Ciclo de Rancor romance Capítulo 299

Os lábios de Brendan estavam pálidos, assim como toda a sua aparência, exceto pelo brilho estranho nas bochechas e no olhar. E, no entanto, cada palavra soava como uma batida em um velho sino.

― Vou encontrá-la mesmo que isso me mate! ―

Ele se levantou e começou a tossir tão forte que parecia quase cuspir os pulmões. Seu corpo cambaleava a cada passo, mas ele cerrou os dentes e marchou em direção à porta da frente e direto para a neve.

― Pare com isso! ― Madame Brighthall gritou, sem fôlego. ― Como você ousa chantagear sua mãe, com sua própria vida? E agora? Você vai ficar do lado de fora na neve, até morrer, a menos que eu revele o paradeiro dela? É assim que você vai ameaçar sua própria mãe?! ―

Um vendaval de inverno varreu a paisagem, levantando um redemoinho caótico de neve na frente de Brendan, enquanto ele estava parado na porta. Emoldurado pelo horizonte branco cortante e pela agitação implacável, suas costas pareciam pequenas e desamparadas.

― Não estou chantageando você, mãe. Só não quero que você se arrependa ainda mais do que eu. ―

― O que isso deveria significar? ―

― Se Deirdre morrer, a jovem que foi sua companheira, por dois anos, também morrerá... E você será a pessoa que a matou. Você não vai se arrepender disso? ―

O rosto de Madame Brighthall empalideceu. Ela olhou para ele com os olhos arregalados, horrorizada.

Charlene ficou ainda mais mortificada.

― B-Bren! O que você está dizendo?! ― Ela entrou em pânico. Brendan estava prestes a revelar o maior segredo entre eles, pelo bem de Deirdre. ‘Como ele poderia? como ele poderia fazer isso?!’

Brendan se voltou para ela com um olhar impassível.

― O que é dela é dela, Charlene. Hora de devolver. ―

O rosto de Charlene ficou pálido.

Madame Brighthall fez uma careta. Ela estava confusa, mas o mais importante, também se sentia ansiosa.

― Brendan Brighthall, o que você está dizendo?! ― ela perguntou, exasperada. ― O que você quer dizer com minha companheira por dois anos? Desde quando conheço Deirdre? ―

― Você realmente não sentiu nada, na primeira vez que a viu desfigurada? Você não achou que ela parecia familiar? ―

― Quem é ela? ―

― Ela era sua nora. ―

Foi a conotação, não o volume ou a enunciação da palavra que atingiu Madame Brighthall bem no peito, com a força de uma marreta. Ela tropeçou para trás andou uns quatro passos, afundando no sofá, enquanto sua mente ficava em branco por um segundo.

Deirdre era a nora? Ela era ‘Charlene’?

Não é de admirar que a jovem parecesse familiar, apesar de sua desfiguração. Mesmo quando Madame Brighthall pensou que ela estava vendo Deirdre pela primeira vez, havia uma sensação incômoda de que ela a conhecia de algum lugar.

Ela tinha, de fato, sido sua companheira por dois anos.

E toda a bondade que Deirdre tinha mostrado, Madame Brighthall tinha retribuído com vitríolo e assassinato de caráter. Ela a chamou de bruxa sádica e a forçou a sair de suas vidas. Até, finalmente, orquestrar um plano para mandá-la embora, transformando-a em um fantasma vivo.

Madame Brighthall sentiu como se seu coração tivesse sido arrancado de seu peito. Tudo fazia sentido. Deirdre não era uma mulher que tinha aparecido do nada. Ela estivera com eles o tempo todo, como a verdadeira esposa de Brendan.