Chamas da Paixão romance Capítulo 295

O taco do homem gordo jamais tocou o corpo de Jane. Ao invés disso, caiu com força em uma robusta e larga costas. O homem gordo tremeu de medo, e o líder dos arruaceiros ficou chocado, olhando para o homem que pareceu surgir do nada. Havia sido arremessado a um canto por uma força avassaladora, mas em vez de considerar como tinha acontecido, ele só podia olhar, estupefato, para o homem que surgira de repente:

- Você, você, quem é você? De onde veio esse homem?

Enquanto pensava, percebeu de súbito que o assunto mais importante ainda estava pendente. Ele resmungou friamente:

- Gordo, bata nele!

- Mas...

- Não me venha com "mas". Depois que terminarmos, nós sairemos desta cidade para sempre.

- Mas e se esse homem...

- Não há "se", pense em todo o dinheiro, é o suficiente para nós vivermos a vida inteira. Depois deste trabalho, podemos relaxar pelo resto de nossas vidas.

O gordo, assustado pelo homem que apareceu repentinamente, hesitou. O líder, vendo a hesitação, gritou furiosamente:

- Não é como se estivéssemos cometendo um assassinato, do que você tem medo? Mesmo se formos pegos, é apenas uma acusação de agressão. Passamos alguns anos na prisão, depois saímos, limpos, com muito dinheiro. Podemos ir a qualquer lugar.

- Ah...

O gordo foi confundido pelo homem que apareceu de repente, e perdeu sua convicção com as palavras do líder. Atrás do gordo, um homem grande e musculoso, empurrou o gordo rudemente:

- Ah o quê? Seu gordo inútil, se você não vai agir, eu vou!

Com um bastão de baseball em mãos, ele avançou violentamente.

- Veja, é assim que se faz, seu gordo idiota. Desde o início, foi combinado que quem desferisse os golpes receberia uma parte extra do dinheiro. Nós até deixamos esta tarefa fácil para você, para que pudesse conseguir uma esposa. Já que você é tão hesitante, saia do caminho, eu ficarei com essa parte extra do dinheiro.

Com um golpe, ele bateu.

Jane ouviu um gemido surdo. Levantando a cabeça, no escuro da noite, alguém a segurava, alguém a envolvia em segurança. Aquele gemido de dor soou em seu ouvido, e de repente ela se viu de volta à prisão, onde uma garota uma vez a protegeu.

Como a Mathy daquela época.

- Mathy.

Seus olhos se umedeceram involuntariamente, um ardor amargo se espalhou.

- Mathy...

Só então ela percebeu o quanto sentia falta de alguém chamada "Mathy". Tanto tempo que ela não se atrevia a admitir, apenas lamentando através de uma placa memorial. E sentindo-se culpada.

- Jane, não tenha medo. - A voz profunda de um homem soou em seus ouvidos.

Jane estremeceu e despertou, olhando para o rosto do homem que a segurava, um rosto que nunca esqueceria, mesmo que virasse cinzas.

O líder percebeu algo:

- Srta. Jane, vocês se conhecem? Quem é ele?

Jane respondeu friamente:

- Nós não nos conhecemos. Vocês não foram pagos para fazer o trabalho sujo de alguém? Vocês não querem apenas uma das minhas mãos? Soltem essa pessoa inocente, e eu mesma cuidarei de me ferir. Isso facilitará o trabalho de vocês, e eu não terei de dever um favor a ninguém.

O líder riu:

- Você acha que eu sou burro? Não se conhecem? Quem você está tentando enganar?

“Não se conhecem, e ainda assim, ele a chama pelo nome?”

- Vai falar ou não?

O líder chamou o homem grande:

- Esqueça esse homem, de qualquer forma, vamos sair da Cidade S hoje à noite e nunca mais voltaremos. Termine com ela logo, quebre um dos braços dela.

O grandalhão realmente era cruel, chutando diretamente em direção a Rafael:

- Não é da sua conta, afaste-se.

Se ele estivesse sóbrio, como permitiria tal baixeza?

Se ele estivesse sóbrio, teria usado meios fortes para subjugar esses pequenos valentões.

O som dos bastões batendo em suas costas, uma dor estranha e amarga surgiu em seu coração.

Diante dela, seus braços, ela olhou para cima, e viu seu rosto coberto de suor, as sobrancelhas franzidas de dor, e uma mão grande de repente cobrindo a parte de trás de sua cabeça, puxando-a de volta para seus braços:

- Jane, aguente só um pouco mais, não tenha medo, Rafael protegerá Jane.

A respiração de Jane falhou, e uma acidez, por muito tempo perdida, gradualmente preencheu seu coração. "Aguente um pouco"?

O que ela estava aguentando?

Ele disse que vai “protegê-la.”

Rafael, sempre orgulhoso como um lobo, dominador como um tigre, um homem extremamente rígido, um homem assim, dizendo que protegeria uma mulher, certamente poderia fazê-lo com meios brutais, mantendo-a em um porto seguro.

Mas o homem que dizia querer protegê-la agora, sua mente ainda era a de uma criança, ele não tinha os meios brutais do Rafael forte, o que ele poderia usar para protegê-la?

Em seus braços, com os olhos bem abertos, o que ele usava para protegê-la?

Suas costas estavam levando a surra por ela.

Esse homem, com seu único corpo, a protegia, sem deixar que ela sofresse o menor dano.

Em seus braços, com os olhos abertos, recusando-se a fechar, seus olhos cheios de lágrimas.

Ela não sabia por que estava chorando, os ouvidos cheios de seus gemidos abafados de dor.

O Rafael do passado teria derrubado alguém tentando ameaçá-lo, com um único golpe, mas o Rafael de agora, usaria os ombros, as costas, ele mesmo, para bloquear qualquer dano a ela.

Jane sentiu uma acidez no nariz.