Chamas da Paixão romance Capítulo 246

Na reunião da mesa redonda, as expressões das pessoas eram um tanto peculiares.

A aparência de Rafael permaneceu inalterada.

Mas, mesmo ele se esforçando para esconder, as pessoas perceberam sua palidez.

Alguns olhares revelaram uma compreensão subentendida, para Rafael, esses dez dias também foram árduos.

Sim, nestes dez dias, tudo virou de cabeça para baixo.

Internamente, a crise do Grupo Gomes.

Externamente, o abandono da esposa, a perseguição da inocente filha da família Pereira.

Ele, Rafael, o homem que uma vez foi visto como um deus, foi derrubado de seu pedestal.

Sandro finalmente falou:

- Eu vou te perguntar uma última vez.

Antes que Sandro pudesse completar a pergunta.

- Não pergunte.

A voz suave do homem ao seu lado respondeu com firmeza:

- Eu sei o que você quer me perguntar.

Um par de olhos escuros, escorregando sem preocupação sobre os olhos de Sandro, ligeiramente irritados:

- Minha resposta, como sempre, será a mesma.

Como sempre!

Ele disse como sempre!

Sandro apertou os dentes com força!

Ele olhava furioso para o neto ao seu lado.

A bengala em sua mão batia fortemente no chão, e ele começou a rir com raiva:

- Muito bem! Então deixe-o continuar "como sempre"!

Chamou todos os presentes:

- A razão pela qual convocamos esta reunião geral de acionistas do Grupo Gomes, vocês todos sabem bem, não vou perder tempo com isso.

Seu dedo velho e enrugado apontou para Rafael:

- Hoje vamos falar sobre meu neto!

Na reunião da mesa redonda, todos suspiraram aliviados, finalmente o ajuste de contas começou.

Sandro acenou e seu velho mordomo veio até ele, passando um envelope de papel de pergaminho, Sandro o colocou sobre a mesa, listando os crimes de Rafael.

- Você desonrou a reputação do Grupo Gomes, você é inumano. Você destruiu a reputação mantida por várias gerações da família Gomes, você é injusto. O Grupo Gomes agora está em crise, você é incapaz. O Grupo Gomes não pode cair nas mãos de um homem tão inumano, injusto e incapaz como você!

Sandro repreendeu:

- Ainda há uma chance de renunciar voluntariamente.

Ele deixou sua posição clara.

Os olhares de todos se concentraram no homem apático, que não disse uma palavra até agora.

Nuno definitivamente não seria tolo o suficiente para chamar atenção para si mesmo neste momento.

Nesta partida, ele apenas se sentaria e observaria a disputa, vendo os olhos dos dois homens, havia uma sensação de prazer indescritível.

Quanto mais dura a luta entre avô e neto, melhor.

O canto de seus olhos notou uma figura furtiva do lado de fora da sala de reuniões, segurando uma câmera. Nuno baixou as pálpebras, mas não alertou ninguém.

Provavelmente, as manchetes de amanhã seriam sobre os segredos da reunião do Grupo Gomes e a disputa entre o avô e o neto da família Gomes.

O olhar de todos ainda estava no homem à frente.

Viram o homem que não tinha feito nada até agora estalar os dedos, e um assistente forte atrás dele trouxe um envelope de documentos de pergaminho.

Seus olhos inexpressivos passaram por cada rosto na mesa da conferência, antes de falar indiferentemente:

- O tempo de todos é valioso, por que perder falando bobagens? Já que é uma assembleia geral de acionistas, é sobre a renúncia e nomeação do principal responsável do Grupo Gomes.

Ele apoiou o queixo nas mãos, olhando para a frente, dizendo sem emoção:

- Eu proponho, decidamos diretamente por votação.

Sandro riu por causa do absurdo!

Chegou a este ponto:

- Decidir por votação?

Ele riu friamente:

- Certo.

Ele sabia sobre a arrogância de seu neto, mas não sabia que seu neto também tinha essa falha de confiança cega.

Já que ambos concordaram em decidir por votação.

Ninguém mais ousaria objetar nesse ponto crítico.

Como esperado, após uma rodada de votação, Rafael estava em desvantagem.

