Eu vislumbrei meu reflexo nas pupilas escuras de Amber e um sorriso torto e maníaco se espalhou pelo meu rosto.
“Você é louca”, ela sibilou.
Inclinei minha cabeça em sua direção e um sorriso zombeteiro brincou em meus lábios. “Louca? E não foram vocês que me levaram a esse ponto, Amber? Você orquestrou esse grande drama, me arrastando para a rixa entre os Carlyns e os Sanders. Por quê? O que eu fiz para merecer isso? Na minha vida passada, passei anos em depressão antes ter uma morte horrível. E mesmo morta, eu não tive paz! Meus ossos estavam despedaçados, minha pele esfolada e meu corpo reduzido a fragmentos.”
Eu ri, mas lágrimas brotaram em meus olhos, escorrendo pelo meu rosto e pingando do meu queixo.
Eu me aproximei dela, um passo deliberado de cada vez, até que não houvesse mais distância entre nós.
“Você sabe como é a morte? Fui abandonada pelo mundo e ninguém ouviu os meus gritos. Minha família estava ao meu alcance, mas eu não conseguia falar, não conseguia gritar. Eu só conseguia assistir enquanto meus assassinos se afastavam, livres e impunes.”
Eu a encarei. Minha voz tremia de raiva e desespero. “Whitney tinha apenas cinco anos quando você a levou. Você a torturou, destruiu a sua inocência e marcou a sua alma. O que lhe deu o direito de fazer isso? Nós nunca machucamos ninguém, mas esse é o destino que você nos impôs. Quem lhe deu o poder de decidir quem vive e quem morre? Se você está tão decidida a me matar, então aqui estou eu. Faça isso. Mate-me agora.”
Eu pressionei a faca em sua mão e a guiei para o meu peito, bem sobre o meu coração. “Vá em frente! Me esfaqueie e acabe com isso!”
A faca caiu no chão enquanto Amber me empurrava para longe, subindo as escadas sem dizer mais nada.
Sua figura em retirada gritava de desespero, como alguém fugindo de uma batalha que já havia perdido.
Ela estava se desintegrando. A situação havia saído completamente do seu controle.
Quando Amber desapareceu, soltei um suspiro trêmulo, enxugando as lágrimas do meu rosto. Então, desabei no sofá, completamente esgotada.
No final, eu tinha vencido. Eu tinha apostado e tinha vencido!
Graças a Deus, Carter tinha descoberto a verdade sobre o relacionamento deles. Parece que essa mulher se importava mais com o sobrinho do que com os próprios filhos.
Mais uma vez, o amor da minha vida tinha me salvado.
Pelo menos agora, eu não tinha nada a temer com os Carlyns.
Pensando em Yael, que tinha sido arrastado para longe antes, desci para o porão.
Tack!
O estalo agudo de um chicote atingindo carne ecoou pelo ar.
A porta estava ligeiramente entreaberta. Ao abri-la, vi Yael agachado no canto com os braços em volta da cabeça.
Para um homem tão alto e imponente, ele parecia completamente derrotado.
Assim como Taylor, que não quis se esquivar do ataque de Amber, ele também não resistiu e não lutou.
Esta família é uma tragédia!
A mãe não age como uma mãe, e os filhos não se sentem como filhos.
Yael usava uma camiseta branca simples, com as costas rasgadas revelando suas feridas cruas e sangrentas. Sua pele estava dilacerada e o dano era grotesco.
Ainda assim, além de segurar a própria cabeça, ele não fez nenhum movimento para se defender.
Minha mente voltou para a primeira vez que o vi, agachado sob uma árvore, com seus braços em volta da cabeça da mesma forma.
Dei um passo à frente e minha voz soou friamente. “Você não teve o suficiente?”
O homem alto de preto nem me olhou, levantando o chicote para lhe dar outro golpe.
Não ousei atacá-lo imprudentemente. Em vez disso, ajoelhei-me ao lado de Yael, envolvendo meus braços em volta dele, como costumava fazer quando éramos crianças.
Então, o homem hesitou.
Sem dizer uma palavra, ele largou o chicote e foi embora.
Yael se virou para mim. Seus olhos cintilaram com um brilho frágil e esperançoso. “Chloe, você está aqui.”
“Por que você não se esquivou?”, perguntei.
Seu olhar se desviou para longe e sua voz soou suave e resignada. “Não adianta. Não posso escapar.”
Parecia que Yael não estava falando apenas sobre a surra, mas sobre a sua vida inteira. Não importa o quão longe corresse, ele sempre seria filho de Amber.
Laços de sangue não podem ser cortados.
“Vem. Vamos tirar você daqui.”
O ajudei a se levantar e o guiei de volta para seu quarto. Fiel à sua palavra, Yael trocou os lençóis por novos, decorados com coelhinhos cor-de-rosa.
Ignorando seus ferimentos, ele pegou um par de chinelos de coelho cor-de-rosa combinando e os entregou a mim com um sorriso tímido. “Chloe, preparei isso para você. Há uma toalha limpa também.”
“Onde está o kit de primeiros socorros?”, perguntei.
“Bem aqui”, Yael disse ansiosamente, entregando-o para mim. Seus olhos brilhavam como uma criança exibindo um tesouro. “Chloe, você vai me remendar? Sinto muito por não poder protegê-la. Como você escapou? Ela não te machucou, né?”
Balancei minha cabeça. “Não se preocupe. Estou bem…”
Ele tirou a camisa, revelando costas tão machucadas que era difícil de olhar.
“Quantos irmãos há na família Dolton?”
Eu cuidadosamente direcionei a conversa para a verdade.
Yael não estava alheio. “Chloe, você está perguntando sobre a mãe de Carter, não é?”
“Você pode me falar sobre isso?”
“Bem, eu não me importo, mas não sei muito. Nunca a conheci. Tudo o que sei é que ela e minha mãe eram gêmeas. Minha mãe dependia muito da irmã, mas ela faleceu há muito tempo.”
Isso explica por que Yael não sabe muito sobre as queixas entre os Doltons e os Boltons.
Parecia que Amber tinha um forte vínculo com os Doltons.
Talvez seu cuidado com Carter tenha vindo de sua falecida irmã. Como ele era o seu único filho, Amber pode ter sentido a necessidade de proteger o último legado vivo de sua irmã.
Se isso fosse verdade, pelo menos eu não teria que me preocupar com essa mulher me machucando.
Terminei de aplicar a pomada e joguei as cotonetes usadas no lixo. “Não deixe a água tocar suas feridas pelos próximos dias.”
“Está bem.”
“Vou dar uma olhada em Whitney.”
“Chloe, você não tem medo dela?” A descrença e seus olhos arregalados refletiram seu choque. Para Yael, o fato de eu ter conseguido escapar de Amber ilesa foi um milagre.
“Não estou com medo”, eu disse simplesmente.
Então, me retirei e subi as escadas.
A porta do quarto de Taylor e Whitney estava ligeiramente entreaberta. Preocupada de que aquele cara pudesse estar forçando minha irmã a fazer algo, não hesitei. Abri a porta e entrei.
Porém, o que vi me fez parar.
Taylor tinha uma mão segurando Whitney enquanto a outra estava presa na mordida dela. Ela mordeu com tanta força que lhe tirou sangue, recusando-se a soltá-lo.
“Whitney!”
Seus olhos brilharam ao me ver.
Soltando Taylor, ela correu direto para os meus braços. “Chloe!”

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Casamento de Arrependimentos e Revelações
Meu Deus quando eles vão ser feliz...
Não terá mais atualização??...