Chamas da Paixão romance Capítulo 105

Uma sensação arrepiante percorreu o coração de Jane, e naquele exato momento, ela sentiu que estava cada vez mais difícil compreender o rapaz que estava à sua frente, que às vezes parecia tão inocente, e em outras, desdenhava o mundo.

Ela pensou que poderia deixá-lo irritado com as suas palavras.

Mas, para sua surpresa, ela se sentiu ainda mais desconfortável.

Sem se preocupar com as consequências, ela disse a Xavier:

- Sr. Xavier, aquele beijo não foi de graça, você precisa pagar.

Ela pensou... Que aquilo deveria ser suficiente.

Enquanto pensava naquilo, viu Xavier soltar uma das mãos e procurar algo em seu bolso. Quando a estendeu de novo, tinha algo na palma da mão:

- Aqui.

Jane ficou atordoada. Nunca tinha encontrado alguém como Xavier antes.

Ela olhou em choque para as notas na mão de Xavier, sem saber como responder.

- Ele... Ele realmente me pagou assim....

Ela pensou que ao mostrar sua face feia diante dele, ao se descrever de tal maneira, ele se assustaria e iria embora.

- Jane, eu disse que você não pode fugir. Estou falando sério.

O som da voz de Xavier em seu ouvido era inquestionável.

Mas Jane, ela estava ainda mais agitada.

Seriedade!

Seriedade!

Coisas sérias... ela não poderia aceitar!

Como poderia merecer algo tão sério?

- Jane, você está sendo injusta comigo.

Jane subitamente levantou a cabeça, uma emoção estranha em seus olhos:

- Xavier.

Sua voz rouca interrompeu Xavier enquanto ela o encarava seriamente:

- Como você descreve a Jane que você vê?

Xavier ficou surpreso por um momento, sem nunca ter imaginado que a mulher à sua frente faria tal pergunta.

Aquilo era importante?

No lugar onde Xavier não enxergava, as mãos de Jane se esfregavam incessantemente, não paravam por um momento... quem a conhecesse bem, perceberia num instante, que em seu coração, ela não estava tão calma quanto aparentava.

- Xavier, eu não tenho nada. - Jane lembrou calmamente.

Xavier se tornou um pouco ansioso:

- Quem disse isso?

- Xavier, eu realmente não tenho nada. Por que você insiste em me levar a sério?

- Você é teimosa, forte e bondosa. Você enfrenta tudo de cabeça erguida, exceto os meus sentimentos por você, você não foge de nada. Seus ouvidos ficam vermelhos de uma forma tão adorável, beijar você é como estar vivendo um primeiro amor.

Xavier falou apressadamente:

- Jane, você é perfeita, você é tudo. Tão perfeita que nada mais me importa.

Jane deu um sorriso forçado... Forte? Bondosa? Corajosa? Sem fugir?

Olhando para o homem à sua frente, que ainda tinha um ar infantil, olhando para os olhos cheios de convicção, determinação e fé... Jane sentiu que não podia enfrentá-los, sentiu as bochechas queimarem.

Olhos tão cheios de convicção e determinação, um rosto tão sério... Jane abriu a boca, querendo dizer "Xavier, você está errado, essa pessoa que você descreve, não sou eu", mas por fim, uma luz cintilante em seus olhos, as palavras que estavam em sua boca, elas não conseguiram sair.

Talvez ela não tivesse mais energia para amar alguém, ou a capacidade de fazê-lo, talvez fosse por um desejo profundo em seu coração...

- Jane, você não precisa vir até mim, você não precisa se aproximar de mim. Fique parada aí, eu irei até você, eu vou te abraçar. Você só precisa ficar parada e não fazer nada, eu farei o resto.

- Jane, como você sabe que a palavra felicidade não pode existir em seu mundo se você não tentar?

- Jane, tente, eu prometo que não vou te deixar triste ou te fazer chorar.

- Jane, me dê uma chance e se dê uma chance. Dê a nós dois a chance de sermos felizes juntos.

- Jane...

- Jane...

- Jane...

Seu nome ecoando em seu coração, como ela poderia lidar com aquilo?

O que ela poderia fazer!

- Jane, você acha que a Jane de agora merece ser feliz? - perguntou Rafael.

- Jane, dê a nós dois uma chance de sermos felizes. - disse Xavier.

As duas vozes, repetindo-se, vagando em sua mente, sua cabeça estava prestes a explodir!

Como ela poderia ser feliz! Ela era uma pecadora! Matilde morreu por causa dela, e agora ela poderia ter para si a felicidade que todos desejam?

Absurdo!

Aqueles que mereciam morrer não morreram, e aqueles que não mereciam, morreram. Aqueles que mereciam a felicidade eram pessoas como Matilde! Sua vida agora, ela roubou de Matilde!

Se... se Matilde não tivesse morrido por causa dela, Matilde também seria feliz, não seria?

Roubou a vida de Matilde, e agora quer roubar a felicidade de Matilde?

Luta, dor, arrependimento, autonegação, auto aversão... Todas essas emoções, avançando como uma avalanche!

Jane se encontrava imersa em repulsa e aversão a si mesma, ela não conseguia distinguir que a sua felicidade não era a mesma que a de Matilde. No fundo, ela acreditava que Matilde tinha morrido em seu lugar, que ela estava vivendo por Matilde, vivendo para pagar por seus pecados. Se Matilde estivesse viva, ela teria morrido naquele dia, cada suspiro que ela respirava deveria ser de Matilde.

Então... onde fica a felicidade nessa história?

A voz de Xavier ainda ecoava em seus ouvidos!

Jane afastou Xavier com força:

- Cale a boca! Cale a boca! Eu não preciso de felicidade!

Xavier foi pego de surpresa pelo rugido que ela deu. Ele se assustou com tamanha força repentina que veio dela, e quase tropeçou nos próprios pés. Quando ele finalmente se equilibrou, viu a mulher mancando, segurando uma perna, mas correndo quase a passos largos.

Jane queria desesperadamente ficar longe de Xavier.

Xavier correu atrás dela.

- Jane, do que você tem medo?

Numa trilha arborizada, uma mulher manca andava apressadamente, seguida por um homem de camisa branca que corria atrás dela, fazendo perguntas enquanto corria. Eles formavam uma corrida, uma perseguição.

Ou talvez aquilo não seria uma perseguição. Afinal, o perseguidor e o perseguido eram muito diferentes em força. Um deles era alto e esbelto, com passos firmes, enquanto o outro mancava.

O céu também parecia refletir o humor de Deus, mudando num piscar de olhos.

Um momento atrás, o sol brilhava alto no céu.

No momento seguinte...

De repente, uma tempestade se formava!

Ninguém sabia de onde vieram aquelas nuvens densas, mas de repente o céu estava escuro, e uma chuva pesada caía, cobrindo a terra e o céu!

- Jane, pare de correr, você não vai conseguir fugir de mim.

Xavier gritou para Jane, a distância entre eles estava diminuindo, e parecia que eles estavam a apenas cinco ou seis metros de distância. Jane ficou nervosa, olhando para trás enquanto corria:

- Eu te disse, eu não preciso de felicidade...

- Jane! Cuidado!

Antes que ela pudesse terminar sua frase, viu o olhar assustado de Xavier. Antes que Jane pudesse perceber o que estava acontecendo, ouviu um som de impacto ao lado de seu ouvido. Ela ainda estava se perguntando o que tinha acontecido quando de repente ela caiu no chão, rolando.

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