Por um momento, Deirdre até pensou que estava tocando um bloco de gelo e isso a fez perceber o que poderia ter acontecido. Alarmada, tentou sacudir Brendan para acordar o homem, enquanto falava, quase gritando:
― Brendan Brighthall, acorde! Agora! ―
Ele respondeu com um gemido doloroso e a jovem tocou seu rosto. Estava febril. Não, era mais que isso. O homem ardia em febre e já estava semiconsciente. Se ela o largasse ali, o pior poderia muito bem acontecer.
Deirdre sentiu como se sua mente estivesse em branco. Levou um esforço para sair do pânico e tatear o caminho para fora do cômodo. Ela finalmente sentiu a porta de seu vizinho e a abriu.
Um estranho abriu e murmurou algo, com notável aborrecimento.
― Me desculpa! Não quero incomodar, mas sou cega e preciso de sua ajuda. Meu amigo está com uma febre terrível. Você pode me ajudar a ligar para a recepção, para que eles enviem um funcionário para o nosso quarto? ―
Poucas pessoas poderiam se recusar a ajudar uma pessoa em necessidade, especialmente em algo tão urgente quanto aquilo. Por isso, o estranho ligou para a recepção e, sem mais delongas, confortou Deirdre.
― Não precisa ficar nervosa, tá? É fácil ficar com febre em um clima como este. Seu amigo vai ficar bem. ―
Após um exame grosseiro, a enfermeira do hotel veio e confirmou que Brendan estava com febre. Infelizmente, havia pouco que eles pudessem fazer, dadas as circunstâncias.
― A chuva ainda está caindo lá fora, senhorita, e o hospital mais próximo não fica nem perto. Se o levarmos para lá agora pode piorar a condição dele. Minha sugestão? Vamos dar a ele um remédio para baixar a febre e aumentar o ar-condicionado. Você terá que vigiá-lo até de manhã, quando a chuva deve parar. Em seguida, enviaremos seu amigo para o hospital, logo de cara. Parece bom? ―
Deirdre só pôde assentir.
― Muito obrigada. ―
A enfermeira sorriu e se levantou:
― Só estou fazendo minha parte, senhorita. Vou pedir que uma camareira traga remédio, você precisa de mais alguma coisa? ―
Deirdre dispensou a mulher e aguardou até que a camareira trouxesse a medicação e um copo de água. Deirdre os recebeu e colocou sobre a mesa. Um momento de hesitação depois, começou a despir Brendan. Ela podia ser cega demais para ver qualquer coisa, mas podia sentir, inclusive as partes íntimas dele. Ela podia sentir tudo.
Todo o processo a fez suar, lembrando-a consternada de que seu banho havia sido em vão. Ela não estava com vontade de tomar banho novamente, então se sentou ao lado da cama e ouviu o som da chuva lá fora. Tudo aquilo parecia um sonho acordada. Era como se estivesse de volta ao tempo em que cuidava de Kyran.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Ciclo de Rancor
Cadê o restante?...
😣...
Terá mais capítulos?...
Gostaria de ler o restante do livro...