Ciclo de Rancor romance Capítulo 442

― Por que, Kyran? Por que você acha que eu estou me sentindo assim? ― Amargura tingiu sua última pergunta. Ela estava com raiva. Não de Brendan... Com raiva da incompreensibilidade de suas próprias emoções.

A mão de Kyran desceu por suas costas de maneira carinhosa e sua expressão era serena, quando a voz mecânica disse:

― Você não sente alegria com a morte de ninguém, porque tem um bom coração. Sua felicidade não precisa ser construída sobre a dor de ninguém. ―

― Mas eu deveria estar feliz! Não deveria? ―

― Deveria? ― Kyran ergueu o queixo dela e olhou em seus olhos. ― Você ainda o ama? ―

― Se eu amo quem? ―

― Ele. ―

Ela balançou a cabeça, negativamente, com toda a força. Lágrimas de raiva amarga e dolorosa rolaram de suas bochechas.

― Se eu o amo!? Eu o odeio! Eu o odeio tanto que isso está me esgotando... ―

― Então, você nunca vai perdoá-lo, não importa o que ele faça? ―

Não houve um pingo de hesitação em sua resposta.

― Nunca! ―

Até mesmo Kyran ficou surpreso com a rapidez com que sua resposta surgiu. Por um longo tempo, ele não digitou nada.

O silêncio produziu uma sensação silenciosa de mal-estar nela.

― O-O que há de errado? ―

Ele deu uma risada suave.

― Nada. Eu só estava pensando. Se você tem tanta certeza de sua resposta, então o que mais está incomodando você? ―

Tristeza. De alguma forma, algo sobre sua escolha de palavras implicava tristeza. Deirdre não notou até que refletiu sobre sua resposta.

Ao pensar nessa possibilidade, a postura da jovem ficou mais rígida.

― O que está realmente incomodando você é a força de sua determinação. Você é tão determinada quanto pensa que é? Sua convicção é tão inabalável quanto você imaginou? Ou há um ponto fraco em seu coração, o tempo todo, e essa confusão que você está experimentando agora vem de sua pena? Mas, você se ouviu, não foi? As respostas que você me deu foram indicadores muito bons, certo? Não era pena ou simpatia. Você simplesmente o odeia tanto que o esgotou e fez você não querer mais nada com ele. ―

Aquilo era verdade. Deirdre olhou para o chão. Sabia que a verdadeira fonte de seu mal-estar não tinha nada a ver com o próprio Brendan. Só se sentiu perturbada por ter rejeitado o pedido de ajuda de Madame Brighthall porque se importava mais com a mulher do que com seu filho.

― O-O que é tão engraçado? ―

― Deirdre, meu próprio corpo está me proibindo de fazer qualquer coisa muito extrema ― ele explicou. ― Claro que eu sei que não deveria. Por mais que eu queira. ―

Deirdre cambaleou para trás ao perceber que havia entendido mal as intenções do namorado e, instantaneamente, ela corou.

― Eu tenho que me perguntar, no entanto. Esse foi o seu convite tácito à intimidade? ― ele perguntou. ― Deus... estou tão feliz! ―

Deirdre sentiu um calor no peito, quando o homem a abraçou. Eles se envolveram, desfrutando de seu raro momento de paz e plenitude.

Houve uma comoção do lado de fora. Passos apressados ecoavam pelo corredor, interrompidos apenas pelas vozes abafadas de médicos e enfermeiras. Deirdre não conseguia ver nada, mas seus ouvidos eram bons o suficiente para que ela erguesse a cabeça e olhasse para a porta.

A porta se abriu, revelando Declan, que olhou em choque para o casal abraçado na cama. Então, seu choque se transformou em um sorriso muito, muito sugestivo.

― Caramba, vocês estão vermelhos como pimentões e respirando como maratonistas... eu interrompi alguma coisa proibida? Meu Deus, eu ainda vou acabar ficando traumatizado se ver alguma coisa que não quero! ― ele brincou. ― Talvez eu deva bater na próxima vez que entrar. ―

Aturdida, Deirdre empurrou Kyran para longe dela e sentou-se na cama ao lado dele. Enquanto isso, Kyran olhou um pouco para seu amigo.

― O que está acontecendo lá fora? ― Deirdre perguntou, em uma tentativa de mudar de assunto. ― Que movimentação toda foi essa? ―