O sorriso nos lábios de Nuno tornou-se mais evidente, e seu olhar sobre Rafael tornou-se mais sarcástico.

- A votação que você queria.

Disse Sandro:

- Há algo mais que você queira dizer agora?

Durante os três anos de expansão de Rafael, ele não consolidou adequadamente os novos territórios adquiridos a tempo, e além disso, Sandro estava constantemente conspirando às escondidas. A participação majoritária que Rafael originalmente tinha, agora havia sido diluída para apenas dois terços nesses três anos.

Tendo em conta o número de ações dos outros acionistas, a soma de todos já representava a maioria.

Na reunião de mesa redonda, depois de anunciar a distribuição final das ações, muitos pareciam aliviados. Temiam o ditado "a cobra não morreu e o mal retornou".

Assim que os resultados foram anunciados, muitos olhos zombeteiros se voltaram para o homem que outrora estava acima de tudo. Ele, antes inatingível, muito nobre para ser mencionado, agora aparecia aos olhos deles cada vez mais pálido.

- Já que os resultados da votação saíram, então, Rafael, peço que se afaste do cargo de CEO do Grupo Gomes.

Depois do anúncio do resultado, alguém, exaltado, se levantou e berrou em direção a Rafael:

- Por favor, recolha seus pertences pessoais e deixe a empresa imediatamente. Por favor, colabore, caso contrário, a segurança do Grupo Gomes virá "convidar" o Sr. Rafael a se retirar.

- Quem disse isso?

Enquanto a emoção da "vitória" enchia a sala de reuniões, uma voz subitamente irrompeu:

- Eu ainda não votei.

Quando essa voz soou, Sandro, Nuno, e todos os outros na sala se viraram abruptamente para olhar para a pessoa que falava.

- Fabio? O que você está tramando!

Fabio, com um sorriso afável, se levantou e caminhou até atrás de Rafael:

Na sala de reuniões, a multidão começou a se dispersar.

Michel chamou, Rafael ainda sentado na cadeira, sem se mover:

- Chefe, todo mundo se foi.

Mas o homem sentado parecia não ter ouvido.

- Michel, você vai primeiro. - Ele ordenou calmamente.

Todos achavam que Rafael era cruel e injusto, mas ninguém viu a mão de Rafael em seu joelho, tremendo levemente.

Ele também não explicou ao velho mordomo, apenas no momento em que estava prestes a se levantar para levar Sandro ao hospital, de repente tudo ficou escuro diante de seus olhos.

O toque do telefone tocou a tempo.

Pegou e atendeu.

No outro lado da linha, Bruno perguntou:

- Terminou?

Neste lado, o homem disse indiferentemente:

- Sim.

- O que você planeja fazer a seguir?

Os problemas do Grupo Gomes não terminarão simplesmente com essa reunião de acionistas, convertendo a derrota em vitória.

Havia muito a ser tratado.

As ações do Grupo Gomes ainda estão caindo drasticamente.

O nome de Rafael ainda era muito falado.

Tudo isso precisava ser resolvido por um líder de grupo inteligente e capaz.

- Dormir.

- Dormir.

Bruno respondeu sem pensar, e no momento seguinte, de repente sentiu algo errado:

- O que você disse? Dormir? Agora?

- Sim, dormir, eu preciso descansar.

Neste lado do telefone, o rosto do homem era incrivelmente frio e determinado:

- Estou muito cansado, tenho que descansar.

Ouvindo isso, Bruno riu suavemente:

- É raro, Rafael também tem momentos de admitir a derrota e se cansar.

- Sim, estou muito cansado.

Neste momento, seus olhos já haviam recuperado seu brilho: "Não posso resistir ao envelhecimento. Se eu ficar muito cansado, meu corpo ficará exausto. Desta vez, foi uma cegueira temporária de um minuto, e a próxima vez?"

Ele só sabia que, se seu corpo caísse antes de sua "saudade", ele nunca mais poderia ficar ao lado daquela mulher.

Ele ainda queria, ao pôr do sol, pentear os cabelos brancos para ela.

Bruno ouviu-o dizer isso seriamente, e uma risada ressoou em seu peito:

- Ok, você descansa, eu cuido do resto.