Chamas da Paixão romance Capítulo 197

- Vagabunda! Você ainda sorri! Você ainda sorri! Você, uma assassina! Coração cruel de uma mulher desprezível!

O grito de fúria se intensificou:

- Se não fosse por você, por que minha Xaviana morreria tão jovem? Se não fosse por você, por que Xaviana teria sido estuprada por aqueles canalhas! É tudo culpa sua! Tudo culpa sua, mulher cruel e sem coração!

Jane estava amarrada numa cadeira com uma perna quebrada, observando silenciosamente o velho que a insultava.

- Xaviana era sua melhor amiga, ela te considerava a melhor amiga dela, e você! O que você fez! - O velho, despejando sua raiva, chacoalhava Jane, amarrada na cadeira, seus olhos velhos cheios de ódio.

Jane deixava o velho desabafar, até que ele disse "Xaviana te considerava a melhor amiga"... Ela não aguentava mais.

- Muitos anos atrás, eu também acreditava nisso. Xaviana era minha melhor amiga, e me considerava a melhor amiga dela.

O velho olhou furioso para a mulher amarrada na cadeira, que começou a sorrir silenciosamente, seu coração estava se enchendo de uma escuridão venenosa...

- Você ainda ri! Você tem a coragem de rir!

Este tapa, atingiu violentamente metade do rosto de Jane, torcendo seu pescoço para o lado, ela se apoiou meio deitada na cadeira, não se moveu, apoiando a cabeça na posição lateral na cadeira, apesar da dor na boca causada pelo tapa, ela pareceu não perceber, e calmamente começou a falar:

- Mordomo, você me acha uma tola? Ou você pensa que aqueles três anos na prisão não foram suficientes para que eu entendesse o que aconteceu?

Ela virou lentamente a cabeça para frente, seu olhar finalmente pousou no rosto terrível do velho na frente dela:

- Quem planejou contra quem? Quem tinha más intenções, e quem, por fim, provou do próprio veneno.

Ela falou lentamente, palavra por palavra, muito claramente, mesmo com a boca rasgada pelo tapa, insistiu em falar claramente, cada palavra tinha que ser clara!

Só quando cada palavra fosse clara, a "conta pendente" entre ela e Xaviana poderia ser acertada!... Esta era a acusação contra os crimes de Xaviana, muitos anos depois!

Como poderia... Não estar claro!

Aqueles que estavam no topo da pirâmide, com tudo o que poderiam querer, e que caíram no lamaçal, só podiam entender que esses detalhes mínimos, que outros talvez não se importassem, eram extremamente importantes para si mesmos, só podiam entender que era isso que eles se apegavam, coisas que eles se importavam!

- Você...

O mordomo ficou confuso, olhando para a pessoa amarrada na cadeira, seus olhos velhos mostrando uma cor de dúvida..."Ela... Sabe a verdade sobre o que aconteceu? Não! Como poderia ser! Se ela soubesse, por que não procurou a fazenda da família Gomes assim que saiu da prisão? Se ela realmente soubesse algo, por que não mostrou qualquer reação às minhas provocações e maus tratos na fazenda da família Gomes? Ela não poderia saber! Se ela soubesse, por que não se importaria com nada? Por que ela não diria nada?”

Jane parecia não ver o espanto no rosto do velho à sua frente, ou melhor, não se importava se o velho estava chocado ou o que quer que fosse. Ela não se importava com os pensamentos deste homem, apenas olhava pensativamente para a lâmpada incandescente acima dela, quase como se estivesse lembrando:

- Mordomo, você se lembra de quando eu e Xaviana éramos pequenas e brincávamos juntas no jardim da mansão? Nós duas, costas com costas, sentadas sob a maior árvore do jardim, mesmo se não falássemos um dia inteiro, as duas de nós, cada uma segurando um livro, poderíamos ficar assim o dia todo.

- Quando meu avô ainda estava vivo, ele era muito rígido comigo. Eu tinha que aprender mais do que meus colegas, muitas vezes estudando até tarde da noite, com tempo limitado para descansar. Assim que tivesse tempo livre, eu corria para a fazenda da família Gomes. Rafael não queria me dar atenção, muitas vezes era Xaviana que passava mais tempo comigo.

- O que você quer dizer com tudo isso!

O mordomo olhou para ela com uma mistura de perplexidade e cautela.

- Você realmente acha que suas palavras têm algum efeito agora?

A visão de Jane finalmente deixou a lâmpada incandescente e pousou no velho mordomo. Tendo encarado a lâmpada por tanto tempo, era difícil focar novamente no mordomo, mas... Isso era exatamente o que ela queria, quem realmente desejava ver claramente essa figura detestável?

- O que eu quero dizer é, crescemos juntas. Eu não acredito que Xaviana seria capaz de se matar.

- Foi, justamente, porque você a levou para ser estuprada em grupo, que Xaviana se matou!

O mordomo mordia fortemente as bochechas. Jane deu uma risada leve, balançando a cabeça em descrença.

- Eu sei muito bem o que aconteceu naquela noite, e não fui eu quem armou para ela. Quem armou para quem, nós dois sabemos muito bem. Mordomo...Você pode me dizer como Xaviana realmente morreu?

- O que você está dizendo! Se não foi você quem armou, então quem foi? Foi você quem matou Xaviana!

Ela sentiu uma dor aguda nos olhos, provavelmente... Talvez... Deveria ter continuado a olhar para a lâmpada incandescente.

- Mordomo, agora, estou amarrada aqui. Sou um peixe na tábua de cortar, e você provavelmente não quer que eu continue viva, certo?

Se não, o envolvimento dele em seu acidente seria inevitavelmente descoberto, e a essa altura, o mordomo provavelmente não teria mais saída.

Ela olhou novamente para a figura velha à sua frente.

- Sr. Antônio.

Era raro, depois de tantos anos, ela o chamou novamente de "Sr. Antônio".

Ela disse:

- Sr. Antônio, já que você não deseja mais viver, e você não vai me deixar viver, já que ambos estamos fadados a morrer.

Por que não me diz como Xaviana realmente morreu?

Ela tinha certeza, Xaviana nunca se mataria. Uma pessoa que se manteve paciente por tantos anos, atuando diante de todos, uma pessoa que mesmo na morte calculava os outros, como poderia facilmente cometer suicídio?

- Xaviana se matou! Foi você quem a levou a isso!

No rosto velho do mordomo, uma cor inesperadamente ruim emergiu.

- Xaviana nunca se mataria.

- Ela se matou!

- Ela não cometeu suicídio!

- Ela sim! Ela se matou!

- Impossível!

- Como é impossível?! Ela fez isso!

Os dois se recusaram a ceder, Jane insistindo que Xaviana nunca poderia se matar!

E o mordomo se tornou cada vez mais emocional!

- Ela não fez!

- E daí se ela não se matou?

O mordomo gritou com emoção, seus olhos brilhando, suas bochechas já afundadas estavam estranhamente ruborizadas, ele gritou fervorosamente:

- Mesmo que eu te disesse que fui eu quem a matou, o que mudaria!

Como um trovão nos ouvidos, o tempo pareceu parar. E a voz do mordomo subitamente cessou!

O rosto velho de mordomo se tornou uma mistura de verde, vermelho, branco e roxo, mudando como uma paleta de cores!

- Xaviana... Foi você quem a matou?

Jane ficou atônita, incrédula:

- Por quê?

Ela não entendia, o velho diante dela, não era o pai biológico de Xaviana? Como ele poderia cometer tal ato de filicídio!