Chamas da Paixão romance Capítulo 23

- Não! - Jane apressou-se em dizer. - Eu não estou me escondendo do Presidente Gomes.

Mentira!

Ela estava definitivamente se escondendo dele!

Mas…

- O que aconteceu com a sua voz? Como ficou rouca assim?

- Estou doente, minha garganta dói. - Jane baixou os olhos, recusando-se a dizer mais.

- Você tem medo de mim?

Jane piscou, sem negar novamente.

O homem ficou ao lado de sua cama, erguendo as sobrancelhas lentamente, cada vez mais irritado.

De repente, ele se inclinou para frente, e, aos olhos assustados de Jane, Rafael apoiou-se no colchão com um braço, diminuindo a distância entre os dois.

Com a outra mão, ele estendeu-a em direção a Jane. Ela recuou instintivamente, mas Rafael disse calmamente:

- Não se mexa.

Vendo que Jane tinha se acalmado bastante, ele afastou sua franja com os dedos e tocou a cicatriz em sua testa. Todo o corpo de Jane estremeceu com o toque frio dos dedos de Rafael. Era impossível ignorar.

Rafael acariciou a cicatriz dela com os dedos, seus lábios se apertaram imperceptivelmente antes de perguntar com desagrado:

- De onde veio essa cicatriz?

Jane lançou um olhar rápido para Rafael... Hipócrita!

Ele não sabia de onde tinha vindo?

No entanto, ela respondeu teimosamente:

- Bati e me machuquei.

“Graças a você...”, ela acrescentou mentalmente.

Os dedos que acariciavam a cicatriz se moveram para baixo, até os lábios dela.

O toque transmitido pela ponta do dedo era seco e descascado, e a cor também era pálida.

Jane não se atreveu a se mexer, com o pescoço rígido. De repente, seu rosto foi segurado pela grande mão dele.

Ao acariciar os lábios assim, eles não pareciam tão macios e rosados como geleia, nem tão sedutores como uma rosa em pleno florescer. Porém, estranhamente, estes lábios pálidos e descascados despertaram inexplicavelmente o desejo dele.

Os olhos de Rafael se tornaram cada vez mais profundos, e no segundo seguinte, ele a beijou sem cerimônia.

Ele estava completamente absorto na maravilha desse beijo, e depois que terminou, saboreando o momento, nosso Presidente Gomes de repente se lembrou de uma coisa.

- O meu beijo é melhor, ou o do Xavier Henrique, aquele bastardo?

Jane ainda estava atordoada, seu rosto pálido tinha ficado rosado por causa do beijo, e ela ainda não tinha voltado a si quando ouviu Rafael perguntar com um rosto frio como o gelo.

- O quê?

O quê? Rafael franziu a testa:

- Estou te perguntando. O meu beijo é melhor, ou o do Xavier Henrique, aquele bastardo?

Que pergunta estranha era essa?

Vendo que Jane não respondia, ele ficou irritado.

Ela realmente precisava pensar tanto tempo sobre essa questão?

Será que o beijo de Xavier era tão incrível? Deixou-a com lembranças tão duradouras?

A raiva de Rafael veio rápido, e Jane nem sequer teve tempo de entender o que estava acontecendo. Ela apenas conseguiu soltar um gemido antes de ser pressionada ferozmente na cama. No segundo seguinte, a cabeça escura de Rafael se inclinou e seus lábios quentes se encontraram novamente em um beijo apaixonado e intenso.

- Não é isso! – exclamou Bruno, agarrando Rafael, que estava prestes a voltar para o quarto. - Rafael, você não está apaixonado por ela, está?

Suas palavras foram como um estalo na cabeça de Rafael! Bruno conseguiu impedir que ele partisse. O homem virou-se lentamente, olhando perigosamente para Bruno e perguntou:

- Quem você está falando? Quem é ela?

- Jane Pereira, ora. Quem mais poderia...?

Bruno sentiu um arrepio percorrer sua espinha sob o olhar de Rafael.

“Parça, meu querido irmão, pare de me atacar com esses raios infravermelhos, por favor?”

Ele apenas fez uma suposição razoável, não precisava de tanta tensão!

Quando Rafael entrou novamente no quarto, uma camada de gelo o envolvia, como se fosse um depósito móvel de gelo. Ele lançou um olhar frio e indiferente para Jane e disse com voz fria:

- Coma, a comida na cabeceira foi comprada especialmente por Bruno a meu pedido.

Jane olhou para Rafael boquiaberta, mas apenas ela sabia que, em seu coração, um canto empoeirado e esquecido estava lentamente abrindo suas portas há muito silenciadas.

- Afinal, você é uma mulher que vende seu sorriso. Já que é assim, eu te beijei, então é claro que devo te dar alguns benefícios. - dizendo isso, ele tirou sua carteira, pegou um maço de dinheiro e jogou sem se importar na cama de Jane. - Aqui está, a compensação da empresa pelo seu tratamento no hospital. Se não for suficiente, fale com a Cristina.

Com um baque, a porta trancada que acabara de se abrir um pouco se fechou pesadamente novamente.

- Cuide bem da sua saúde e recupere-se para que possa continuar ganhando dinheiro para mim.

Rafael saiu do quarto com um ar despreocupado e elegante, enquanto Jane na cama estava pálida como um cadáver. Ela pensou que ele tinha algum sentimento por ela, e foi por isso que a beijou. Ela pensou que talvez isso fosse um sinal...

Ela estava errada!

Este homem a odiava, como sempre odiou. Ele só queria torturá-la e humilhá-la. Ele nunca a amaria.

Sim, ela foi tola novamente.