Ciclo de Rancor romance Capítulo 608

A sala também estava estranhamente fria. Alguém havia aberto a janela, ou o fedor teria sido ainda mais forte. Deirdre ficou em silêncio um pouco antes de perguntar:

― Você estava fumando? ―

― Sim. ― Brendan tossiu e limpou a garganta. Uma vez que sua voz recuperou a clareza, ele ordenou: ― As roupas estão na sua cama. Vista-se, está na hora. Devemos ir. ―

Daquela vez, não havia nenhuma maquiadora com eles. Depois de trocar de roupa, Deirdre soltou o cabelo, que caiu sobre os ombros e, antes de sair, a jovem colocou um pouco de batom nos lábios, para parecer um pouco mais viva.

Brendan a encarou.

― Você passou batom? ―

― Sim. ― Ela colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha e desviou o olhar dele. ― Não consigo ver minha maquiagem, mas não sei mais o que fazer. Por que? Algo errado? ―

― Está tudo errado ― ele respondeu bruscamente. Dando um passo à frente, ele pressionou o dedo em seus lábios macios e enxugou seu esforço. ― Você fez um péssimo trabalho. ―

Deirdre não ficou nem um pouco ofendida e até sentiu vontade de rir.

― Desculpe. Eu estava literalmente fazendo sem ver nada. ―

Brendan respirou fundo, pegou um lenço umedecido, tirou os vestígios da maquiagem anterior do rosto de Deirdre e pediu:

― Me dê seu batom. ―

A jovem entregou para o homem que começou a trabalhar. Ele segurou seu queixo e o ergueu mais alto antes de roçar seus lábios com a ponta do batom. Rapidamente, ele trabalhou com a precisão de um cirurgião até que um gradiente de vermelho se materializou.

A intensidade em seu olhar estava começando a causar arrepios na espinha de Deirdre e foi só quando o telefone dele tocou que ela teve a abertura para se mover, optando por lançar seus olhos cegos para o chão freneticamente.

― Você terminou? ―

Brandan respondeu, sem se voltar para ela, enquanto saia do quarto:

― Sim. Vamos. ―

A ligação era de Wynne, que esperava por eles no andar de baixo. Vendo Brendan e Deirdre, ele se adiantou ansiosamente e os cumprimentou.

― Senhor Brigthall! Senhorita McQuenny! Sou a assistente do senhor Cillian King, Wynne. O tempo está muito frio para ficar aqui fora por muito tempo. Por favor, entrem. ―

Brendan ajudou Deirdre a entrar no carro e sentou-se. Wynne ligou o motor e acrescentou:

― Desculpe por deixar vocês dois esperando. O trânsito está péssimo hoje. ―

― Você está esperando aqui fora há um tempo, não é? Você não está com frio? ―

Laura sorriu.

― Ah, não demorou tanto! ―

Para as mãos estarem geladas daquele jeito, deveriam ter se passado, pelo menos, dez minutos. Cillian havia deixado sua esposa no frio enquanto ele próprio desfrutava do calor de sua morada. A insensibilidade de tudo aquilo pressionou contra o peito de Deirdre e alimentou um pequeno fogo nela. Brendan não teria feito algo assim, mesmo no passado.

Os três caminharam lado a lado enquanto se dirigiam para a entrada. Brendan não pôde deixar de notar um trecho estéril no lado direito da fonte, que se chocava com a área ao redor.

― Alguma coisa foi plantada lá? ―

Laura congelou. Ela se virou para ver se Wynne os seguia e, quando notou que não, respondeu:

― Costumava ser um roseiral. ―

Brendan ficou em silêncio. Foi Deirdre quem continuou a conversa por curiosidade:

― O que aconteceu com as rosas? ―