agora falava coisas tão cruéis.

"Vovó..." chamou ele, tremendo.

Dona Wanda, ao ver Eliseu, hesitou por um instante, mas logo voltou a se encher de raiva.

"Não me chama de vovó! Você não é da Família Alves! E se alguém tem culpa aqui, é essa mãe sem vergonha que você tem!"

Margarida não queria que o filho passasse por aquilo. Tentou colocá-lo no carro, mas Dona Wanda os segurava, impedindo a partida.

Selena se aproximou, afastou Dona Wanda com firmeza e abriu a porta, colocando Eliseu para dentro.

"De novo você? Quem te deu o direito de se meter nos assuntos da minha família?"

"Já disse: sou amiga da Margarida, e enquanto eu estiver aqui, não vou deixar vocês maltratarem ela!"

"Você sabia que ela se envolveu com o diretor da escola enquanto estudava? E ainda escondeu isso do meu filho! Se ela não tem vergonha, você também não?"

"Se você diz que Eliseu não é da Família Alves, então, se eu me divorciar do Evaldo e levar meu filho comigo, você não se importa, certo?" Margarida perguntou.

"Divórcio?" Dona Wanda arregalou os olhos. "Você teria coragem de largar meu filho?"

Margarida assentiu. "Se ele concordar, sim."

"Não precisa nem perguntar pra ele, eu já concordo por ele!"

"Então tá bom, vou agora mesmo para Cidade Solarna resolver o divórcio com ele, pode ser?"

"Pode, mas e o prejuízo desses anos todos, como fica?"

"Como você quer resolver?"

Dona Wanda pensou, pensou... "Quero que, mesmo depois do divórcio, você continue cuidando de mim até o resto da minha vida!"

Selena não se aguentou e soltou: "A senhora tem coragem, hein, Dona Wanda? Que cara de pau!"