O policial queria fazer mais perguntas, mas Kyran interveio:
― Desculpe, mas acho que vamos ter que parar por aqui. Ela ainda não se recuperou completamente da queda do penhasco. Juntamente com o incidente do sequestro, é natural que o trauma esteja afetando a recuperação total das memórias ― disse o empresário. ― Assim que ela tiver algum tempo para processar tudo, poderá lembrar de algo mais preciso. Voltaremos e daremos novas informações, quando isso acontecer. ―
Embora o policial tenha acreditado que aquela era uma resolução bastante decepcionante, acatou a explicação de Kyran e, assentindo, disse:
― Estamos contando com você, senhorita McQuenny. Entre em contato conosco, assim que lembrar de mais alguma coisa. ―
Os policiais apertaram as mãos de Deirdre e de Kyran e, o casal saiu, enquanto a jovem tinha uma sensação de gelo no estômago. Ela se perguntou quanto tempo deveria esconder o que sabia sobre Charlene. Estava fazendo o certo, escondendo informações valiosas? Era certo aceitar a injustiça sem levantar nenhum alarme ou se opor a ela para que pudesse se mudar para Germia com Kyran e começar tudo de novo? Por que Charlene McKinney deveria escapar ilesa, depois de todas as injustiças e crueldades que cometeu?
Ela refletiu sobre seus pensamentos em silêncio, enquanto Kyran segurava a ponta dos dedos dela, sua mão emitindo um pouco de calor para as mãos frias de Deirdre. Sabendo que havia algo muito importante acontecendo na mente da jovem, o empresário perguntou, assim que ficaram sozinhos:
― Você está bem? ―
Ela mostrou os dentes, em um sorriso amarelo:
― Ehhh... eu estou bem. É que lembrar do sequestro e da queda meio que me deixa um pouco deprimida. ―
O empresário a confortou com uma voz tranquila:
― Você não precisa esconder nada de mim, Deirdre. Eu sei que é sobre outra coisa. ―
A jovem congelou quando um caroço se formou em sua garganta. Ele a conhecia tão bem... Ou melhor, ele se importava muito com ela.
Kyran a levou para dentro do carro, antes que ela pudesse ser atormentada pelo inverno implacável, então ligou o motor e fingiu indiferença, decidindo não estressar Deirdre.
― Sobre o sequestro... Acho que você sabe quem planejou a coisa toda, mas não quis dizer, por algum motivo. Algo está obrigando você a ficar quieta? O culpado é alguém que você conheceu, ou... ―
Deirdre não esperava que Kyran visse sua mente e deu uma risada melancólica.
― Está bem... Você tem razão. Eu sei quem foi que me sequestrou... ―
Kyran franziu a testa.
― Então por que não dizer nada a polícia? Por que proteger o mal? Quem quer tenha sido merece receber punição. A justiça tem que ser feita. Se houver misericórdia, ela tem que ser decidida em um tribunal. ―
Deirdre baixou os olhos. Naturalmente, sabia de tudo aquilo e até concordava. Gostaria de poder colocar a bunda de Charlene na máquina da justiça e vê-la sofrer as consequências de cada ato cometido. O problema era...
Ela deu um suspiro profundo.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Ciclo de Rancor
Cadê o restante?...
😣...
Terá mais capítulos?...
Gostaria de ler o restante do livro...