Ciclo de Rancor romance Capítulo 211

Brendan perguntou, mas não houve resposta de Deirdre. Mesmo que a jovem fingisse, o homem percebia que ela ainda estava acordada, então se inclinou, ficando bem próximo do ouvido dela e sussurrou:

― Foi minha culpa desapontá-la. Eu arruinei sua vida e tudo nela. Se eu pudesse fazer tudo de novo, gostaria de ficar com a criança e pedir para você ficar. No entanto, não posso voltar no tempo, então, por favor, me dê uma chance de expiar meus erros. Se você ainda quiser ir embora depois de se reencontrar com Ophelia, lhe darei a liberdade de fazê-lo. ―

Ao dizer isso, colocou uma coberta sobre Deirdre, passou a mão nos cabelos sedosos da jovem e saiu do quarto.

Deirdre abriu os olhos, sentindo seus batimentos cardíacos tão violentos, que ela era capaz de ouvir.

Na manhã seguinte, Brendan recebeu algumas informações da empresa.

Um dos projetos de desenvolvimento do turismo enfrentava alguns problemas e Brendan era necessário que se encontrasse com os sócios e parceiros, com urgência. A viagem duraria, no mínimo, cinco dias. Mas, Brendan estava bem ciente de que o coração de Deirdre estava vacilando e seria melhor continuar sua busca vitoriosa. Se ele a deixasse esfriar por cinco dias, ela voltaria ao estado de neutralidade e apatia, mais uma vez.

― Eu devo ficar tanto tempo? ―

Surpreso com a pergunta, o assistente ficou aflito:

― O local é muito longe e você vai verificar diferentes áreas por lá, então não dá para encurtar a viagem. ―

― Tudo bem, então. ―

Brendan se trocou, saiu da sala e encontrou Deirdre sentada à mesa de jantar. Mesmo que as mãos do empresário já estivessem curadas, ele ainda esperava que Deirdre o alimentasse. Os dois comeram em silêncio e, apenas quando Brendan terminou seu copo de suco de laranja, disse, com indiferença:

― Venha comigo em uma viagem para Southyarn, partiremos esta noite. ―

Deirdre levantou a cabeça, com uma expressão surpresa e curiosa e Brendan complementou:

― Vou viajar e não sei quando volto. Sei que a viagem durará, no mínimo, cinco dias, e só ficarei à vontade se levar você junto. Além disso, preciso de você com urgência por causa das minhas mãos. ―

Deirdre não podia rejeitar a observação, que tinha um duplo significado, então, sem discutir, assim que saíram da sala de jantar, subiu para o primeiro andar, entrou no quarto e começou a arrumar as malas.

O dia passou sem nenhum imprevisto e, no final da tarde, Sawyer levou os dois para o aeroporto. Eles voaram uma grande distância, em um voo tranquilo e quase sem turbulência e foram apanhados por um funcionário da empresa, assim que desceram do avião.

― Olá, olá, senhor Brighthall! Preparamos o quarto do hotel. Mas, quando chegarmos, você deve se dirigir ao salão de banquetes, imediatamente, para conhecer os parceiros da empreitada. ―

Brendan assentiu. A pessoa responsável olhou para Deirdre e parou por um momento:

― Esta mulher é sua assistente ou criada, senhor Brighthall? ―

O corpo de Deirdre enrijeceu e ela se escondeu, inconscientemente, dando um passo para trás do empresário. Brendan franziu as sobrancelhas rapidamente e passou os braços ao redor dela, mantendo um olhar frio e contrariado.

― Esta é a senhora Brighthall. ―

A expressão do funcionário mudou drasticamente e Deirdre também ficou atordoada. Ela ouviu o responsável dar um tapa na testa, às pressas:

― O que há de errado comigo que nem consegui reconhecer a senhora Brighthall! Sinto muito, senhora Brighthall! ―

― Está tudo bem. ― Deirdre abaixou a cabeça, mas tinha problemas para se acostumar com aquele tratamento. Sua verdadeira vontade era de sair correndo.

Foi uma sorte terem chegado logo ao hotel. Assim que entraram no quarto, Brendan tirou a gravata e examinou as costas de Deirdre, com o olhar.

― Você está se sentindo mal hoje? Ou é por causa do que o rapaz disse? Se for, apenas diga e farei com que ele desapareça de Southyarn. ―

― Não, não foi por causa disso. ―

― Não teve a ver com ele? ― Brendan deu um passo à frente, fazendo-a se virar para ele e erguendo o queixo dela com a mão. Então avaliou o pequeno rosto cheio de cicatrizes e disse: ― Você está de mau humor, desde que o encontramos. O que mais poderia ser senão a falta de tato daquele imbecil? ―

Deirdre forçou um sorriso.

― Eu não sou tão infantil, Brendan. Eu não faria barulho com um assunto trivial como esse. É muito normal que as pessoas não me identifiquem como sua esposa. ―

― Você simplesmente não gosta de ser confundida com outra pessoa, então. ― Brendan era muito determinado. ― Então tá, coloque um vestido de gala. Vou levá-la ao salão de banquetes e apresentá-la a todos. Você vai ficar satisfeita com isso, certo? ―

O homem segurou a mão dela com carinho, mas a jovem puxou, em uma reação inesperada.

― Solte-me, por favor! ―

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