Ciclo de Rancor romance Capítulo 404

Apesar de usar uma máscara que cobria metade do rosto, Freya podia dizer pelos belos olhos de Deirdre e sua pele lisa e brilhante que ela estava olhando para uma beldade deslumbrante e não tinha, de forma alguma como Deirdre McQuenny, a aberração desfigurada, e aquela jovem serem a mesma pessoa.

Arianne também viu. Ela examinou a mulher entre os captadores de linha e perguntou em voz alta:

― Ué... É essa aberração que você mencionou? ―

― Claro que não! ― Freya disparou. Uma onda de choque e raiva tomou conta dela. Ela ficou chocada ao ver Kyran com outra mulher e com raiva por ele ter usado aquela aberração feia para rejeitar seu avanço. Ela sabia disso! A aberração era uma ninguém, desde o início.

Kyran conseguiu pegar dois cachorros quentes e voltou para o lado da jovem. Ele a protegia dos empurrões menos gentis das aglomerações com uma devoção tão doce que Arianne não pôde deixar de comentar:

― Não acredito que estou vendo isso. Kyran Reed, famoso por ser reservado, quieto e antissocial é um cavalheiro doce e carinhoso com uma mulher. Não tem jeito, amiga. Eles estão um com o outro. ―

A inveja disparou no peito de Freya. Um pensamento veio a sua mente, e seus lábios se curvaram em um sorriso.

― Ei, Ari? Se você fosse aquela jovem ali e ouvisse que seu namorado está em um relacionamento com uma aberração digna de um filme de terror, como você se sentiria? ―

― Eu ficaria puta da vida ― Arianne deixou escapar. ― É como dizer que sou tão atraente quanto um pedaço de carne qualquer! ― Então, a amiga parou de falar e se virou lentamente para Freya, dizendo, com cautela: ― Ehhh, você não está realmente pensando... ―

Freya não disse nada. Mordendo o polegar e fez uma careta para o casal, seus olhos amargurados eram tão letais quanto punhais.

Deirdre rapidamente abaixou a máscara para dar uma mordida e sentiu um olhar quente e pesado em suas costas, como se estivesse sendo perseguida. Por isso, se virou com desconforto.

― O que está errado? O cachorro quente não parece bom? ― Kyran perguntou, digitando.

― Não, não. Ele está do jeitinho que eu gosto. ― Foi estranho. Ela nunca havia contado a ele sobre suas preferências alimentares e, mesmo assim, Kyran conseguia comprar apenas as coisas de que ela gostava. Ele até conseguiu o molho certo.

― Na verdade, eu amo isso ― ela acrescentou, rindo. ― Honestamente, às vezes me pergunto se sou um livro aberto quando se trata de comida. Você sempre me dá exatamente o que eu amo, como se estivéssemos juntos desde sempre. ―

O olhar de Kyran suavizou.

― Tudo bem, tudo bem! Você é uma mulher madura que não nasceu ontem, então segure firme. ―

Ele honestamente não acreditava que Deirdre não saberia fazer algo tão básico. Foi, porém, a sensação de ser bem cuidada que aqueceu o coração da jovem.

O carrossel começou a girar e o mundo dançou junto. Foi uma das poucas vezes que Deirdre experimentou algum tipo de emoção, desde que perdeu os olhos. Brendan a havia acompanhado a um parque de diversões antes, mas ela nunca ousava se entregar completamente à diversão, quando ele estava por perto.

Agora, porém, ela abriu os braços e se deixou levar pelo vento e pelos aplausos das pessoas ao seu redor. Se Deus realmente se sentia mal por ela e pela vida que ela levava, então ela desejava que Ele permitisse que esse momento feliz durasse para sempre.

O carrossel parou, mas o desejo de Deirdre não parecia saciado. Seus olhos de corça pareciam brilhar de alegria.

Quando Kyran segurou sua mão, ela agarrou suas costas.

― Então? Eu caí ou não? ―