Uma adaga reluzia friamente na mão de Silas, o fio afiado refletindo a luz tênue. O coração de Anna batia descompassado, mas ela se obrigou a manter a calma. Apontando para uma câmera de segurança próxima, disse com firmeza: “Se você me matar, não vai sair impune.”
Silas hesitou, apertando o cabo da adaga antes de, instintivamente, guardá-la na bainha.
Vendo a chance, Anna se virou e disparou na direção oposta, sem olhar para trás.
Agora ela entendia por que Taylor insistia tanto para que ela treinasse defesa pessoal e resistência. Aquele treinamento, enfim, estava servindo para alguma coisa.
Mesmo sem praticar há dois anos, a memória muscular entrou em ação, impulsionando-a com uma velocidade impressionante.
Silas ficou atônito por um instante. A garota, aparentemente frágil, era surpreendentemente rápida em segundos, ela já havia ganhado boa vantagem.
Ele ficou parado, dividido entre correr atrás dela ou socorrer Wisteria.
Wisteria, tomada pela fúria, pressionava a mão contra a cabeça sangrando e bateu o pé no chão.
“Porr*! Tá esperando o quê? Vai atrás dela!”
“Mas o seu ferimento...”
“Não vou morrer! Só não deixa ela fugir!”
“Tá.”
Silas partiu imediatamente atrás de Anna.
Ela corria o mais rápido que podia, o coração acelerado e fora de ritmo. Já fazia anos desde a última crise, graças à medicação, mas agora os sintomas estavam voltando, e ela sabia disso.
A respiração estava entrecortada, as pernas enfraquecendo a cada passo. Uma onda de tontura tomou conta dela, mas parar não era uma opção.
Ela queria correr em direção a uma área com mais movimento, mas aquela era uma propriedade privada, isolada, deserta naquela hora, sem sinal de gente por perto.
Silas se aproximava cada vez mais.
Anna sabia que não podia arriscar. Foi então que um carro preto surgiu, saindo de uma garagem próxima.
Era a chance dela.
Se caísse nas mãos de Silas e Wisteria, estaria perdida. Aquela podia ser sua única saída.
Sem pensar duas vezes, correu em direção à rua.
O carro freou bruscamente.
Anna abriu a porta com força e se jogou para dentro, ignorando completamente o susto do motorista.
Um jovem de camisa branca impecável estava no banco de trás, lendo uma revista médica. Levantou os olhos, surpreso, ao vê-la praticamente desabar no assento.
“Você...”
Anna agarrou o pulso dele.
“Por favor, me ajuda. Aquele homem quer me matar.”
O jovem franziu o cenho diante da situação absurda, mas não a empurrou para fora. Em vez disso, fez um sinal para o motorista.
“Dirige.”
Os lábios de Anna estavam ficando pálidos. Ela ainda conseguiu murmurar um fraco “Obrigada”, antes de desmaiar.
Quando acordou, estava deitada numa cama de hospital.
Piscando diante da luz suave do sol que entrava pela janela, a primeira coisa que viu foi o mesmo jovem, sentado ao lado dela, lendo um livro.
A camisa branca dele brilhava sob a luz morna, dando-lhe um ar calmo e gentil.
“Você acordou”, ele disse, fechando o livro e virando-se para encará-la.
“Você... me salvou?”
Ele assentiu.
“Você tem um problema no coração. Correr daquele jeito foi perigoso.”
Anna soltou o ar devagar. Estava se sentindo bem melhor agora.
“Obrigada. Qual é seu nome?”
“Luther Donovan.”
“Eu sou...” Ela hesitou, depois corrigiu rapidamente.
“Sou Alice.”
Luther a olhou de relance.
“Onde está sua família? Você não tinha celular, e não consegui contato com ninguém.”
A palavra “família” fez a mente de Anna voar direto para os Sanders. Eles estavam naquela mesma cidade. Taylor não estava por perto, mas se ela voltasse para a Mansão Sander, poderia alertá-los sobre os Carlyn.
Estendendo a mão, passou os dedos de leve no rosto dela.
“Revisei as imagens das câmeras e vi você entrando naquele carro. Segui ele até aqui.”
“Anna, me perdoa. Eu devia ter planejado melhor. Você quase morreu por minha causa.”
“Não se culpe. Estou aqui, e estou bem, né?”
Mas a verdade era que a condição dela estava piorando. O coração já não aguentava mais cedo ou mais tarde, ela precisaria de um transplante.
“Anna, descansa por alguns dias. Quando estiver melhor, vamos seguir com o transplante. Já encontrei um doador compatível.”
Anna mordeu o lábio e perguntou baixinho: “Taylor... de onde veio esse coração?”
A lembrança daquele dia, quando tinha cinco anos, ainda estava viva na mente dela. Ela ainda não sabia o que Taylor fazia lá, mas o fato de ele estar presente significava que, de algum modo, estava envolvido.
Ele ficou em silêncio por um momento antes de responder: “Não se preocupa. O doador é uma pessoa com doença terminal, que se cadastrou para doar os órgãos com antecedência.”
“Que alívio.” Anna suspirou, sem perceber que estava prendendo a respiração.
“Está com fome? Quer comer alguma coisa?”
“Tô, sim...”
Agora que o susto tinha passado, Anna percebeu o quanto estava com fome e sede.
Taylor estendeu a mão e deu um leve tapinha na cabeça dela. “Tá bom, eu vou buscar algo pra você. Só descansa.”
Assim que saiu do quarto, ele fez uma ligação.
“O coração está pronto? Precisamos fazer essa cirurgia o quanto antes.”
“Pode deixar.”
Anna olhava para o horizonte, com os olhos cheios de frustração.
Ela tinha chegado tão perto da própria família, se Taylor tivesse demorado só um pouco mais...
Pela primeira vez, cogitou a ideia de fugir.
A aparição de Wisteria a havia abalado profundamente.
Ela queria voltar para a Mansão Sander.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Casamento de Arrependimentos e Revelações
Meu Deus quando eles vão ser feliz...
Não terá mais atualização??...