Ciclo de Rancor romance Capítulo 186

Todo o episódio da tentativa de suicídio estava relacionado com Ophelia. Mas, Brendan sabia há muito tempo o quanto a mãe era importante para Deirdre.

Mesmo tendo deficiência intelectual e morando em péssimas condições, Ophelia carregou o pesado fardo de criar Deirdre sozinha. Para ganhar a vida, a mulher teve que trabalhar em jornadas pesadas e suportar todo tipo de preconceito, tanto por causa de sua condição quanto por ser mãe solteira. Certa vez, mesmo no auge de sua paixão, Deirdre sussurrou para ele:

― Você é a segunda pessoa mais importante da minha vida. ―

Ele estava agitado na época e a divertiu perguntando com uma cara fria:

― Quem é a pessoa mais importante, então? ―

― Minha mãe, oras! ― Seu rostinho ficou escarlate porque ela interpretou mal a reação dele como ciúme. Então, se explicou, em pânico: ― Não entenda mal. ―

― O que há para eu entender mal? ―

Deirdre riu, antes de responder:

― Ela passou por muitas dificuldades por mim, então eu morreria de bom grado por ela, se isso significasse que ela viveria para ver outro dia. ―

Na época, Deirdre assumia que era a garota mais feliz do mundo, pois, depois de se casar com Brendan, viveu uma vida perfeitamente satisfatória, mas ainda assim, teria morrido apenas para que Ophelia pudesse viver mais um dia. Era evidente que Ophelia era mais importante para ela do que sua própria felicidade. Portanto, seria devastador para ela descobrir sobre a morte da mãe.

Brendan se sentiu sufocado pelo peso em seu peito. Alguém poderia descrevê-lo como um covarde ou um homem vil, mas ele precisava manter essa mentira viva independentemente de qualquer coisa. No entanto, ele não conseguia pensar em uma desculpa para continuar assim por duas semanas.

Brendan estava exausto da longa viagem, além do medo persistente de ver Deirdre à beira da morte. Ele se deitou imediatamente e abraçou a jovem, antes de fechar os olhos e descansar.

Ele não esperava que só iria acordar no dia seguinte. Brendan olhou para a mulher em seus braços instintivamente e a encontrou encostada em seu peito, com o cabelo bagunçado. Seu rosto não estava mais pálido, mas suas bochechas estavam coradas com um rubor febril. Sua respiração era superficial e ela agarrava às roupas inquietamente, em seu sono.

Brendan ficou atordoado por um momento ao testemunhar a cena. Ele podia contar nos dedos o número de vezes em que acordaram juntos na mesma cama, durante os últimos dois anos, mas esse sentimento realmente despertou nele uma sensação de familiaridade e sentimentalismo.

Um momento depois, Deirdre abriu os olhos confusa. Depois de sentir o homem ao seu lado, ela disse em tom ansioso, sem pensar duas vezes:

― Quem está aí? ―

O rosto de Brendan ficou frio instantaneamente.

Ele puxou os braços para trás, jogou o cobertor sobre o corpo de Deirdre e pegou suas roupas, dizendo em um tom frio e zombeteiro:

― Quem mais gostaria de se deitar na mesma cama com você? ―

Deirdre ficou atordoada por um momento. Brendan vestiu o terno e olhou para o rosto da jovem com um olhar frio. Ele disse com os dentes cerrados:

― Você acha que é capaz de seguir em frente? Tudo bem que você desejou morrer e chegou até mesmo a pular. Se Sam não tivesse agarrado você a tempo, você estaria em um necrotério agora e Ophelia estaria de luto pela morte de sua filha! ―

― Sinto muito... ― Os cílios de Deirdre tremeram e ela manteve a cabeça baixa. ― Fui muito impulsiva. ―

― Impulsiva? ― Como ela pode resumir todo aquele ato em apenas uma palavra? ― Brendan deu alguns passos à frente e agarrou a gola da blusa dela. ― Eu gostaria de poder sufocá-la até a morte, para que eu pudesse acabar com isso de uma vez por todas ―

Ele estava furioso, e talvez fosse exatamente por isso que não colocou a mão na garganta dela. Ele estava preocupado que ele pudesse acidentalmente estrangulá-la.

Deirdre percebeu que era ela a culpada, então não teve coragem de responder. Ela esfregou o tecido da gola e afastou a mão de Brendan, mas manteve entre as suas, com gentileza. Então, disse cautelosamente:

― Não me engane, Brendan... ―

― O quê? ― Brendan ficou atordoado, por um momento.

― Ela ainda está viva... Ela tem que estar... ― Deirdre murmurou para si mesma. A mulher a quem ela se referia era a mãe.

Brendan ficou agitado e afastou a mão de Deirdre:

― Eu já te mostrei um áudio da sua mãe. Você pode escolher se acredita em mim ou não. Você pode se matar agora e ninguém vai te impedir. No entanto, estou lhe dizendo que enviarei todos os outros com quem você se importa, logo depois de você, se tiver coragem de se matar! ―

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